Vindo diretamente na Soul Society chega-nos Bleach: Rebirth of Souls.

Para os menos conhecedores do Bleach o Manga foi criado por Tite Kubo e serializado por Shueisha em Agosto de 2001 e terminado em Agosto de 2016. O Manga conta a história de Ichigo Kurosaki, um rapaz de 16 anos que é capaz de ver espíritos, que ganha os poderes de Soul Reaper através de uma transferência de poderes da Rukia Kuchiki, uma Soul Reaper, uma personificação de ceifeiro da morte, e acaba por trabalhar como Soul Reaper substituto a defender o mundo dos vivos dos Hollows, espíritos malignos.

O Manga conta com 72 volumes, além de uma adaptação de Anime e a sequela Thousand-Year Blood War, dois OVA (Original Video Animation) e quatro filmes encarregadas pelo Studio Pierrot (mesmo estúdio responsável pelo popular Naruto), um filme Live Action que saiu em 2018, jogos para várias plataformas e dez musicais.

O universo de jogos de Bleach pode-se dizer que é bem extenso. Começou em 2005 na PSP com a longa série Bleach: Heat the Soul, e, curiosamente, a senda de jogos para consola acabou com o Heat the Soul 7 para PSP em 2010 e Bleach: Soul Ressurreción para PS3 em 2011 (e que por pura coincidência foi o último jogo a sair para os nossos lados) antes de voltar em 2022 com o Brave Souls. O IP (Propriedade Intelectual) saltou de mãos de desenvolvedores e publicadores um bom número de vezes, mas a maioria pertenceu à Sega e Eighting, a principal responsável da série Heat the Soul. Existe um total de 28 jogos espalhados por vários sistemas e só saíram para a Europa 5 jogos: Shattered Blade que saiu em 2007 para Nintendo Wii, o espetacular The Blade of Fate e o The 3rd Phantom em 2007 e 2009 respetivamente para Nintendo DS (e todos publicados pela Sega), Soul Ressurrección da NIS America em 2011 para PS3 e Bleach: Brave Souls da KLab em 2022 para Android, iOS, PC, PS4 e Xbox One.

Bleach: Rebirth of Souls é um One-on-One Arena Fighter de estilo Anime desenvolvido pelo Tamsoft e publicado pela Bandai-Namco Games. O que salta logo à vista é o “YEAH!” que se ouve quando se vai para o ecrã principal e o estilo cheio de personalidade da apresentação. Nunca me vou cansar de dizer que só de ouvir a música do menu dá logo para dançar por ser tão boa e que o menu está espetacular.

O jogo conta com o clássico modo história que cobre os 5 Arcs do Anime (Substitute Soul Reaper até The Battle For Karakuri Town e vou falar sobre isto mais à frente), modo Offline onde se encontra Splitscreen local ou contra o CPU, treino e missões, modo Online, Tutorial, a loja, opções e Extras. Na loja podemos comprar cristais para equipar às personagens e itens de personalização para o nosso cartão online.

Nos Extras podemos consultar os troféus (ou Achievements no caso de PC e Xbox), ver as cenas todas do modo História que desbloqueamos, galeria sonora, um Glossário sobre o universo Bleach e uma opção para consultarmos as licenças do jogo.

Sobre o modo História, o jogo apresenta a história normal, que segue a história contada no Anime (e num certo modo no Manga, mas principalmente o Anime) e as histórias secretas. Como um amigo meu streamer comentou (e que concordo), a história tem boa parte de «encher chouriços» e faz cortar um pouco o ritmo da história, tal e qual como no Anime. Além das cenas normais, em certas partes tem flashbacks a explicar em como se desenrolou a cena atual. A história está muito bem contada e digo que a minha parte favorita são os resumos. Os resumos, além de recapitular a história até aquele ponto, têm uma apresentação espetacular e cheio de estilo.

Cena dramática e trágica que se apanha no modo História

Além das cenas também temos batalhas que são exclusivas neste modo. Nessas batalhas temos sempre um objetivo por cumprir além de momentos secretos e momentos reais. Felizmente não são obrigatórios cumpri-los, mas o ideal é cumprir os momentos secretos para desbloquear partes das histórias secretas e os momentos reais para ter cenas que aconteceram no Anime.

Além de criticar a parte do ritmo da história, tenho que apontar também a deliberada falta do Arc do Thousand-Year Blood War (que acredito que ainda vai ser incluída como DLC) e as histórias secretas. As histórias secretas são partes da história que não são contadas nas histórias normais, mas na verdade daquilo que vi acrescenta pouco ou nada ao que já foi contado nas histórias normais.

