Olá e sê bem-vindo a uma bit-nálise especial! Estarás certamente confuso por esta categorização, mas na procura em proporcionar conteúdo correspondente ao nível de uma franquia como Call of Duty, rapidamente compreendi que uma boa análise deste megalodonte necessitaria de uma longa reflexão. Assim, esta será a primeira de três, focada solenemente no modo campanha, um enredo em múltiplas partes que continua logo após o climático final de Call of Duty: Modern Warfare II. Agora, a Task Force 141 enfrenta e persegue o ultranacionalista Vladimir Makarov através de 15 missões, antes que este cause danos irreparáveis à sociedade ocidental.

Fora a introdução à lá letra de caixa de cereais, o Modo Campanha de Call of Duty: Modern Warfare III é o mais fraco da franquia até à data, roçando o rodapé de ser bastante aborrecida em vários momentos. É desapontante dizer isto como fã das artimanhas e desventuras dos protagonistas que compõem a Task Force 141, mas a verdade é que o enredo desta vez simplesmente não ultrapassa ou sequer satisfaz a barreira posta pelas iterações anteriores.

alt text
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/pt-pt/games/call-of-duty-modern-warfare-iii/

Embora a base de fãs de um Call of Duty gire em torno do modo multiplayer ou zombies, a réstia que adora a campanha tem sido premiada com mais altos do que baixos desde os inícios marcados pelo primeiro Modern Warfare em 2007. Afinal de contas, desde então, a franquia e subsequentes subtítulos (Black Ops + Modern Warfare) adotaram um teatro de guerra mais pessoal e dramático, com um frenesim característico e dependente de cinemáticas e sequências pré-programadas.

Quem não se lembra da missão All Ghillied Up do primeiro Modern Warfare? Uma aula magistral sobre como induzir tensão disparando poucos ou nenhuns tiros. Ou até No Russian de Modern Warfare 2(2009) e como esta revelou ser dos exercícios mais provocantes (e agoniantes) em memória recente? A campanha deste Modern Warfare III quase cai no esquecimento, não fossem dois níveis que certamente passarão por baixo do radar pela mediocridade do restante.

alt text
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/pt-pt/games/call-of-duty-modern-warfare-iii/

Para evitar spoilers não discutirei especificidades mas ambos lutam contra a temática do terrorismo onde um deles, intitulado Passenger, lida com as várias farsas e mentiras que controlam a opinião pública. É um exercício psicológico que trabalha os neurónios em gerir várias perspetivas diferentes de uma situação aparentemente clara. O outro, Flashpoint, serve como uma antítese narrativa ao No Russian, com um carga emocional completamente diferente, prometendo induzir um misto de emoções repugnantes a quem passar por ela.

As restantes são autênticos chouriços para encher o que está em falta desde o início: uma linha narrativa, com impacto, traduzida em jogabilidade não através de cinemáticas, mas sim momentos onde a agência do jogador está mais ativa. A missão que mais perto esteve deste sentimento foi Deep Cover, uma infiltração linear que dura 5 minutos onde, infelizmente, 2 e troca-o-passo são cinemáticas expositivas. Fora o terrível cliffhanger anticlimático com que a campanha acaba, e as duas missões acima identificadas, Modern Warfare III tenta passar pelo nosso beiço um enredo cheio de riscos que falham em elevar qualquer fasquia.

alt text
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/pt-pt/games/call-of-duty-modern-warfare-iii/

Larga parte da responsabilidade passa pelas OCM’s, ou Open Combat Missions, misturadas entre as outras operações, sendo a resposta da franquia ao desenho linear da narrativa até à data. A promesa nos folhetos informativos do título fala em abordar as missões à tua maneira, com uma escolha entre ser furtivo ou agressivo. Não só isto não se traduz por completo na realidade, como a execução das mesmas são aborrecidas e monótonas.

Isso acontece porque estas OCM’s são sandboxes (caixas de areia) onde o jogador tem completa liberdade em abordar os objetivos como uma lista de compras. Em papel a ideia aparenta ser o próximo passo, mas a escolha entre ser furtivo ou agressivo revela-se ilusória, onde a mínima agressão soa o alarme e num instante, em boa gíria portuguesa, limpam-te o sarampo, causando frustração. Desta forma, senti que a única abordagem com sentido é o estilo furtivo com armas silenciosas.

alt text
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/pt-pt/games/call-of-duty-modern-warfare-iii/

Não ajuda estes mapas estarem repleto de colecionáveis em caixas laranja como weapon blueprints ou armaments (killstreaks) quase retirados de um DMZ ou Warzone. Cada um desbloqueia um dos elementos acima, personalizáveis antes de cada OCM iniciar, melhorando o teu loadout inicial. Irritante foi, no entanto, vasculhar o nível na procura por estes colecionáveis e ter o rádio sempre a gritar nos tímpanos para ter atenção ao objetivo principal; irónico tendo em conta que as missões propõem maior liberdade.

Contudo, o que azeda ainda mais as OCM’s são estas partilharem as mesmas weapon blueprints e armaments, ou seja, entre missões não existem loadouts diferentes para colecionar e experimentar. Posto isto, é de caras que Modern Warfare III estava mesmo planeado como um DLC para Modern Warfare II, não fossem os troféus da versão PlayStation 5 estarem categorizados sob o título acima referido e sem platina.

alt text
Captura de ecrã retirada de https://www.playstation.com/pt-pt/games/call-of-duty-modern-warfare-iii/

Vale a pena jogar o Modo Campanha de Call of Duty: Modern Warfare III? Desconsiderando a pergunta retórica e concluindo, por outras palavras, ou seja, em resumo, não.

Esta foi a quinta bit-nálise, análise tão curta que nem um bit ocupa, e uma num especial de três (campanha, multiplayer e zombies). Em baixo podes contar com a ficha técnica:

Nome e Preço: Call of Duty: Modern Warfare III79.99€
DLC e Preço: Uma batelada deles por isso consulta aqui sob separador Suplementos
Desenvolvedor: Sledgehammer Games, Inc. (primário)
Editora: Activision Blizzard Int'l BV
Metacritic: Call of Duty: Modern Warfare III
HowLongToBeat: Call of Duty: Modern Warfare III (2023)
Conquistas: Call of Duty: Modern Warfare III (2023) Trophy Guide & Roadmap
Testado numa: PlayStation 5
Agradecimentos: Obrigado à editora pela cedência de uma chave para bit-nálise
Ulisses Domingues
Desde muito cedo um confesso apaixonado pelos mundos da PlayStation e consolas Nintendo. No entanto a vida dá muitas voltas e agora o seu amor foca-se nas novas Xbox Series. Nada como paixão à primeira vista, não é verdade?