Zombies e Lobisomens vão e vêm, mas nós no fundo sabemos que os verdadeiros Reis da noite são os vampiros e aqueles que os perseguem.

Os vampiros, em particular, possuem um enorme espectro de variedades, desde aristocratas sedutores a terríveis monstros predadores das trevas. Estas criaturas sempre pertenceram ao folclore de culturas diferentes, mas quem os introduziu realmente ao mundo do entretenimento foi Drácula (1897) de Bram Stoker. Claro que já havia outros trabalhos notáveis deste género como Carmilla (1871), por exemplo, mas o impacto do Conde ainda se sente nos dias de hoje.

É pena que nunca se tenha feito uma adaptação digna desta obra literária.

Mina Harker apanhadinha pelo Conde?! A sério, Hollywood?! Que assassínio de caracterização… (Orlok, a ti eu perdoou-te. Tu és porreiro.)

No mundo dos videojogos, quando se fala destas criaturas, o primeiro nome que vem sempre à cabeça é Castlevania da Konami. Nesta série de videojogos de plataforma, seguimos os caçadores de vampiros do clã Belmont, aliados e sucessores na luta contra as forças das trevas de Drácula, com a acção (na maior parte do tempo) a passar-se no seu castelo.

As primeiras entradas são muito tradicionais, por vezes com níveis alternativos para aumentar um pouco a variedade mas, por norma, são considerados videojogos lineares.

Anteriormente em Castlevania…

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Castlevania: Symphony of the Night desprendeu-se dessa fórmula e fez uma fusão com os mundos não-lineares para exploração de Super Metroid (1994) da Nintendo com elementos de Roleplay. O impacto foi estrondoso e solidificou um género que hoje chamamos de “Metroidvania”, um nome que faz referência a estes dois videojogos.

Symphony of the Night começa com uma recapitulação jogável do nível final de Castlevania: Rondo of Blood (1993), onde assumimos a pele de Richter Belmont na sua luta final contra Drácula. Tal e qual o início de um novo episódio de uma série televisiva onde somos lembrados do que se passou na semana passada.

Foi a primeira vez que vi fazerem um segmento deste género neste médium.

Gostei muito e acho que era algo que se devia fazer mais vezes nas inúmeras sequelas lançadas pela indústria. O caçador é vitorioso e após quatro anos nos eventos da história começa o videojogo em si. Alucard, filho de Drácula, aliado dos Belmont e uma das personagens jogáveis de Castlevania III (1989), acorda de um sono profundo de vários séculos e vai investigar no castelo do Conde a origem do poder negro que o fez regressar ao mundo dos vivos.

Na entrada do castelo, Alucard é-nos apresentado como sendo extremamente poderoso, e conseguimos eliminar os inimigos com facilidade. Já dentro do castelo, o nosso equipamento é roubado e começamos da estaca zero. Foi um pequeno cheirinho para mostrar como é que ficamos mais adiante no videojogo, e um incentivo para continuar.

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A exploração do castelo é bem balançada. Não somos atirados às três pancadas. É como se fosse feita em “árvore”. No início, não temos muito por onde ir mas muitos dos caminhos bloqueados vão-se desdobrando à medida que avançamos no videojogo. Com isso, vão aparecendo cada vez mais possibilidades para escolher, o que é ideal para aqueles que não têm muita experiência neste tipo de videojogo.

E aqueles que conseguirem desvendar o verdadeiro mistério por detrás da historia têm ainda acesso ao dobro das salas para explorar! Com a inclusão deste novo género na série, Alucard tem os seus próprios atributos e inventário. Estes são expandidos à medida que derrotamos vários inimigos e adquirimos novos artefactos, fazendo contraste às das personagens estáticas mais clássicas da série.

Mas estes conceitos são implementados sem sacrificar a identidade da série.

Podemos usar as bem conhecidas armas alternativas que utilizam a munição encontrada escondida por detrás das velas. Também as personagens Boss largam upgrades de vida da mesma maneira que os seus precursores morriam nos videojogos mais antigos, por exemplo. A habilidade que Alucard tinha em Castlevania III de se transformar num morcego, é expandida para novas transformações como lobos e neblinas em referência a outros poderes menos comuns que os vampiros costumam ter em algumas obras mais tradicionais.

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A arte é fenomenal. As personagens largaram as suas raízes de anime genérico para adquirir a sua própria identidade baseada num estilo gótico e mais sombrio desenhado por Ayami Kojima que dá logo outro ambiente aos nossos invasores e às criaturas que assombram as alas deste castelo negro.

Os monstros em si são retirados de inúmeras culturas e obras diferentes, e apesar de alguns deles serem reciclados directamente de Rondo of Blood, criam um ambiente sólido no percurso desta aventura.

Apesar do videojogo ser sério, há espaço para algum humor.

Por exemplo: o artefacto que dá o poder a Alucard de andar livremente debaixo de água é referido como sendo um símbolo sagrado, mas o seu aspecto dentro do videojogo mostra que não passa de um tubo de respiração para uma máscara de mergulho. Ou quando Alucard se lembra de algo que se passou em Castlevania III, esta memória aparece em gráficos de estilo 8-bit.

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Este é um videojogo que é amado por todos os fãs de Castlevania e da 1ª PlayStation (onde o videojogo foi lançado originalmente) e abriu um novo caminho para este franchise, onde grande parte das sequelas seguiram o mesmo formato.

O videojogo é praticamente perfeito em todas as frentes que aborda. É uma experiência imperdível para todos os jogadores de videojogos, que devem tocar em Castlevania: Symphony of the Night pelo menos uma vez na sua vida.