Encontramo-nos numa era em que os MMORPGs perdem cada vez mais força para outros jogos mais acessíveis e que não consumam tanto tempo. Por isso, hoje foco-me num em particular: Black Desert.

Épicos como World of Warcraft ou EVE Online têm visto um declínio abrupto no número de jogadores. Colocando, assim, em causa, o modelo de jogo que seguem. No entanto, escapando (em parte) à regra, temos Guild Wars 2.

Este último adoptou uma estratégia de se aproximar dos jogadores, utilizando feedback constante para que o jogo tenha uma evolução repartida entre a equipa e os fãs.

Black Desert tem origem na Coreia, com o desenvolvimento apoiado na Pearl Abyss, sendo que passou lá bastante tempo em solidão.

Até que em 2015 a Kakao Games decidiu publicá-lo na Coreia, Japão e Rússia.

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Posteriormente, em 2016, o jogo chegou às fronteiras europeias e norte-americanas. Entretanto em 2018, este passou por um processo de remasterização, de forma a acompanhar os melhores visuais que possam ser oferecidos, o que em si já era um dos seus pontos fortes.

Não só em termos artísticos, também o detalhe gráfico é soberbo. Tendo em conta que este é um jogo que transmite constantemente uma imensidade de informação visual, colocando à prova até o melhor computador do mercado.

O verdadeiro destaque do jogo é o detalhe de cada personagem. Fruto do menu de criação e personalização, onde criamos quase qualquer personagem existente.

Black Desert

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Algo que me faz questionar as mentes da Pearl Abyss é o facto de, num jogo em que a personalização é imensa, a variedade de raças ser mínima.

Não digo que o jogo tenha de apresentar dezenas de raças diferentes. Nem sequer prejudica o ritmo de jogo ou a forma como está construído. Simplesmente é algo que podia ter sido mais aproveitado, dado o esplendor visual que Black Desert apresenta.

Uma das grandes lutas dos MMORPGs é a relação quantidade/qualidade de tarefas que temos para desempenhar.

Guild Wars oferece-nos uma variedade absurda de objectivos. World of Warcraft despeja simplesmente tudo o que sejam recados mundanos para nos manter entretidos.

Temos ainda o exemplo de TERA, cujos objectivos são, em grande parte, matar inimigos. Logo, a equipa focou-se em oferecer o melhor combate possível para que não fiquemos com um dissabor após três batalhas.

Black Desert faz tudo o que mencionei acima. Utiliza todo o tipo de tarefas, tanto mundanas como outras bastante bem construídas. E utiliza um motor de combate bem desenvolvido.

E agora pensam: isto é um jogo muito bem pensado. Porque é que não tem mais sucesso?

Começando pelo óbvio, o sistema de energia que a Pearl Abyss implementou no jogo faz com que o progresso seja interrompido forçadamente, fruto do sistema free-2-play.

Até parece um sistema saudável, não fosse ele drenado por literalmente cada acção que temos em jogo. Seja a falar com um NPC, escrever no chat (what?) ou no sistema de crafting.

Imaginem que estão a jogar Candy Crush e ficam sem vidas. Bom, é isso, mas num jogo de computador.

Além deste sistema, encontro uma passividade no mundo de Black Desert. Nomeadamente com os monstros, os quais ficam simplesmente à espera que o jogador vá ter com eles, ao estilo de Final Fantasy, mas sem se mexerem.

O combate em si está um degrau acima dos outros MMORPGs (talvez apenas rivalizado por GW2). Mas tendo em conta os jogos onde vai buscar inspiração, fica um pouco aquém do que se esperava.

Black Desert

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Falando em sistema, o próprio ecossistema de Black Desert afunda-se nele próprio.

Creio que o problema foi a ambição desmedida que não foi bem traduzida para um videojogo que terá de manter um ritmo consistente, com uma história que nos crie motivação para a terminarmos.

Falo, portanto, das infinitas actividades que nos são propostas, como a compra de casas e workshops, o contrato de pessoal para a manutenção dos mesmos e gerir os recursos das propriedades.

Com isto podemos usar alguns materiais para forjar as melhores armas e armaduras. Parece viável? Ao fim de duas tarefas ficam sem energia e demoram mais de uma hora para aprenderem a subsistir no mundo de BD.

O maior problema que encontrei em Black Desert foi quando coloquei a minha namorada a jogar.

Ela desenrasca-se bem com jogos como Uncharted, Mario, Heroes of the Storm ou até mesmo TERA. Mas a primeira coisa que me disse quando iniciou o jogo foi “vejo tudo no ecrã menos a minha personagem”.

Verdade seja dita, O UI está cheio de informação dispensável, não aproveitando assim o espaço que devia.

Além disto, a introdução do jogo perde-se em si própria. Atira com o máximo de informação no menor tempo possível, quase que falsificando a aprendizagem gradual de um MMORPG normal.

CONCLUSÃO
Kawaii
7.4
black-desert-analiseBlack Desert apresenta-se como um suprassumo de colectividade de informação, concentrando tantos elementos estáveis que acabam por se tornar instáveis. É, sem dúvida, um MMORPG que vale a pena experimentar, não só pela qualidade gráfica mas pela diversidade (embora penosa) que nos apresenta. Numa altura em que os MMORPGs estão a desvanecer no mercado, este mantém-se numa luta, não só contra si próprio mas contra o mercado.