Uma das raças mais misteriosas de Runeterra (o mundo que originou o popular League of Legends) são os Yordles. Estas pequenas criaturas antropomórficas peludas que têm um poder mágico de extrema magnitude, sendo uma raça que marca presença constante na lore do mundo.
Hoje apresento-vos Bandle Tale: A League of Legends Story, o jogo mais recente da Riot Forge, que nos veio dar um olhar numa pequena história de um Yordle especial (uma personagem criada por ti) na misteriosa terra de origem da raça – Bandle City.
A missão para juntar todas as ilhas
A história do jogo gira à volta de duas premissas principais: Uma focada na melhor amiga da personagem principal, e outra focada na junção de Bandle City inteira.
A nossa personagem trata-se de um Yordle de Yarnville que se encontra a estudar tricô, algo que lhe dará a capacidade de poder criar quase tudo, desde pontes a portais para outras localidades. A nossa personagem tem uma melhor amiga, chamada Clover, que tem uma ambição enorme de viajar e aventurar-se pelo mundo. O nosso protagonista, apesar de achar as ambições um pouco inalcançáveis, não deixa de ter também curiosidade pelas aventuras que a sua amiga tanto sonha.
Eis que começa a nossa aventura, com o nosso protagonista e a Clover a viajar até uma festa muito especial. Infelizmente para o nosso protagonista, algo corre extremamente mal durante a festa, e os portais que conectam as várias zonas de Bandle City colapsam, quebrando todas as ligações entre as várias ilhas, e sugando o nosso protagonista e outras personagens, incluindo a Clover. O nosso protagonista consegue escapar e voltar a Yarnville, mas, infelizmente para Clover, esta não se encontra nem perto do nosso protagonista. Eis que começa então a aventura deste Yordle especial, que irá usar a sua experiência em tricô para voltar a juntar todas as ilhas de Bandle City, e, também, tentar saber onde se encontra a sua melhor amiga Clover.
A narrativa de Bandle Tale serve o seu propósito, dando para uma espécie de várias narrativas em simultâneo. Juntamente com as duas narrativas principais, cada zona que irás visitar irá conter também uma narrativa (se bem que menos complexa) única separada da história principal. Apesar do número de narrativas que pode acontecer em conjunto, nunca senti a história difícil de seguir, sendo que o jogo consegue manter um bom foco e intervalar nas narrativas quando preciso, dando sempre algum foco nas situações mais importantes.
Uma Bandle City única e clássica
Os visuais de Bandle Tale baseiam-se na noção de pixel-art, algo bastante comum em jogos do género. Para quem não sabe, no que toca a pixel-art, o trabalho artístico é o de maior importância, sendo o que praticamente carrega toda a qualidade visual do jogo. Felizmente, a equipa sabe o que está a fazer, e temos uma excelente arte em todos os aspetos, desde as personagens, aos cenários, e até aos efeitos de magia que irás certamente encontrar durante a tua aventura. Tudo apresenta um charme especial, sendo uma representação bastante eficaz da localidade dos Yordles. O mesmo se pode dizer das animações, que apesar de simples, apresentam bastante caráter, carecendo de um aspeto um pouco mais cómico.
Dou uma especial atenção à arte da interface do jogo, sendo geralmente bastante dentro do tema, como por exemplo a lista de missões, que se apresenta como umas páginas de crachás que irás colecionando e preenchendo, onde precisas apenas de selecionar um crachá específico para ver a linha de missões disponíveis nessa mesma narrativa.
Uma combinação quase infinita de construções
A jogabilidade de Bandle Tale é bastante simples, consegues construir uma série de criações que te irão ser úteis para progredir na história, desde mesas para criar vários utensílios como armadilhas para apanhar insetos ou até instrumentos musicais. Ou uma mesa que te deixa criar coisas como solo para plantares vegetais e fruta, ou tinta para criares blueprints para fazeres outras criações mais avançadas.
Estas criações geralmente conectam-se, sendo que precisas de fazer algo no workbench básico para fazer um workbench mais avançado eventualmente. E tudo isto também se conecta com as outras atividades que irás executar, sendo estas a festa e um serviço de cozinha especializado para os residentes da zona onde te encontras.
O serviço de cozinha é utilizado maioritariamente como uma forma de poderes arranjar recursos para convidar as pessoas para a tua festa, ao fazeres estes serviços, irás cozinhar os vários pratos que as pessoas pedem-te num tempo limitado, tentando encher uma barra que se apresenta no canto superior esquerdo do ecrã. Ao estar preenchida, irás reparar que terás enchido 2 barras relativamente a 2 recursos utilizados para convidar personagens para a tua festa.
