Estás pronto para partir para uma aventura? Podemos explorar grutas escuras com uma vela na mão, percorrer planetas desconhecidos, com o perigo a espreitar em cada canto, ou até mesmo voar pelos céus. Parece-te bem? Então vem comigo nesta viagem, pois é como um certo sábio disse uma vez: “É demasiado perigoso ir sozinho…”
9. The Legend of Zelda – NES (1986)
[irp]
Lutadores: Link, Zelda e Ganondorf (como Ganon)
Se há alguma franquia da Nintendo que chega aos calcanhares de Mario é o Legend of Zelda. O que não é de admirar visto que o primeiro Zelda e o Super Mario Bros. tiveram em produção ao mesmo tempo. Ideias que faziam mais sentido numa jogabilidade mais linear iam para o Mario, outras que serviam melhor para um videojogo mais aberto iam para outro. Tudo para criar uma aventura que captura bem a vontade de explorar locais desconhecidos que tínhamos em criança, segundo Shigeru Miyamoto, um dos criadores da série.
Ganon, o príncipe das trevas, invadiu o reino de Hyrule e adquiriu a Triforce of Power, um artefacto divino com a capacidade de conceder uma enorme quantidade de poder. Para o mesmo não acontecer à Triforce of Wisdom, a Princesa Zelda partiu-a em vários fragmentos antes de ter sido capturada pelo malvado “suíno”. Com isto, o herói Link, tem de recuperar as duas Triforce, derrotar Ganon e libertar Zelda.
O videojogo passa-se na região de Death Mountain, um local que é normalmente representado no norte de Hyrule. Link começa a aventura na base da montanha, apenas com escudo da mão. Num mapa aberto, onde podes ir onde quiseres, o jogador tem que encontrar passagens secretas, resolver as pistas crípticas que lhe são dadas e passar as várias masmorras espalhadas pela região. Isto só é possível apanhando todo o tipo de itens e artefactos, de forma a ajudar-te na tua aventura como velas e bombas.
[irp]
Apesar das ideias estarem bem plantadas e enraizadas, comparadas com as entradas mais recentes de The Legend of Zelda, são um pouco primitivas. Não há qualquer tipo de vila, os puzzles limitam-se a empurrar blocos ocultos e a solucionar adivinhas a partir de pistas, originadas de traduções feitas a pontapé típicas dos anos 80’, entre outras peculiaridades.
A meu ver, The Legend of Zelda tornou-se realmente um verdadeiro The Legend of Zelda com o Link to the Past. Foi a partir daqui que toda a mitologia à volta do reino de Hyrule começou a tomar forma. Ganon em particular, foi revelado ter sido Ganondorf, o rei dos bandidos, e desde aí descobrimos as suas origens e apesar de continuar uma personagem maléfica, ele ganhou algumas nuances na sua personalidade e, de certo modo, também se tornou numa figura trágica que perde a sanidade com o tempo, cego pelo poder.
Ao contrário do vilão principal, Link e Zelda não são as mesmas personagens que aparecem nas entradas seguintes. O corajoso herói e a sábia princesa de Hyrule reencarnaram vezes sem conta, desde a origem do reino com as suas características e personalidade a variar de iteração para interacção. Mas uma coisa é certa, eles vão sempre se auxiliar um ao outro para proteger este reino fantástico, até ao fim dos tempos.
10. Metroid – NES (1986)
[irp]
Lutadores: Samus e Ridley
Em Super Mario Bros. não há outra hipótese senão avançar para a direita, o videojogo está completamente estruturado dessa maneira. Fomos todos um pouco formatados para jogar desta forma. Mas em Metroid, se seguir essa direcção for a primeira coisa que decides fazer, rapidamente chegas a uma sala onde o teu caminho é completamente bloqueado. Só existe um buraco que é demasiado pequeno para entrar. Onde está a solução deste problema? Mal começas o jogo o item de que precisas está mesmo logo à tua esquerda. Este foi o jogo que deu o seu nome ao género de “Metroidvania”, videojogos de plataformas não lineares com base na exploração.
Um grupo de piratas espaciais está a criar em cativeiro vários espécimes de um dos parasitas mais perigosos de toda a galáxia, os Metroid, num planeta em ruínas chamado Zebes. Para a Federação Galáctica só há uma pessoa indicada para os proteger desta ameaça neste mundo Sci Fi: Samus Aran, uma verdadeira lenda entre os Caçadores de Prémios de toda a galáxia.
Logo na primeira área do jogo podemos ver a entrada para a última parte do jogo onde estão os Metroid e a líder dos piratas, Mother Brain. Mas a entrada está inacessível até Samus derrotar os dois capitães dos piratas, Kraid e Ridley, que se encontram nas profundezas de Zebes.
Um pouco como o videojogo que acabamos de falar em lá em cima, o jogador tem que apanhar vários upgrades para o fato de Samus, que lhe aumentam a mobilidade e lhe dão acesso a todo o tipo de habilidades. Tal é mesmo necessário para aceder a novas áreas e sobreviver à fauna agressiva de Zebes. É o mesmo conceito que foi aplicado a Zelda, mas adaptado para a jogabilidade dos videojogos de plataformas.
Depois de eliminar a liderança dos Piratas, os Metroid, e de escapar da sequência temporizada obrigatória de auto-destruição da franquia, os jogadores têm uma pequena surpresa… Se o videojogo for terminado em menos de 3 horas, Samus tira o seu fato, revelando ser na verdade uma mulher. Talvez tenhas reparado pelos videojogos anteriores desta rubrica, mas uma protagonista feminina de um videojogo de acção era algo extremamente raro de se encontrar numa consola cheia de donzelas indefesas. Com o passar dos anos, em várias aventuras espaciais onde Samus enfrenta o perigo completamente isolada de qualquer tipo ajuda ou aliado, ela tornou-se um dos maiores ícones do mundo dos videojogos.
