Não seria um ano normal na indústria dos videojogos se não saísse um novo Call of Duty, e assim a Activision cumpriu. Vamos então falar de Call of Duty: Vanguard.

Antes de começar a dissecar o titã, deixo apenas a indicação de que já não considero a saga Call of Duty como historicamente correcta, ou, até no caso de Vanguard, desrespeitadora da História da humanidade. Deixo esta indicação pois se jogaram o originário da saga, terão a perfeita noção de que este capta uma essência ímpar, apelando ao realismo e medo que um conflito como a 2ª Guerra Mundial trouxe.

Não obstante, olho para o Call of Duty “atual” como olho para a saga Velocidade Furiosa (embora o último tenha sido muito mau, mesmo tendo em conta os padrões de Dominic e companhia), são jogos/filmes de pipocas. A história não tem qualquer pingo de realismo, servindo agora para encantar os olhos do espectador com momentos tensos e segmentos incríveis.

Começando então pela história, seguimos os Vanguard, uma elite de soldados composta pelo seu líder Arthur Kingsley, um paraquedista britânico, aliado de Lucas Briggs, um australiano que só se sente bem a rebentar com coisas. Para uma fuga confortável convocaram o piloto Wade Jackson e, embora em último é sem dúvida a melhor personagem do jogo, temos Polina Petrova, uma incrível atiradora soviética com conhecimentos medicinais acompanhada da sua sniper e sem nada a perder.

Esta elite é então destacada para se infiltrar num dos quartéis da Gestapo (para não variar, nazis…) e descobrir em que consiste o Project Phoenix. O plano não correu como pretendido, levando a que estes fossem capturados e interrogados por Jannick Richter, um membro das SS. Não sei o que chamar a Jannick Richter visto que este é tudo menos um vilão, servindo apenas como intermediário (e um péssimo interrogador). No entanto, é nestes interrogamentos que vamos revisitando algumas missões dos Vanguard, de forma a termos uma ideia do seu historial.

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À medida que vamos recriando cada memória com os Vanguard, passamos por vários cantos no mundo. A diversidade nas especializações dos soldados também entra em destaque nestas missões, com por exemplo os níveis de Polina a concentrarem-se mais na ação furtiva (visto esta ser incrivelmente rápida). Já com Jackson somos levados num passeio acima das nuvens, numa missão em que embora os controlos sejam uma tarefa de dominar, a vista e os segmentos são simplesmente arrebatadores.

Embora as missões sejam diversificadas e bastante entretidas, a história acaba por deixar um vazio na memória visto que nem segue uma única linha coesa. Aliás, para um jogo centrado num grupo de super-soldados, posso dizer que, dentro de uma campanha que em si é bastante curta (cerca de 6 horas), podemos ver estes soldados todos juntos em cerca de 2 missões.

A saga começa a seguir um caminho (literal) que por vezes torna as missões frustrantes. O chamado “corredor” dos níveis, onde se andamos 2 passos para a direcção errada recebemos uma mensagem enorme a dizer que nos estamos a desviar do objetivo, quer dizer… Os níveis não são enormes, é assim tão mau darmos 2 passos em falso? Não se percebe esta implicância em forçar o jogador a correr sempre em frente sem poder explorar o que está à volta. Outra insistência vem da obrigatoriedade de combater ondas de soldados, o que torna certas partes das missões repetitivas e acaba por estragar o que as pode tornar memoráveis.

Com a saga no bolso, dediquei-me ao multiplayer e aos zombies, o que me leva a relatar boas e más notícias.

Começando pelas más: o modo Zombies não é 1/3 do que costuma ser. Temos à nossa escolha a missão Der Anfang (“o início” traduzido do alemão), onde recebemos vários objetivos e temos de os ir cumprindo para passar à fase seguinte. Esta linearidade vai contra tudo o que o modo Zombies sempre representou em Call of Duty, onde mapas como IX de Black Ops IIII introduzem armas e uma mitologia espectacular. Esperemos que os próximos mapas tragam a mística que sempre apelou aos jogadores de Zombies.

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Passemos então às boas notícias: o modo multijogador está mais refinado do que nunca.

Temos agora, para além dos diferentes modos de jogo, um tipo de ritmo (Combat Pacing) para escolhermos. Queremos um jogo rápido onde morremos assim que nascemos ? É só seleccionarmos Blitz. Algo mais parado, onde podemos chamar 5 amigos e dominar pela táctica ? Então o modo a escolher é homónimo (Tactical). Por fim, quando não queremos extremos, temos então Assault, um intermédio que chama entre 14 a 36 jogadores com mais ritmo que Tactical mas não tão frenético como Blitz.

Temos ainda o novo modo Patrol, onde arcamos com a responsabilidade de ocupar uma zona predeterminada do mapa e impedir que os inimigos se aproximem da mesma (uma pseudo Domination).

Vanguard traz consigo vários modos que agradam a todos os jogadores, acompanhado do que são possivelmente os melhores visuais que podemos encontra num FPS actual. Pouco faltará para um motor fotorrealista, sendo que o IW 8.0 nos traz uma beleza mórbida nestes cenários bélicos.

A banda sonora está também num calibre acima do normal. Produzida por Bear McReary (ganhou um BAFTA pelo trabalho em God of War e está a trabalhar em Ragnarok), traz uma motivação adicional às missões, complementando de forma excelente os diferentes ritmos das personagens.

CONCLUSÃO
Um nível acima de Cold War
7.3
call-of-duty-vanguard-analiseCall of Duty: Vanguard está sem dúvida um nível acima de Cold War, no entanto, e isto não é algo mau por assim dizer, não acompanha a qualidade de Modern Warfare (2019). A campanha, embora visualmente excelente, deixa um dissabor do que podia ter sido se desenvolvesse mais o esquadrão. Com um multiplayer bastante refinado e o modo zombies aquém do costume, fica-se por uma entrada sólida, mas com imensa promessa.