Uma das principais características que é imprescindível num first person shooter (FPS) cheio de acção e mais focado no old school, é a sua banda sonora. Não resta apenas ter algo de qualidade, mas também tem de ser algo que se encaixa perfeitamente com a acção e com a atmosfera do jogo.
Bullets Per Minute (BPM) é um jogo onde, desta vez, a jogabilidade serve a música, algo como uma fusão de um FPS clássico como Doom ou Wolfenstein, com jogos rítmicos como o Amplitude.
Qualquer acção que o jogador faça fora do seu movimento normal, quer seja saltar, disparar, carregar a arma ou fazer um dash, tem de ser feita a seguir o beat da música, sendo que qualquer tentativa fora do mesmo é respondida com um som e a acção não é executada.
Penso que este tipo de jogabilidade é bastante difícil de executar, sendo que a ideia de estar limitado a seguir a música, enquanto estás focado em vários inimigos a atacar-te, pode ser um bocado intenso.
Foi isso que senti na minha primeira hora, morrendo várias vezes com os inimigos iniciais, simplesmente porque estava mais focado em ouvir e seguir a música, mas, eventualmente, houve um “click“ algures no meu cérebro, e eu naturalmente comecei a seguir a música quase sem esforço nenhum.
Esse período de habituação pode fazer o jogo parecer menos bom, mas algo que me surpreendeu é que depois de me habituar, Bullets Per Minute mostra-se também como um FPS bastante competente, não se deixando ser conhecido apenas pelo seu foco na jogabilidade rítmica.
Bullets Per Minute mostra-se como um roguelike, em que cada nível é constituído por uma série de salas, e que no final tens uma sala com um boss, onde o terás de derrotar para passar ao nível seguinte.
Geralmente, irás encontrar salas simples com grupos de inimigos para derrotar, e algumas oportunidades de platforming. Ao derrotares todos os inimigos, irá aparecer um baú que poderás abrir para receber uma recompensa, como moedas, poções de vida, ou em raras ocasiões, uma chave ou um item.
Também irás encontrar alguns objectos com que poderás interagir, como uma das várias estátuas que te aumenta um stat, como o dano ou a velocidade, ou um saco de moedas com uma faca por cima, podendo trocar alguma da tua vida pelas moedas.
As moedas podem ser usadas para comprar items em duas salas especiais: no Hungin’s Shop, que vende poções, armaduras ou equipamento de utilidade; e no Munnin’s Armoury, onde se vendem as armas.
Só podes ter 4 peças de equipamento contigo, sendo que cada peça pertence a uma parte do corpo, e não podes ter 2 peças da mesma parte do corpo equipadas, apenas havendo a possibilidade de substituir a que tens equipada por uma nova que encontres.
O equipamento dá vários buffs tanto ofensivos como defensivos, como aumentar a tua velocidade, ou fazer os disparos explosivos. Penso que isto por vezes origina situações bastante divertidas, como juntar vários items que te dão velocidade, de modo a seres tão rápido que até se torna difícil de controlar a personagem.
Há uma grande selecção de armas, desde vários tipos de pistolas, metralhadoras, shotguns, até rocket launchers e armas de energia. Apesar de só se poder ter equipada apenas uma arma, não é algo que limita muito a jogabilidade, pois o aspecto rítmico é o que dá a complexidade ao jogo.
Como já tinha referido, todas as acções que vais fazer vão ter de seguir a música. Felizmente, Bullets Per Minute acertou bastante bem neste aspecto, com cada nível sendo acompanhado do início ao fim pelo seu próprio tema de rock épico, algo que encaixa bastante bem com a acção do jogo.
Depois de te habituares, e ao derrotares alguns bosses, vais ter acesso a mais personagens jogáveis, cada uma com uma arma inicial diferente, e também com alguns stats únicos, como ser mais rápido, ou ter bastante armor.
Os bosses são sólidos, tendo cada um, uma série de ataques únicos que irás ter de aprender a desviar-te e a reagir, alguns mais focados em simular uma dança com os seus ataques sincronizados, outros apenas em posicionamento e movimento, com ataques que te irão forçar a mexer bastante.
Se quiseres uma pausa do modo principal do jogo, tens também alguns challenge modes ao teu dispor. Estes variam entre um modo com a gravidade baixa, ou um em que o chão é lava, e terás de te manter no ar com infinitos saltos, entre outros.
Algo importante a mencionar é que, caso não estejas a conseguir seguir o ritmo com consistência, há uma opção que aumenta a margem de erro para as tuas acções, até ao ponto de fazer tudo automático. Apesar de achar que Bullets Per Minute é melhor experienciado seguindo a sua ideia original, são sempre bem-vindas opções como estas.
O jogo foi fácil de correr, pelo que joguei num PC com uma rx 480 8Gb e um i7 4770k com 16Gb de ram, apenas com umas pequenas quedas quando haviam explosões de partículas ao derrotar os bosses.
BPM: Bullets Per Minute já se encontra disponível para PC na Steam e GOG, sendo que mais tarde irá chegar às bibliotecas da PlayStation 4 e Xbox One.