Ridley em Metroid era apenas mais um dos bosses do videojogo, mas nas suas aparições seguintes ele mostrou ser o maior obstáculo que alguma vez se meteu à frente da caçadora de prémios, bem como o membro mais eficiente dos piratas espaciais. Foi ele quem matou os pais biológicos da protagonista enquanto ela era apenas uma criança, elevando o seu estatuto para o principal Némesis desta caçadora. Por muito que Samus tente vingar-se, o monstro arranja sempre maneira de ressuscitar dos mortos. Implantes cibernéticos, regeneração avançada, clonagem, parasitismo e a lista não vai parar aqui… Com a sua personalidade sádica, ele é realmente o antagonista da Nintendo mais malvado e cruel de todos, estando à frente até mesmo de Ganondorf…
11. Kid Icarus – NES (1986)
[irp]
Lutadores: Pit e Palutena
Ah, o irmão mais discreto de Metroid (ambos usam o mesmo motor de jogo). Tão discreto que nem te deves lembrar que existe uma sequela no Game Boy. Pois é…
Acho que por este andar já sabes qual é a lengalenga dos videojogos dos anos 80’. Medusa e a sua armada do submundo invadiram a terra dos anjos (uma pequena parodia do Monte Olimpo). A armada dos anjos foi petrificada e a deusa Palutena (baseada em Palas Atena) foi derrotada e aprisionada. A única esperança para revirar a situação encontra-se em Pit, um anjo que conseguiu escapar da sua cela no submundo. Ele vai ter de recuperar os 3 tesouros sagrados, subir das profundezas da terra até ao céu e derrotar Medusa. Isso tudo com apenas um arco e flechas nas mãos.
Kid Icarus é um jogo de plataformas um pouco mais tradicional e linear, a comparar com os dois jogos anteriores no artigo de hoje. Este é um videojogo composto por 3 níveis, cada um com quatro partes e um nível final. As três primeiras secções de cada nível são de plataformas tradicionais, com várias salas pelo caminho: lojas, tesouros, termas para recuperar vida, etc… A secção final já implica alguma exploração para encontrar o Boss. Como podes ver, Kid Icarus usa um pouco de todo o tipo de conceitos que já falamos até agora.
Mas talvez o detalhe mais marcante deste videojogo era o seu sentido de humor. A morte que entra em histerismo quando te vê, há um inimigo que é basicamente um bigode flutuante com óculos em cima, feiticeiros que te transformam numa beringela, os Komayto que nada, mas mesmo nada, têm a ver com Metroids ou até mesmo Palutena, a despromover Pit para um pobre agricultor porque este teve uma prestação horrível durante a aventura.
Depois da sequela Kid Icarus: Of Myths and Monsters ter sido lançada em 1992, Pit e Palutena caíram rapidamente para o esquecimento… Bem até Sakurai reintroduzir as personagens no Super Smash Bros. Brawl onde fez reacender o interesse de forma fulminante (Palutena no entanto só se tornaria numa Lutadora no Smash seguinte).
Foi graças a esse ressuscitar que em 2012 tivemos direito ao Kid Icarus Uprising, também obra de Sakurai. Um shooter 3D cheio de surpresas e um terror para os esquerdinos. O humor foi levado a níveis ainda mais absurdos. Pit e Palutena em particular passam a vida a dizer disparates. E a Deusa ganhou tendência em por Pit nas piores das situações, mas eles lá no fundo até se preocupam um com o outro.
12. Punch-Out!! – NES (1987)
[irp]
Lutador: Little Mac
Punch-Out!! para a NES, parecendo que não, é a 3ª entrada desta franquia de videojogos de boxe (5ª se contares com a versão de Game & Watch e o derivado onde jogamos ao Braço de Ferro).
Nas versões de arcada, a nossa personagem era representada por uma grelha para se poder ver bem o adversário. Fazer sobreposições neste nível não era possível na velhinha consola da Nintendo. No entanto, a grelha foi retirada e o tamanho da nossa personagem foi reduzida em tamanho para aumentar a nossa visibilidade. Foi assim que nasceu Little Mac um pugilista que tem muita genica onde lhe falta tamanho.
O jogo que este desportista protagoniza não é um jogo de boxe normal, pois para cada adversário há uma maneira diferente de conseguir a vitória, quase em forma de um puzzle. Cabe ao jogador descobrir qual a melhor maneira de vencer o combate. Não podes lançar murros à toa porque tens resistência limitada, mas se fizeres um ataque no momento indicado podes dar uma valente uppercut como ataque especial.
Punch-Out!! tem muitas personagens com o seu charme próprio, caricaturas bem divertidas que incentivam o jogador a prosseguir em frente. As primeiras versões ocidentais até tem um bónus muito interessante, onde podes lutar contra Mike Tyson no combate final do jogo. O homem não é pêra doce…
Há quem diga que Little Mac voltou para a sequela na SNES, mas eu não acredito nem de perto nem de longe que aquele pugilista loiro seja ele. Os manuais desta altura, principalmente aqueles que eram traduzidos de outras línguas, só trazem baboseiras. Mas o pequeno lutador voltou finalmente para o remake do Punch-Out!! na Wii, onde ele mantém todo o seu esplendor. Não há nada como correr à frente da bicicleta em três dimensões.
(Continua…)