No mundo dos jogos de computador, várias tendências estão em crescimento. Os preços cada vez mais proibitivos do hardware representam talvez a parte mais negativa do panorama atual, no entanto, para alguém que queira aventurar-se no vasto mundo do PC Gaming, especialmente em jogos competitivos, nunca houve tanta escolha e qualidade disponíveis. A concorrência permite que as tecnologias de ponta cheguem ao utilizador final com mais variedade e a um ritmo que por vezes se torna difícil de acompanhar.
A AOC entrou no mercado de monitores com uma ampla variedade de opções, posicionando-se principalmente em monitores mais acessíveis em comparação com os seus concorrentes. No entanto, isso não significa que não tenha monitores de alta qualidade no seu portfólio, nem que esteja atrasada em termos de tendências.
Em Portugal a entrada foi feita paulatinamente mas tem já uma visibilidade grande, nem que seja pela escolha que oferece com o seu portfólio gigante com monitores para todos os gostos e necessidades.
Quando os gigantes LG e Samsung começaram a lançar os seus monitores OLED, estes eram painéis de grandes dimensões, não direcionados para um jogador médio com um plafond pensado ao pormenor para tirar o maior partido das funcionalidades de cada peça, mas sim para aqueles que desejavam ter a última tecnologia de ponta nos seus sistemas.
Hoje em dia, o panorama mudou e encontramos monitores OLED que não só se concentram em tamanhos de painel mais usuais para sistemas de gaming, mas também oferecem muitas funcionalidades apreciadas no mundo dos videojogos, como baixa latência e alta frequência de resposta.
Simplificando o funcionamento dos painéis OLED, são painéis onde os pixels produzem a sua própria luminosidade e não só a cor, isto remove a necessidade de ter o pixel com a sua cor e um auxiliar para a iluminação. Este efeito faz com que na ausência de cor, cor preta, o painel OLED não tenha os pixels a emitir luz, o que não acontece num LCD normal, que tem constantemente iluminação em todo o painel provocando então um preto menos realista.
Os painéis OLED são sem dúvida fantásticos quando queremos ter um nível de fidelidade acrescido ao nível de cores, isto é alcançado através dos pretos, verdadeiramente pretos, fazendo com que o contraste e afinação de cores produzam uma imagem muito agradável à vista. E tão agradável que é…
Se a diferença a longo prazo acaba por ser notória por uma questão de adaptação (quando nos habituamos a um monitor OLED acaba por ser difícil utilizar outro tipo de painel), colocando lado a lado um monitor OLED e um monitor IPS faz-nos ver a real diferença existente.
Podemos ver que o facto do monitor IPS necessitar de uma iluminação constante provoca um efeito esbatido quando olhamos para a cor preta, no painel OLED cada pixel tem a sua própria iluminação o que faz com que a ausência de cor, seja a ausência de luz e isso é notório.
Toda este novo mundo de pretos mais reais faz com que o contraste em imagens coloridas seja simplesmente fantástico, todos nós já olhamos para as cores exageradas de certos monitores OLED, e o quanto agradável à vista se tornam as cores (óbvio que em demasia a imagem acaba por fugir um pouco à realidade).
Mas nem tudo num painel OLED pode ser considerado positivo. Algo que vem logo à mente de qualquer pessoa será o famoso burn in, onde os pixels que são mais usados em partes estáticas do monitor acabam por ficar marcados quando estão a ser ativados para gerar a mesma imagem em longos períodos de tempo, criando assim um efeito estático indesejável que fica marcado para o resto do tempo de vida do painel.
Para evitar este tipo de receios, a AOC garante uma garantia para o painel de 3 anos, incluindo defeitos por burn in.
O monitor conta também com algumas funcionalidades que minimizam os efeitos negativos de longas horas de exposição, como é o caso do refrescamento dos pixels. Esta opção demora cerca de 30s e pode ser efectuada manualmente através dos menus do monitor. Aqui é aconselhado a efetuar o refrescamento após 2h de uso e é a opção que está por omissão quando ativamos o refrescamento automático.
Também a órbita de pixels ajuda na manutenção, fazendo uma pequena deslocação da imagem quase imperceptível ao olho humano (com três níveis que podem ser também configurados) que faz com que uma imagem estática não esteja a utilizar sempre o mesmos pixels para a formar, evitando assim o burn in.
Outro dos aspectos negativos dos painéis OLED talvez seja um pouco mais obscuro e está relacionado com o alinhamento dos sub-pixels de cor utilizados neste tipo de painéis. Num LCD normal os pixels são alinhados (da esquerda para a direita) em vermelho verde e azul, em filas bem definidas, o mesmo não acontece com os painéis OLED, onde o alinhamento é feito numa cruz das cores RGB (ver imagem abaixo)
Qual o efeito prático deste alinhamento? Se numa imagem normal será quase imperceptível o que está a acontecer neste aglomerado de pixels, em partes estáticas podem ocorrer efeitos estranhos, como é o caso dos tipos de letras utilizados (denominados de fonts) em tudo o que é aplicação. Os sistemas operativos utilizam uma técnica de melhoramento sobre as letras no ecrã (que se chama de Anti Aliasing) em todos os tipos de fonts denominadas de Cleartype, o que faz com que o exterior das mesmas seja muito mais agradável à vista, contudo esta técnica provoca um efeito fantasma quando visualizado em monitores OLED, devido ao alinhamento dos sub-pixels ser diferente.