O plantel conta com 33 personagens (e que conta só com 3 variantes diferentes do Ichigo para coincidir com as suas fases do Anime) e o jogo tem uma maneira peculiar de se jogar, no sentido que os KO aqui funcionam de uma maneira diferente. O objetivo é eliminar os Konpaku (a corrente espiritual) todos do adversário, que funcionam como vidas. Para o fazer é necessário reduzir o Renshi (a saúde) até à zona vermelha ou reduzi-la totalmente para houver uma chance de executar um Kikon Move, uma espécie de golpe finalizador, que tem um número fixo de Konpaku que destrói, e no caso de reduzir até 0, além de garantir automaticamente o Kikon Move, destrói mais um Konpaku.

Em termos de jogabilidade, temos um botão para ataque rápido, ataque relâmpago, ataque de assinatura, bloco, passo rápido (para os lados é passo lateral), quebra de guarda e para o Kikon Move. O que torna este jogo peculiar em termos de jogabilidade é o facto de todas as personagens serem jogadas de maneiras diferentes sem excepção, dando atenção aos seus pontos fortes e fracos e todos os conjuntos de ataques são diferentes uns do outros e nunca é igual.

As ações principais (ataques, guarda e quebra) funcionam como pedra-papel-tesoura. Se a personagem defender os ataques vai diminuindo a sua barra de guarda e quando não tiver mais barra acontece um Guard Break, ficando aberto a ataques.

REVERSAL!

Além dos comandos básicos existe uma combinação de botões que começa com o botão de movimentos Hohô que permite ações especiais: Flash Step, Reverse Action e Spiritual Pressure Move. Spiritual Pressure Move é um movimento especial que, dependendo da personagem, tem um ou dois. Gasta-se 50% da barra EX ou 100% se for o segundo Spiritual Pressure Move e varia de personagem os seus usos, desde um ataque ou suporte à própria personagem.

Além da barra EX também existe a barra REVERSE. A barra serve para o Flash Attack, um ataque extra após uma combinação de ataques normal a custo de um terço da barra, Flash Step, que permite ter oportunidade de se aproximar do oponente com o mesmo custo do Flash Attack e por fim, o Reverse Action que é ativado com a barra REVERSE e 50% da barra EX. O Reverse Action permite cortar a combinação de ataques quando inicia e permite regenerar a barra EX com o tempo, dando hipótese de usar o Spiritual Pressure Move mais rapidamente a custo da barra REVERSE.

Outra habilidade que se tem direito em certas condições são as evoluções. As evoluções fazem mudar algumas coisas dependendo da personagem e algumas personagens têm, mais uma vez em certas condições, o Rebirth, uma segunda evolução. Regra geral dessas evoluções os Spiritual Pressure Moves são diferentes, os Kikon Moves tiram mais Konpaku e as combinações mudam e dão mais dano.

Hora de evoluir

O jogo também apresenta as suas fraquezas. Uma coisa que me tem deixado bastante frustrado às vezes é o timing horrível do bloco. Em certas situações pensava que dava para bloquear, mas na realidade o jogo não estava a permitir conseguir bloquear os ataques mesmo estando em vantagem. Outra coisa a apontar é a brutal subida da dificuldade em algumas batalhas nas histórias mesmo no fácil.

No Online ainda consegui fazer poucas batalhas na altura que testei o modo. A grande crítica que aponto a este modo é a falta das Ranked Matches. Ao invés disso temos só o Free Match e Room Match e não dá real sensação de competitividade. Tirando isso, nunca tive problemas durante as partidas e correu sempre bem.

Sobre a banda sonora pode-se dizer que está qualquer coisa. Juntamente com os menus dá aquele estilo especial ao jogo e algumas músicas fazem mesmo lembrar e pensar do Street Fighter III. Vai desde Rock a J-Pop clássico e conta com o “Die for love” do famosíssimo artista e membro da superbanda «The Last Rockstars» MIYAVI como o porta-estandarte da promoção e intro do jogo (e que sou um grande fã da música).

Em resumo, Bleach: Rebirth of Souls consegue ser o melhor jogo da sua longa série de jogos. O jogo inicialmente estava a prometer muito com os trailers, mas no fim o jogo sofre com a falta de conteúdo, algumas falhas de jogabilidade e mau aproveitamento do online e com isso fez repensar da nota que incialmente tinha pensado em dar.

Bleach: Rebirth of Souls já disponível para PC, PS4, PS5 e Xbox Series X.

CONCLUSÃO
BANKAI!
7
Hugo Campos
Tendo o Mortal Kombat II como o 1º jogo que jogou desde os 5 anos, teve todos os PCs até ao Pentium 3 e mudou para as consolas quando consegiu ter dinheiro. Grande viciado de jogos de corridas, luta, RPGs e musicais, tem uma grande de coleção de jogos de ps2 até ao 5. É cofundador do canal da Twitch dos Team Squil.
bleach-rebirth-of-souls-analiseBleach: Rebirth of Souls consegue cobrir bem a história do Manga e do Anime, mas sofre da sina de acompanhar os fillers do Anime e faz perder um pouco o interesse. O sistema de combate é sólido e peculiar e é bastante ok para o que é. Para os fãs do Bleach é uma excelente oportunidade de ir à luta com a sua personagem favorita.