Tive a oportunidade de experimentar 112 Operator, desenvolvido pela Jujutsu Games e publicado pela Ultimate Games. A palavra que destacaria como forma de resumir a minha experiência é a seguinte: imersão.
(Análise escrita pelo Gonçalo Leite.)
Em 112 Operator, como o nome indica, o jogador é colocado numa situação que a grandemaioria das pessoas descreveria como caótica e desconfortável – estar num dos centros de emergência e desempenhar a função de alocar unidades dos sistemas médico, policial e de
incêndio perante relatórios de perigo, assim como atender chamadas de emergência.
Enquanto simulador, o jogo cumpre o seu objetivo de forma exímia. É-nos apresentado ummapa da localidade que nos foi atribuída (mapa esse que se vai expandindo à medida que o tempo avança e que desempenhamos a nossa função com sucesso), sendo que é através desse espaço visual que temos a oportunidade de resolver problemas estrategicamente, inevitavelmente contabilizando nuances como o tráfego, a possível necessidade de reabastecimento por parte dos bombeiros, ou até o clima! A gameplay é consideravelmente livre. Através da movimentação de unidades, da contratação de profissionais (e adjacente gestão dos mesmos), da compra de veículos, dos diálogos nas chamadas e da possibilidade de ignorar determinadas situações que nos são apresentadas, 112 Operator incentiva imenso a tomada de decisão por parte de quem o joga. Considerando que à função de operador já é inerente uma certa responsabilidade, esta noção de liberdade contribui para a ambientação.
Por falar em ambientação, é inegável que a imersão inicialmente referida é reforçada pelos aspetos sonoros. A título de exemplo, para além de analisarmos o conteúdo que nos chega por parte de um cidadão através de uma chamada, uma atenção particular no ruído captado pelo seu telemóvel pode ser determinante para sabermos como atuar perante a situação. Será que ele está a mentir? Estará enganado? Poderá esta pessoa estar a avaliar de forma errónea a situação em que se encontra? Estas foram algumas das questões que me surgiram ao passar pelas chamadas diretas ao operador, momento este que consideraria o meu favorito de todo o jogo!

O tempo entre o final e início de cada dia de trabalho também foi uma ocasião de que desfrutei. É nessa circunstância que são disponibilizados objetivos estimulantes, assim como estatísticas relevantes acerca de cada incidente em que nos envolvemos, direta ou indiretamente. Insiro neste espaço uma das minhas principais críticas ao jogo: a falta de desenvolvimento de incidentes relevantes. Gostaria verdadeiramente de verificar uma descrição mais detalhada em determinados casos que suscitam a curiosidade do jogador – uma espécie de desfecho de alguns casos em que o operador teve influência destacável. Infelizmente, em muitos casos que se enquadram na descrição referida, apenas sabemos que determinada pessoa foi questionada ou deslocada até ao hospital. Vale também a pena referir a existência de uma pequena história subjacente, que progride à medida que os dias passam. Honestamente, não a considerei um aspeto tão relevante quanto podia ter sido, embora acabe por fomentar uma melhor relação de quem joga para com os menus, tornando-se crucial a consulta e leitura dos emails recebidos no final de cada dia de trabalho. Ah, e claro, proporciona mais interesse e curiosidade.
Tenho ainda que confessar algo. Navegar com o cursor claramente pensado para um jogo de computador foi um inferno, tendo em conta o facto de estar a jogar com o comando da minha Playstation 5. Por vezes, é praticamente impossível discernir se estou a selecionar um incidente de prioridade imediata, ou se estou a redirecionar todas as minhas unidades para um outro incidente pouco relevante – tudo isto porque os incidentes referidos estavam localizados de forma muito próxima.
Para terminar, embora pessoalmente não o tenha sentido, destacaria também a possibilidade de existência de alguma exaustão devido à repetição da estrutura de um dia de trabalho. Passado algum tempo, e com a lenta e subtil progressão da história, é possível que alguns jogadores se cansem de resolver crimes não muito diferentes entre si, inseridos em dias também pouco diferenciados. Dito isto, penso que o jogo beneficiaria de um pouco mais de diversidade, ainda que, no meu caso, o caos e a responsabilidade de imersão tivessem subjugado alguns sentimentos mais disfóricos.
Agradecemos à Ultimate Games por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PS5.