O que significa então tudo isto para o utilizador final? Resumidamente, letras menos nítidas. Incrível que toda esta parafernália de tecnologia junta faz com que o efeito final seja um tipo de letra desconfortável na leitura e isto faz parte da adopção de nova tecnologia, não no seu lançamento, mas na sua adopção em massa.
Mas podemos dizer também que a maior parte dos smartphones de hoje em dia têm painéis OLED, porque não acontece então esse efeito? Além dos painéis terem dimensões menores temos também mais pixels nos painéis dos smartphones. Para comparação o AOC Agon tem 110 ppi (pixels por polegada), um iPhone 15 tem 460 ppi e o Samsung S24 tem 416 ppi.
Acredito que com a massificação de painéis OLED no mundo não só dos monitores mas também portáteis irá resultar em alterações no método de Anti Aliasing das fonts Cleartype nos vários sistemas operativos.
Sendo o Agon um monitor gaming, algo que vai sem dúvida ser um factor diferenciador será a taxa de refrescamento. O Agon conta com uma taxa de 240Hz e uma latência de resposta de 0.03ms (ou 0.01ms pois a AOC não consegue ser consistente em tudo o que está na caixa e no próprio monitor ou que apresenta no seu site).
Traduzindo esses números o monitor tem a capacidade de apresentar o sinal emitido pela placa gráfica 0.01ms após a recepção do mesmo e que consegue refrescar a imagem 240 vezes por segundo (se o sinal da placa gráfica o enviar, mas já lá vamos). Teremos então um menor arrastamento na imagem e um efeito mais fluido em toda a imagem.
O monitor conta ainda com uma resolução QHD (2560 por 1440) e uma luminosidade de 1000 cd/m², compatível com GSync (sistema adaptativo da Nvidia para reduzir as quebras no frame rate do monitor, adaptando a taxa de refrescamento ao número de frames que a placa gráfica está a conseguir produzir).
A utilização no monitor é bastante intuitiva, o sistema de navegação através de um joystick não é dos mais intuitivos mas tem sempre uma pequena legenda para nos auxiliar a escolher as opções que queremos. Os leds traseiros podem ser configurados através do menu assim como todas as definições de imagem como contraste, luminosidade ou modos de imagem pré-definidos pela marca para os vários estilos de jogo.
O facto do monitor OLED acaba por desvanecer passado algumas horas de jogo e só nos lembramos da grande qualidade do painel quando voltamos a utilizá-lo e voltamos a ter noção da qualidade das cores do mesmo.
Quando jogamos neste monitor estamos constantemente a ser presenteados com o pensamento de querer acompanhar a taxa de refrescamento do mesmo. Em jogos competitivos ou com requisitos menores isso é facilmente alcançável, e é sem dúvida o momento do painel brilhar, com uma imagem e fluidez fantásticas! O detalhe de alguns jogos chega até parecer que aumentou dada a fidelidade que se ganha com o grande contraste e fluidez dos 240Hz.
Quando o hardware não acompanha essa taxa de refrescamento vemo-nos auxiliados pelo GSync ou por um qualquer DLSS para alcançarmos uma imagem fluida que faça o painel brilhar.
Por fim temos uma calibração de cores com 98.3 % em DCI-P3 CIE, HDR10.
Como entradas o monitor tem 2 portas HDMI e 2 portas Displayport, 2 USB e uma entrada de phones de 3.5mm.
A caixa contém um cabo HDMI, um cabo DP, o adaptador para VESA 100 e a base do monitor.
O monitor tem ainda duas colunas de 5W que são perfeitas para as notificações do sistema operativo e pouco mais.
+ Pontos Positivos
- O painel é fantástico, a fidelidade é fantástica.
- A base é muito bem conseguida e tem uma área bastante pequena, não ocupando muito espaço na mesa. Tem um suporte para os headphones na parte traseira.
- Implementação dos métodos mitigadoras do desgaste dos monitores OLED por parte da AOC e os três anos de garantia dados pela marca.
- O design do monitor é simples mas tem o seu toque gaming.
– Pontos Negativos
- Leitura e escrita é um pouco cansativa no monitor, não por culpa da tecnologia mas sim pela implementação.
- A colocação das entradas não foi a mais feliz por parte da AOC, ter um sistema limpo acaba por ser uma fixação de muitos dos gamers, e é impossível não ficar com pelo menos um cabo (o de alimentação) constantemente a olhar para nós.
- A base, apesar dos seus pontos positivos, não tem a melhor passagem de cabos. Quase que dá ideia que monitor e base foram desenvolvidos e desenhados por equipas diferentes que nunca comunicaram entre si.
Conclusão
Qualquer painel OLED irá sempre ser recomendado, mesmo numa geração inicial como esta de monitores gaming. A AOC consegue neste monitor acompanhar as tendências da evolução dos monitores para jogos e dedicou algum tempo na parte do desenho e implementou todas as medidas usadas para minimizar os pontos negativos dos painéis OLED.
No entanto, poderia ter dado mais atenção a pequenos pormenores como a colocação das entradas ou melhorar a interface do menu. A base pode também ser melhorada e as colunas, se diminuir o preço para o utilizador final, são dispensáveis.
Por fim, este monitor irá encaixar que nem uma luva em qualquer setup gaming actual, a fidelidade que acrescenta a uma sessão de jogos é fantástica e encaixando-se numa gama média alta posiciona-o num patamar também de preço em que um monitor LCD começa a não fazer sentido.
Parabéns à AOC por conseguir manter a sua linha de inovação e acompanhamento dos rivais.