Entrei neste filme com um conhecimento mínimo da história dos míticos Queen, conhecendo apenas as obras dos mesmos. Nunca aprofundei o percurso de uma das bandas mais memoráveis da história, pelo que Bohemian Rapsody serviu de introdução a isso mesmo. E que introdução!
Para quem viu/vê Mr. Robot, sabe que Rami Malek já deu as suas provas no que toca a actuação dramática, mas para quem pensava que este não se iria superar, estava muito enganado(a). É muito difícil encontrarmos alguém que não conheça Freddie Mercury e a sua voz inabalável, a juntar ao seu protagonismo icónico e extravagante. Representá-lo não estava propriamente ao alcance de qualquer um. Teria de ser alguém que não se inibisse pela sua maneira de ser, e Rami encarou o desafio com toda a seriedade possível.
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Aos não conhecedores de Queen, estes são uma banda oriunda de Inglaterra, compostos pelo iconoclasta Farookh Bulsara (nascido em Zanzibar, mais tarde mudou o nome legalmente para Freddie Mercury, tal mensageiro dos deuses), o guitarrista Brian May, o baixista John Deacon e o baterista Roger Taylor.
Começando nos subúrbios de Londres, Roger Taylor e Brian May tocavam numa banda chamada Smile, que poucos frutos deu após o vocalista ter saído para o que apelidou de “voos maiores”, sem sequer ter noção do que estaria a criar com aquela saída. Com isto, Farookh lançou-se à banda, começando a incutir mais o seu toque extrovertido em qualquer e todo o aspecto possível, criando assim um legado de culto.
O filme retrata o nascimento, crescimento e clímax da banda. Sendo este último, o concerto do festival Live Aid. Embora o retrato geral seja da banda, o foco dá-se claramente em Freddie. Como já referi, este tinha uma voz inigualável e deixou uma marca intemporal tanto na música como na cultura, despoletando uma validação social da homossexualidade.
Com os seus tiques e feitios, Freddie deixou muito trabalho para Rami, que com a ajuda de um treinador de postura, se adaptou da melhor maneira, recriando poses e gestos praticamente iguais ao cantor, valendo o que na minha opinião será uma nomeação aos Óscares. Aliando a esta prestação de valor por parte de Rami, temos Gwilym Lee com uma reencarnação de Brian May no seu estado mais genuíno.
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A filmagem está clara e varia os tons consoante a situação, criando uma atmosfera enquadrada com o que se está a passar. A câmara decide focar por períodos longos em cada membro da banda ao invés de revezar um a cada três segundos, o que permite um maior encaixe emocional no diálogo e na personagem de cada um. Gabo a maneira como Bryan Singer decide filmar certos planos, utilizando a postura exímia de Rami para reencarnar Freddie no ecrã, dando-nos a parecer que estamos a ver o próprio.
A banda sonora é obviamente composta pelas músicas da banda. Adaptadas ao passo do filme, os tempos ditam a maneira como as canções se desenvolvem. Dão-nos a conhecer como estas foram criadas. Embora ache que podiam ter usado as músicas de forma mais criativa, consegui perceber que foram apresentadas consoante o ritmo que o filme tomava, apenas acho que algumas foram colocadas pelo simples propósito de lá estarem, o que as tornou de certa forma irrelevantes para a caminhada do quarteto.
Creio que o Óscar mais provável de ser agarrado por esta obra, será o de maquilhagem pois o trabalho feito aqui é incrível, recriando perfeitamente os artistas britânicos. Não desvalorizando a actuação dos restantes actores da banda, Malek será um forte candidato a vencedor do Óscar, algo que me deixa profundamente ansioso.