Nickelodeon #BlackLivesMatter

Muitas foram as marcas que esta semana se juntaram ao movimento #BlackLivesMatter, especialmente nesta passada terça-feira, quando a hashtag #BlackOutTuesday foi criada no Twitter. Mas nenhuma tem tido tanto impacto (ou gerado tanta controvérsia) como a Nickelodeon.

Este canal de TV, dedicado a conteúdo para crianças, participou do movimento, colocando as suas redes sociais em pausa com uma mensagem de reflexão:

“O nosso foco será construir uma comunidade, tomar medidas, e iniciar uma mudança a sério na luta contra a injustiça racial.”

Mas esta nem é a sua maior contribuição: na segunda-feira anterior, a Nickelodeon suspendeu a sua programação habitual para transmitir uma outra mensagem.

Esta durou exactamente 8 minutos e 46 segundos, ou seja, o tempo que o polícia de Minneapolis, Derek Chauvin, manteve o joelho no pescoço de George Floyd, um Afro-Americano de 46 anos que acabaria por perder a vida resultante da violência cometida.

A transmissão começou às 3 da tarde (hora da Califórnia). O ecrã ficou laranja e o texto, em branco, declarava:

“A Nickelodeon vai ficar fora do ar por 8 minutos e 46 segundos, em apoio da justiça, igualdade, e dos direitos humanos.

Tens o direito de ser visto, ouvido, e respeitado enquanto cidadão do mundo. Tens direito a um mundo que seja pacífico. Tens direito a ser tratado com igualdade, independentemente da cor da tua pele. Tens direito a ser protegido de dano, injustiça, e ódio. Tens direito a uma educação que te prepare para liderares o mundo. Tens direito a opiniões e sentimentos, mesmo que outros não concordem com eles.”

Esta é nada mais, nada menos, do que uma versão ligeiramente alterada sua Declaração dos Direitos das Crianças, criada há 30 anos atrás. A recepção foi, na sua grande maioria, muito positiva, com os telespectadores a recorrerem às redes sociais para demonstrar a sua admiração pela iniciativa.

Mas para além desta mensagem, um vídeo foi transmitido e este muito mais directo: incluía o som de alguém a respirar e as palavras “Não Consigo Respirar” (alegadamente, as últimas de George Floyd antes de perder a consciência) no ecrã.

O vídeo teve a mesma duração de 8 minutos e 46 segundos, e apareceu em todos os canais da Viacom, que incluem a Nickelodeon, MTV, VH1, Comedy Central e TV Land.

A recepção do mesmo foi variada, com muitos pais a tecerem elogios à companhia pela iniciativa, mas outros a criticarem a mesma. Estes últimos alegaram que o conteúdo não era apropriado para crianças e apesar de alguns concordarem ser importante criar consciencialização para o movimento, não concordavam com a forma como foi feito, visto acharem que as crianças não compreendem bem a situação, e iriam simplesmente ficar assustadas.

A Nickelodeon respondeu às acusações, dizendo:

“Infelizmente muitos miúdos vivem no medo todos os dias. É da nossa responsabilidade usar a nossa plataforma para nos certificarmos que as suas vozes são ouvidas e as suas histórias contadas.”

Vários pais, especialmente Afro-Americanos, afirmaram que a mensagem havia, de facto, “dado comforto” aos seus filhos – a reacção que a Nickelodeon tinha, claramente, em mente: não só educar como também incluir aqueles que sofrem discriminação todos os dias.

Vejamos, também, outras marcas infantis e o que têm feito para ensinar as crianças sobre esta situação:

Porquinha Peppa Pig

A conta oficial da Porquinha Peppa Pig colocou um quadrado preto, com a hashtag #BlackOutTuesday, em solidariedade:

Garfield

Apesar de não ser a conta oficial do Garfield, a @GarfieldEATSApp está associada ao Garfield EATS, um restaurante temático do gatinho laranja em Toronto, Canadá, que serve pizza, lasanha, e café e tem uma aplicação própria que utiliza pontos para desbloquear coupões para os seus clientes.

Este restaurante é oficialmente licenciado e apoiado pelo criador do Garfield, Jim Davis. E na terça-feira, mostrou a sua solidariedade:


O que achas do facto de marcas infantis estarem a expôr a situação às crianças?

Achas educativo a forma como estão a lidar com o movimento? Ou achas que as crianças não são capazes de compreender o que se passa e poderão ter uma reacção adversa?

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