Muitas foram as marcas que esta semana se juntaram ao movimento #BlackLivesMatter, especialmente nesta passada terça-feira, quando a hashtag #BlackOutTuesday foi criada no Twitter. Mas nenhuma tem tido tanto impacto (ou gerado tanta controvérsia) como a Nickelodeon.
Este canal de TV, dedicado a conteúdo para crianças, participou do movimento, colocando as suas redes sociais em pausa com uma mensagem de reflexão:
“O nosso foco será construir uma comunidade, tomar medidas, e iniciar uma mudança a sério na luta contra a injustiça racial.”
For #BlackOutTuesday, Nickelodeon social media will be on pause as we reflect on recent events. Our focus will be on building community, taking action, and sparking real change in the fight against racial injustice. pic.twitter.com/wYJOl8TrZ6
— Nickelodeon (@Nickelodeon) June 2, 2020
Mas esta nem é a sua maior contribuição: na segunda-feira anterior, a Nickelodeon suspendeu a sua programação habitual para transmitir uma outra mensagem.
Esta durou exactamente 8 minutos e 46 segundos, ou seja, o tempo que o polícia de Minneapolis, Derek Chauvin, manteve o joelho no pescoço de George Floyd, um Afro-Americano de 46 anos que acabaria por perder a vida resultante da violência cometida.
A transmissão começou às 3 da tarde (hora da Califórnia). O ecrã ficou laranja e o texto, em branco, declarava:
“A Nickelodeon vai ficar fora do ar por 8 minutos e 46 segundos, em apoio da justiça, igualdade, e dos direitos humanos.
Tens o direito de ser visto, ouvido, e respeitado enquanto cidadão do mundo. Tens direito a um mundo que seja pacífico. Tens direito a ser tratado com igualdade, independentemente da cor da tua pele. Tens direito a ser protegido de dano, injustiça, e ódio. Tens direito a uma educação que te prepare para liderares o mundo. Tens direito a opiniões e sentimentos, mesmo que outros não concordem com eles.”
we are all part of the change #blacklivesmatter
✊🏿✊🏾✊🏽✊🏼✊🏻 pic.twitter.com/Y3Fzvob54X— Nickelodeon (@Nickelodeon) June 1, 2020
Esta é nada mais, nada menos, do que uma versão ligeiramente alterada sua Declaração dos Direitos das Crianças, criada há 30 anos atrás. A recepção foi, na sua grande maioria, muito positiva, com os telespectadores a recorrerem às redes sociais para demonstrar a sua admiração pela iniciativa.
Mas para além desta mensagem, um vídeo foi transmitido e este muito mais directo: incluía o som de alguém a respirar e as palavras “Não Consigo Respirar” (alegadamente, as últimas de George Floyd antes de perder a consciência) no ecrã.
O vídeo teve a mesma duração de 8 minutos e 46 segundos, e apareceu em todos os canais da Viacom, que incluem a Nickelodeon, MTV, VH1, Comedy Central e TV Land.
A recepção do mesmo foi variada, com muitos pais a tecerem elogios à companhia pela iniciativa, mas outros a criticarem a mesma. Estes últimos alegaram que o conteúdo não era apropriado para crianças e apesar de alguns concordarem ser importante criar consciencialização para o movimento, não concordavam com a forma como foi feito, visto acharem que as crianças não compreendem bem a situação, e iriam simplesmente ficar assustadas.
A Nickelodeon respondeu às acusações, dizendo:
“Infelizmente muitos miúdos vivem no medo todos os dias. É da nossa responsabilidade usar a nossa plataforma para nos certificarmos que as suas vozes são ouvidas e as suas histórias contadas.”
Vários pais, especialmente Afro-Americanos, afirmaram que a mensagem havia, de facto, “dado comforto” aos seus filhos – a reacção que a Nickelodeon tinha, claramente, em mente: não só educar como também incluir aqueles que sofrem discriminação todos os dias.
Vejamos, também, outras marcas infantis e o que têm feito para ensinar as crianças sobre esta situação:
Porquinha Peppa Pig
A conta oficial da Porquinha Peppa Pig colocou um quadrado preto, com a hashtag #BlackOutTuesday, em solidariedade:
#BlackOutTuesday pic.twitter.com/NKtz16QvOd
— Peppa Pig Official (@peppapig) June 2, 2020
Garfield
Apesar de não ser a conta oficial do Garfield, a @GarfieldEATSApp está associada ao Garfield EATS, um restaurante temático do gatinho laranja em Toronto, Canadá, que serve pizza, lasanha, e café e tem uma aplicação própria que utiliza pontos para desbloquear coupões para os seus clientes.
Este restaurante é oficialmente licenciado e apoiado pelo criador do Garfield, Jim Davis. E na terça-feira, mostrou a sua solidariedade:
#BlackLivesMatter pic.twitter.com/ukQoTcgBm0
— GarfieldEATS (@GarfieldEATSapp) June 2, 2020