Com um estilo visual único e uma abordagem narrativa diferenciada do género, As Dusk Falls chegou ao mercado pelas mãos da Interior Night, e publicado pela Xbox Game Studios em Julho de 2022. Hoje, encontra-se disponível também na Playstation 5, versão a qual tive acesso, e vos escrevo esta análise.
A narrativa é o ponto central deste jogo, e apesar de não ser novidade na sua proposta, é apresentada de uma forma inovadora quando conjugada com o seu estilo visual muito singular. A premissa de jogabilidade é simples: moldar o desenrolar da história através das tuas escolhas e ações. Na prática, é isto mesmo, mas, ao compararmos com jogos do mesmo estilo como os famosos títulos da Telltale Games (Walking Dead, Batman, Game of Thrones) ou Dontnod Entertainment com Life is Strange, notamos aqui uma diferença notória, com escolhas que realmente fazem sentido, e que rumam a outros caminhos narrativos drásticos. Esta abordagem permite uma experiência imersiva e muito personalizada, onde as mínimas decisões que possas tomar têm um impacto directo sentido no curso dos eventos.
A proposta narrativa é contada através de épocas, com saltos temporais que vão desde o incidente inicial no ano em que o jogo começa (1999), até aos dias de hoje, revelando gradualmente como os eventos traumáticos do passado continuam a moldar as vidas das personagens no presente, com estragos no futuro. Este formato permite uma exploração profunda das ramificações emocionais e psicológicas dos acontecimentos passados, bem como uma compreensão mais completa das motivações das personagens.
Vince é o primeiro personagem sobre o qual temos decisão e com o qual começamos a explorar o universo de As Dusk Falls. A sua história pessoal é complexa, devido a uma série de circunstâncias que não abordarei aqui para não estragar a tua experiência, mas pensa apenas que o levaram a tomar decisões questionáveis. Vince é literalmente o que podemos chamar de líder e pai de familia, e a sua história começa quando se está a mudar com a sua família para uma nova localização, em busca de melhores condições de vida, e que o consiga ajudar a fugir do seu passado.
O segundo personagem e de longe o detentor do meu arco narrativo favorito é Jay, um adolescente de uma família a que costumamos denominar por white trash, se me permitem o anglicismo. Jay é o mais novo de três irmãos, e os seus pais são extremamente problematicos, principalmente o seu pai, que deve quantias avultas de dinheiro a agiotas, e que se vê sem conseguir liquidar.
As escolhas fazem realmente a diferença em As Dusk Falls, e se procuras um jogo que te dê finais minuciosos de acordo com o teu ponto de vista narrativo, este será o título certo para ti. São 5 finais diferentes, e vários destinos, incluindo morte de personagens.
As Dusk Falls apresenta um estilo visual distintivo que combina elementos de arte gráfica e animação, e isto mescla de uma maneira perfeita, e cria uma estética única e imersiva. O jogo adopta uma abordagem visual que se assemelha a uma pintura em movimento, com cores vibrantes e um design de personagens e cenários que se destacam, e por falar em cenários; os locais do estado do Arizona estão muito bem caracterizados, com aqueles tons alaranjados que nos remetem imadiatamente para os imensos canyons, e até as poeiras que por lá rodeiam estão bem representadas aqui.
A banda sonora quando em temas originais, desempenha um papel fundamental na criação de atmosfera, e amplifica muitas das emoções transmitidas pela narrativa da obra, usando muito bem a tensão, melancolia e arrependimento em notas de western. Já as faixas licenciadas trabalham aqui contrastando o restante, com temas geralmente suaves, e vibes indies rock e pop.
No geral, As Dusk Falls é isto; uma proposta narrativa extremamente interessante, com uma escrita madura, e acima de tudo com um futuro promissor na sua continuação.