O jogo que te apresento hoje é algo perigosamente viciante. Um jogo que aparenta ser um simples jogo de cartas, mas com elementos de roguelike e Poker. Esta mistura original culmina em algo que nos consegue entreter e, ao mesmo tempo, pôr à prova a nossa capacidade de raciocínio estratégico e matemático. Vamos então conhecer Balatro?
Um conceito simples, mas ao mesmo tempo com complexidade por detrás
Como já referi, Balatro, um jogo desenvolvido a solo por Local Thunk e publicado pela Playstack, é nada mais do que um jogo de cartas para um jogador, que mistura o género roguelike e Poker. Em termos simples, o objetivo principal é vencer as várias Blinds, jogando combinações de mãos do clássico jogo de Poker (pares, trios, Sequências, Full Houses, etc.), alcançando e/ou superando o valor definido na Blind, com a “simples” formula de total de pontos (Chips) multiplicado pelo valor total multiplicador (mult).
Contudo, isto é apenas a base do jogo. Estes cálculos são fortemente afetados por uma vasta gama de variáveis, como o tipo de mão jogada, o valor das próprias cartas jogadas e, principalmente, os Jokers. Estes últimos são a alma e coração de Balatro, onde cada um concede modificadores e bónus que, jogados em combinação com as restantes cartas, vão exponencializar a pontuação total de cada mão jogada.
Existem ainda outros tipos de cartas consumíveis que te ajudam a explodir os somatórios são as cartas. As cartas de Tarot dão bónus a cartas individuais quando jogadas, removem ou criam cartas novas para o baralho ou até mesmo copiar cartas já existentes. Já as cartas de Planeta aumentam a pontuação de um tipo de mão de Poker jogada, consoante o tipo de Planeta. Por fim, ainda tens os vouchers, itens que podem alterar as condições do jogo, como poderes jogar mais mãos por rodada, aumentar a probabilidade de certos tipos de cartas aparecerem ou até abrir espaço para mais cartas Joker. São tantas variáveis que temos que ter em consideração que acaba por tornar Balatro um jogo fácil de aprender mas bem difícil de se dominar.
Infelizmente, o jogo nunca te diz o valor final de cada mão antes de jogares, por isso, tens que puxar pela cabeça e ver por alto qual ser a melhor mão a ser jogada. Daí, fazendo uso de descartes, podes sempre renovar algumas das cartas da tua mão na tentativa que criares a melhor mão possível que idealize a tua estratégia. Contudo, mesmo com esta limitação, não deixa de ser emocionante ver as cartas a serem calculadas na hora e a ver os números a subirem drasticamente, na tentativa de alcançarem o valor requerido.
Os chamados Boss Blinds são um mero exemplo de como temos que constantemente adaptar a nossa estratégia ao jogo. Cada Boss Blind tem um debuff específico que poderá afetar minimamente ou massivamente a nossa construção. Imagina investires na estratégia de pontuar combinações de cartas do naipe de corações e chegares a um Boss Blind que diz “cartas de naipe de corações não pontuam”. É neste momento que o teu chão cai e automaticamente dizes adeus ao teu jogo. Daí é de extrema importância focares numa estratégia que não acabe por ser erradicada por uma Blind traiçoeira.
Se há algo que aprendi ao jogar Balatro é que a ordem com que os Jokers são posicionados é crucial e decisivo na hora de pontuarem. Um exemplo concreto, e matematicamente familiar, é somares sempre tudo antes de multiplicar, ou seja, ordenares os Jokers que adicionam pontos e multiplicadores mais para a direita e colocares os que multiplicam tudo no final da linha de cálculo. Parece confuso perceberes assim à primeira, mas acredita que uma vez que entendido, a recompensa será incrivelmente satisfatória!
Entre as Blinds, é possível usarmos o dinheiro para comprar vouchers, Jokers e Boosters que contêm cartas de diversos tipos (cartas de baralho, Jokers, Tarot e Planeta). A gestão das economias é essencial para uma boa construção estratégica. Então, às vezes, é preciso saber decidir se devemos realmente investir em recursos aleatórios que não façam combinação com o que atualmente possuímos. Por vezes, é melhor angariar mais dinheiro para podermos comprar as cartas chave que necessitamos do que esvaziar a banca a cada visita à loja com coisas desnecessárias.
Se o tempo das sessões é algo com que te preocupas, esquece isso. Seja no PC, na consola ou no smartphone, podes sempre abandonar o jogo no seu progresso atual (antes de uma Blind) e voltares noutra altura. Isto revela-se bem útil, caso possuas pouco tempo para jogar e não queiras perder o teu progresso no jogo. Pessoalmente, tendo jogando recentemente a versão mobile, vi-me constantemente a ser interrompido e a ter que abandonar do jogo, por isso, esta funcionalidade acaba por ser a melhor amiga.
Um jogo com grande acessibilidade
Se há algo que Balatro teve em consideração, foi na acessibilidade para os jogadores. Nas opções de jogo, podes fazer pequenos ajustes gráficos, como ajustar os filtros de CRT, vibração da tela e ainda a velocidade das animações das cartas. Além disso, podes também adicionar cores de alto contraste para ser mais fácil distinguir melhor os naipes. Pequenas atenções destas são muito bem vindas, dando uma experiência à medida do jogador.
Outro ponto positivo é o facto de, a qualquer momento, poderes consultar as várias combinações de Poker existentes e a pontuação que cada uma concede. Adicionalmente, podes consultar o teu baralho para veres as cartas que já saíram e que ainda estão por sair, complementado com uma tabela de quantidades de cada carta e de cada naipe. Em suma, um sonho para qualquer contador de cartas!
Balatro, recentemente, lançou conteúdos gratuitos, onde podemos tematizar as nossas cartas com designs de jogos como The Witcher, Vampire Survivors, Stardew Valley, entre outros títulos que tiveram (e ainda têm) sucesso na indústria do gaming. Apesar de ser uma modificação estética, este dá um toque especial às sessões de jogo, agindo como uma espécie de personalização pessoal.
Na sua apresentação gráfica, Balatro apresenta-se como um jogo pixel art com alguns efeitos visuais por cima, dando um aspeto visual característico, como se estivéssemos a jogar um jogo retro dentro de uma televisão CRT. A adicionar a isto, a música do jogo é completamente hipnotizante, invadindo a nossa cabeça com as suas notas low-fi e deixando-nos num modo de concentração total para os nossos cálculos estratégicos.
Balatro já se encontra disponível para a Steam, consolas Nintendo Switch, Playstation 4|5, Xbox Series X|S e Smartphones (Android e iOS)
Agradecemos à Playstack por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma Nintendo Switch.