Das minhas primeiras lembranças de jogos em computadores, Age of Empires, aparece junto de Zoo Tycoon (curiosamente, dois títulos Microsoft) imediatamente naquele cantinho nostálgico muito especial. Esta explosão de melancolia deve-se à minha primeira compra de um computador, presente de aniversário ao virar o milénio, e adivinhem qual o primeiro jogo comprado? Exactamente – Age of Empires II. Com os manuais e guias de aroma característico de café torrado de que me lembro tão bem, e de pacote de cartão quase tangível, foi no ano 2000 que comecei a jogar pela primeira vez a sério no meu computador. Vinte e um anos depois, cá estámos para vivenciar e discutir o que é o quarto jogo da série.
Se por nostalgia começamos, por nostalgia continuamos. A primeira vez ao iniciar Age of Empires IV, foi especial, especial porque desde a sua introdução, seus menus, e primeiro tutorial, me remeteu imediatamente a diversas lembranças desses velhos dias, em que nada mais interessava senão uma bela taça de cereais e horas investidas no skirmish de AOE2, à procura da estratégia perfeita.
Inovação, respeitando o legado e essência de Age of Empires
Quinze anos após o último título da franquia, Age of Empires IV chegará ao mercado da melhor forma e feitio, numa junção justa e equilibrada que faz agradar os velhos camaradas de guerra como eu, e os novos jogadores que irão experienciar este universo pela primeira vez. São quatro campanhas novas, todas elas com grandes detalhes, muitas horas de estudo e documentação, retratando fielmente algumas das que foram as batalhas mais marcantes e decisivas da humanidade. Esta que podemos chamar de story mode do jogo é, para mim, o ponto de partida para novos jogadores, logo após completarem o tutorial. Além de vários documentários históricos que nos são apresentados com o máximo de detalhes, é neste modo que serão introduzidos a algumas das deliciosas novidades nas mecânicas de cada civilização. Uma pequena nota: infelizmente a civilização Portuguesa não será jogável no jogo, pelo menos para já.

Se há algo em que a Relic Entretainment acertou em cheio, foi neste constante equilíbrio em trazer toda a essência RTS de constante tensão presente sempre na saga, e apresentar novidades muito refrescantes; e acertar em cheio em praticamente todas elas. Neste que é o quarto título da série, ao contrário dos restantes jogos, cada civilização causa uma sensação de jogabilidade muito singular, devido a mecânicas exclusivas no seu sistema de jogo. Por exemplo, ao assumirmos como a civilização Chinesa, temos acesso às escolhas de dinastias em progressão, cada uma com as suas vantagens e especificações, além de um oficial responsável por colectar os impostos aos edifícios. No caso do império romano, existe o prelado, que na história é a autoridade eclesiástica da igreja católica. Estas unidades podem ser desenvolvidas logo desde a era inicial pela primeira vez na série, funcionando como um buff para as vossas unidades, curando, entre outros benefícios.
No caso dos Franceses, apresentam-nos a minha unidade favorita dos meus combates online até agora, a bombarda, uma potente arma utilizada com um range alto, e potência arrebatadora. Estes são apenas alguns pequenos exemplos de unidades exclusivas, trazendo um imenso leque de possibilidades na abordagem inicial. Provavelmente irão existir alguns desequilíbrios devido a estas imensas e novas introduções, principalmente nas batalhas online; mas será algo facilmente ajustável com o assentamento do jogo no mercado.

Ao se aprofundarem nas construções, logo irão ter que avançar de era, algo muito famíliar para quem já teve alguma experiência com qualquer jogo da franquia. De forma breve, isto permite-nos desbloquear novos edifícios, unidades, armamento e defesas. Também, uma das grandes mudanças está aqui implementada. Desta feita, sempre que avancem para uma nova era, terão que escolher um específico marco histórico com as suas potencialidades, e apenas após a construção ter sido totalmente realizada, irão avançar para esse novo período. Esta adição permite-nos uma vez mais, repensar em todas as estratégias, isto, porque cada marco tem passivos diferentes; uns virados para a produção, outros para o lado estratégico, e por aí adiante…
Este título será muito acentuado em habilidades passivas, uma vez que as construções agora colocadas, terão que ser mais estratégicas, já que muitas delas dão habilidades especiais de acordo com o seu posicionamento. Um desses exemplos são as fazendas, que se forem construídas dentro do local de construção, terão um buff de produção e tempo de colheita. Isto também acontece com ouro, madeira e pedra.

Outras duas singularidades inéditas passam pela construção de armas do cerco e pelo posicionamento e defesa dos soldados. Em Age of Empires IV o sistema alterou completamente. Agora serão os vossos soldados que montam de raiz esse poderoso armamento de cerco como aríetes, após a aprendizagem da pesquisa com o ferreiro da oficina. Uma vez que agora fica mais fácil de fazer essas transições em combate a qualquer altura, também a defesa beneficia com isso, já que podem posicionar os vossos arqueiros a defender em cima das muralhas, e piorar o ataque e cerco dos vossos adversários.
Não só na jogabilidade Age of Empires IV se destaca dos restantes. Também nos componentes de áudio e gráficos o jogo dá o passo acima que a série necessitava. As cinemáticas são agora em live-action com muita matéria de aprendizagem não só sobre as batalhas históricas da campanha, como a vida do ano corrente, costumes, culturas, armamento, etc. É introduzido pela primeira vez na franquia, um modo com o nome de Hands on History, com conteúdo inédito precisamente para quem como eu, gosta de absorver todo o clima que é retratado.
Combates online, acessibilidade e belos detalhes visuais
Já durante a jogabilidade, os gráficos por muito que não possam impressionar para o ano actual, são agradáveis, coloridos e com boas e diversas animações. As colinas (que por sinal também dão bons bónus de combate) são agora muito mais acentuadas e notórias. É facilmente detectável partículas de armas quebradas, munição caída, e fumo a esvanecer após cada disparo. Todas estas animações são bem acompanhadas com som característico da própria acção, com um ponto especial para as armas, que têm sons característicos muito bem conseguidos.

Fiz quatro partidas online, todas elas 1vs1, e apenas venci uma (sim, sou péssimo), e notei de facto alguns desequilíbrios militares como havia mencionado acima. São pequenos detalhes que irão fazer toda a diferença com o feedback dos jogadores, e que com certeza a Relic irá adaptar com constantes actualizações já garantidas.
Se de feedback e suporte se faz uma comunidade, deixo também o agradecimento habitual à Xbox Game Studios pela inclusão de opções de acessibilidade, que cada vez mais vêm sendo implementadas nos seus jogos. Em Age of Empires IV, a Microsoft não foge à regra, com opções de acessibilidade visuais e sonoras para quem possa necessitar. Quando todos jogamos, tudo fica mais especial.
Age of Empires IV terá a sua estreia mundial no dia de 28 de Outubro de 2021, em exclusivo para PC. Caso sejas membro da subscrição Xbox Game Pass, poderás usufruir gratuitamente do título no catálogo a partir do dia de lançamento.
Esta análise foi realizada com uma cópia de review cedida gentilmente pela Xbox Portugal, a qual agradecemos.