Ao criares uma festa e convidares as personagens, irás reparar que todas elas requerem um número diferente de cada recurso para serem convidadas, sendo que terás de ter suficiente para convidar o número necessário de pessoas que a festa exige. Adicionalmente, cada festa requer que seleciones um ambiente de luz e música, bem como decorar o espaço com várias criações de entretenimento, como uma pista de dança ou uma espécie de jukebox. Ao colocares as criações, irás também melhorar certos aspetos da festa, sendo representados por uma nota musical, um olho, e uma chama. Cada objeto que crias e colocas no espaço aumenta um ou mais desses aspetos, sendo necessário atingir um certo número de cada aspeto para poder-se começar a festa devidamente.
Quando começas a festa, terás um tempo limitado para colecionar umas bolinhas de tricô mágico e colocar na tua casinha mágica. Estas bolas irão ser-te dadas pelas personagens presentes na festa, pelo que terás de estar atento para poderes pegar nelas e levar à casa a tempo.
Estas festas são a principal forma de unires as pessoas de Bandle City, de modo a poderes convencê-las a cooperarem entre todas para recriar os portais e reconstruir todas as ligações que existiam, sendo então necessário uma junção destas mecânicas todas para poderes reconstruir os portais e voltar a unificar a zona dos Yordles novamente.
Este loop geral, inicialmente, é bastante satisfatório, sendo algo até relaxante e pouco exigente. Infelizmente, irá haver uma situação prolongada a meio do jogo que te irá fazer andar de um lado para o outro constantemente, de modo a poderes construir coisas cujos materiais já possuis. Ora, estou a falar da mecânica das auras, uns símbolos que se encontram no chão de algumas zonas, que eventualmente conseguirás criar por ti mesmo. Enquanto não consegues criar as auras, ou algumas destas, irás ter de viajar para uma localização que as tenhas para poderes criar apenas um ou 2 materiais de muitos que irás precisar para algumas criações. Ora, isto cria situações onde terás de manegar uma série de criações que requerem uma série de auras diferentes, fazendo com que tenhas de literalmente dar a volta a Bandle City inteira só para criar um objeto simples para progredir numa das dezenas de missões para prosseguir na história.
Esta situação, na minha opinião, faz o oposto do que o jogo deveria de fazer, dando ao jogador uma “dor de cabeça” enorme, ao ter de navegar por menus à procura de todas as auras e materiais pequenos que terá de criar em cada zona, para evitar ter de voltar atrás. O pior disto, é que é algo que se irá repetir dezenas de vezes, até eventualmente conseguires criar todas as auras na tua própria casa. O problema aqui, é que para poderes ter essa habilidade, requer que avances bastante na história, o que faz com que uma boa parte do jogo se torne bastante tediante.
E, falando de habilidades, temos então a nossa skill tree. A skill tree do jogo parte do pricípio em que cada crachá que tens da história e das side quests, ao ser preenchido, irá desbloquear-te uma série de habilidades novas. Esta progressão não é muito complexa, mas requer que tenhas skill points necessários para poderes desbloquear tudo. Muitas vezes, as missões de história requerem que tenhas um certo skill desbloqueado, o que pode castigar os jogadores mais experimentais que decidam gastar os pontos todos, não guardando nada. No entanto, ganhar skill points não é algo muito complicado, sendo que tudo o que fazes no jogo, quer seja apanhar materiais, construir, as festas ou missões, irás receber skill points, sendo sempre algo que irás ter com alguma abundância. As habilidades servem geralmente para desbloqueares mais construções e atividades que te ajudem a adquirir materiais para as mesmas, como pescar e colecionar minerais.
Penso que o jogo tem uma base com bastante potencial, mas a quantidade de vezes que tive de andar de um lado para o outro tornou-se algo que denegriu significativamente a minha experiência, sendo que se trata de maior parte do tempo que irás estar a jogar.
Melodias mágicas que ficam na cabeça
A música de Bandle Tale é um dos aspetos mais impressionantes do jogo. Surpreendentemente, temos uma orquestra bastante complexa a apresentar-nos composições grandiosas, juntando cordas, sopros, percussão e instrumentos mais ativos como o xilofone e o teclado eletrónico para criar melodias upbeat que deixam qualquer um com um sorriso na cara.