O remake live-action da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões, foi recentemente criticado por Peter Dinklage (Tyrion Lannister em Guerra dos Tronos) por ter escolhido actores anões para interpretar os companheiros da personagem principal.
O mesmo não teve papas na língua durante um episódio do podcast WTF, de Marc Maron, esta segunda-feira:
“Sem ofensa para ninguém, mas fiquei um pouco surpreendido quando se mostraram orgulhosos de escolher uma actriz latina para interpretar Branca de Neve – no entanto, continuam a contar a história de Branca de Neve e os Sete Anões. Parem e pensem sobre o que estão a fazer aqui. Não faz sentido para mim. São progressivos de uma forma mas continuam a fazer uma história retrógada de sete anões que vivem numa caverna. Que raio estão a fazer? Será que não consegui fazer nada para avançar a causa do interior da minha caixa de sabão? Não devo ser barulhento o suficiente.”
Apesar de muitos terem apoiado o actor na sua demanda, muitos mais vieram a criticá-lo por acharem que os seus comentários sejam destructivos para o mercado de actores anões, os quais já têm dificuldade em arranjar trabalho pela sua condição.
Choon Tan de 27 anos, e Zita Ferry de 32 anos sofrem ambos de nanismo e fizeram parte de produções de Branca de Neve no Reino Unido, onde sempre se sentiram “inclusivos e mágicos”. Os mesmos temem ainda que as declarações de Peter Dinklage venham a arruinar os seus meios de subsistência, caso a indústria do entretenimento decida começar a evitar contratar anões com medo de ser acusado de estereotipar os mesmos.
O facto de Dinklage ter interpretado um anão em Guerra dos Tronos, uma personagem que era constantemente ridicularizada pela sua condição, fez com que Choon o chamasse de “hipócrito”, elaborando:
“Muitos dos meus colegas e eu próprio subsistem deste tipo de trabalho, e trata-se de abraçar a nossa originalidade porque quando interpreto um papel, faz-me sentir único, como se o foco de luz estivesse em mim. É uma experiência mágica e só o facto de estar no palco ajuda muito na minha confiança. Acho que todos aqueles que o fazem, fazem porque gostam. Não o fariam de outra forma. Eu encorajaria a Disney a manter-se fiel ao produto original. Os miúdos adoram e eu acho que não há nada de errado em haver anões em Branca de Neve e os Sete Anões. [As declarações de Dinklage] vão ter um efeito devastador porque muitas pessoas vão achar derogatório ter um anão num determinado papel. Já tive pessoas a contratar-me para entretenimento e outras coisas e também eles tinham essa preocupação, dizendo que não sabia se iriam contratar-me. Mas não se sintam mal porque eu não me sinto mal desde que seja respeitado.”
Já Zita Ferry comentou: “Honestamente, sinto que produções como esta são boas para anões como eu. Se a Disney não usasse actores anões, seria mais uma coisa que estariam a tirar-nos. Peter Dinklage fez uma quantidade exorbitante de dinheiro em Guerra dos Tronos, uma série onde os personagens se referiam a ele com termos incrivelmente insensíveis. Se ele está tão contra o uso do termo ‘anão’ ou semelhante, ou até de actores anões, será que ele teria feito parte da série de todo?”
A Disney já respondeu aos comentários de Dinklage, assumindo:
“Para evitar reforçar estereótipos do filme animado original, estamos a tomar uma abordagem diferente com estes sete personagens e temos consultado membros da comunidade de nanismo. Estamos ansiosos por partilhar mais à medida que o filme avança para a fase de produção depois de um longo período de desenvolvimento.”
O filme ainda está a alguns anos de ser lançado, mas tem consultores culturais, tal como fez com Aladdin e Mulan, e está em desenvolvimento há três anos. O estúdio tem estado a reimaginar as personagens anões desde os primeiros estágios de concepção e tinha intenção de que estes fossem CGI/animados antes de ter decidido optar por actores com nanismo.
Branca de Neve e os Sete Anões terá Rachel Zegler e Andrew Burnap nos papéis principais, e Gal Gadot como Rainha Má, com realização de Marc Webb e produção de Marc Platt, responsável pelo live-action d’A Pequena Sereia.