Como portuguesa, devo dizer que o futebol não é de todo a minha praia. Gosto de jogar, não gosto de acompanhar, excepto quando a nossa seleção é metida ao barulho… Nem tão pouco acompanhei bem a famosa jornada de Oliver e Benji apesar de ter apanhado ainda assim com alguns episódios (nomeadamente sempre que o Mark Landers aparecia claro), bem como ter pessoal que na minha altura de escola sonhava seguir o trajeto partilhado por esta carismática dupla, com a mesma ambição com que eu e os meus primos sonhávamos com artes marciais muito influenciados pelo Dragon Ball

Isto, Potato, para dizer que não é para se levar de ânime leve o feito do fenómeno que é Blue Lock, que consegue contagiar até mesmo aquela pessoa que mais se distancia destes relvados e de todo o fervoroso fanatismo que afeta o típico português. Para quem não conhece a série, certamente soará estranho reconhecer sequer o meu interesse nesta franquia, e para esses é importante explicar a premissa de que partimos: Blue Lock não é só sobre futebol, é um survival estratégico onde todos jogam contra todos, enquanto procuram ser o Cristiano Ronaldo de todos os tempos, o melhor avançado da história, o único que sairá vitorioso e capaz de trazer glória à nação nipônica no próximo mundial. Nota para o equipamento da seleção do Japão que em 2022 replicou em homenagem a esta ambição o traje utilizado pelas personagens no anime.

Num anime que desperta um monstro esfomeado dentro de nós, segui-lo é simplesmente irresistível. Não só pela jornada do herói de Isagi, mas como muito bem este filme mostra, o desenvolvimento de outros personagens poderosíssimos que bem que desempenham um papel de disputa do título de principal. BLUE LOCK O FILME – Episódio Nagi, é um exemplo perfeito disto mesmo, com um desenvolvimento invejável para uma das personagens favoritas de todos os fãs da saga, deixem-me sonhar com um tratamento semelhante para Bachira, também uma das personagens mais interessantes neste campo. O filme é totalmente baseado num mangá composto por 25 capítulos, que segue à risca quadro por quadro. 

Comparativamente, Isagi é talvez dos personagens principais mais “típicos” e menos interessantes de que me lembro em matéria de animes desportivos quando o colocamos lado-a-lado com o restante elenco. Já Nagi, é altamente destacável, relacionável, empático e um gênio nato. É quase injusto que Isagi seja capaz de desenvolver as suas capacidades ao ponto de rivalizar com este em tão curto espaço de tempo. Opinião que temos melhor assente neste filme onde finalmente temos uma visão sobre os acontecimentos totalmente do ponto de vista de Nagi (como o que acontece na pérola escondida que é a edição especial do Rei Leão 3 onde vemos o mítico filme totalmente do ponto de vista do Timon).

É contudo de realçar, que a história de origem deste personagem que nos é contada tanto no mangá como no filme, deixa ainda em aberto algum espaço para criar mais perguntas sem resposta do que as que teríamos se nunca víssemos de todo o filme. Porque é que Nagi está tão sozinho no mundo, é por exemplo uma das que gostaria de ver aprofundar. No entanto, também se percebe que 25 capítulos replicados num único filme não é um feito que mereça ser assim menosprezado. 

Isagi já tinha despertado em nós este monstro obsessivo em 2022, e como que num aquecimento para a 2ª temporada que estreia agora em outubro, Nagi volta a acordar o dito cujo entretanto adormecido, fazendo-nos reviver a emoção de Blue Lock neste novo ponto de vista. No entanto, o pacing sente-se mais apressado, especialmente na segunda metade, pois grande parte dos acontecimentos já são conhecidos do espectador, com pouca novidade à mistura. Ainda assim, o filme procura não nos entediar com o que já conhecemos, e encontrar pausas em momentos em que Isagi não esteve presente. 

Em termos de animação, o filme não é suberbo, aliás na minha opinião não me pareceu que a produção tenha trabalhado com melhores prazos que o próprio anime, pelo que o resultado está à vista. Contudo, o esforço para não recorrerem tanto à reciclagem de momentos que já vimos na 1ª temporada, é notável e saudoso (ouviste isto Demon Slayer?). Contínuo num misto de emoções quando vejo aquela animação em rotoscopía na vista aérea das jogadas, e o fato desta só aparecer umas duas vezes no filme deixou-me com saudades.

Fico realmente feliz por ver expandir o universo destas personagens que compõe um elenco tão soberbo e interessante de personalidades. Cada qual, muito, mas muito suis generis, com uma personalidade e vivacidade que nos cativa a torcer e a sofrermos quando alguma abandona Blue Lock. Quero continuar a acompanhar mais amadurecimentos como este, sendo que Bachira é certamente um dos potenciais favoritos a receber tratamento semelhante aqui a Nagi e Reo neste filme.

Numa nota final, há que mencionar a cena pós créditos que nos dá um olhar sobre o futuro que nos aguarda muito em breve (outubro), mas que em termos de animação nota-se que foi feito tão à pressa que me faz questionar em que fase da produção é que optaram por inserir esta sequência… Enfim. Que venha essa 2ª temporada!

+ Pontos Positivos

  • Desenvolvimento de Nagi
  • Adaptação direta do manga

– Pontos Negativos

  • Ritmo apressado na 2ª metade
  • Animação não surpreende
  • Pouca novidade
CONCLUSÃO
Ninguém os vai conseguir parar...
6
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
blue-lock-o-filme-episodio-nagi-analiseBlue Lock O Filme - Episódio Nagi leva-nos a percecionar toda a aventura da 1ª temporada do anime através de um ponto de vista inédito na série. Contudo este traz pouca novidade para o espectador, que já conhece bem o trama através do anime e dos flashbacks do personagem. É contudo uma forma irresistível de acordares o monstro adormecido dentro de ti, enquanto aguardas por mais uma temporada!