São já 23 anos que passaram desde que a Square Enix (na altura Squaresoft) se lançou naquilo que era uma das maiores tendências dos videojogos no final da década de 90 e início dos anos 2000, jogos de corridas de Karts. A ‘culpa’ deste estrondoso sucesso, deve-se nada mais, nada menos a Mario Kart 64, um dos jogos mais icónicos da história, responsável por grande parte das vendas da consola da Nintendo na época: Nintendo 64.
Mario Kart 64 não era novidade até então, já que o primeiro jogo de corridas da série do canalizador havia sido lançado na Super Nintendo, em 1992, mas foi na era da Nintendo 64 que teve um impacto ressonante, uma vez que trouxe consigo uma nova dimensão e perspectiva 3D, com uma visão de jogo expansiva e emocionante, com pistas desenhadas com o maior dos caprichos, onde era possível interagir com diferentes tipos de terreno e objectos de maneiras infindáveis, tornando cada corrida com ou sem amigos, algo único e irrepetível, que perdura até aos dias de hoje.
O sucesso deixado por Mario Kart 64 tornou-se rápidamente um fenómeno com um vasto legado que não parece ter fim, e nos anos seguintes após o seu lançamento todas as plataformas queriam ter um pedaço do seu sucesso. Não só com Mario, mas a Nintendo logo se apressou para criar Diddy Kong Racing (1997), como também a Playstation com Crash Team Racing (1999), e mais títulos foram surgindo como Chocobo Racing (1999), Muppet RaceMania (2000), Looney Tunes: Space Race (2000), Konami Krazy Racers (2001), entre outros. 23 Anos depois, cá estou eu, contente por continuar a consumir mais e mais deste viciante e divertido estilo de jogo.
Uma proposta ChocoGratuita
Chocobo GP chegou de forma exclusiva para a Nintendo Switch, e curiosamente, recebe uma abordagem não tanto convencional por parte da Square Enix, que nos entrega uma versão gratuita, e outra paga. O modo gratuito é composto do que para mim é o melhor modo de jogo e que dá nome ao título: Chocobo GP.
Este modo é, essencialmente, um torneio de 64 jogadores, que terão de competir entre si em várias corridas em forma de eliminatórias, e os vencedores irão passando até à final como um Gran Prix, numa espécie de um Battle Royale dos dias atuais, se quisermos ser mais radicais na designação. Este modo conta com missões diárias e desafios, que poderás completar para ganhar créditos e adquirir algumas das imensas customizações disponíveis para cada personagem, e quanto mais subires nas eliminatórias, mais prémios receberás!
Compreendo completamente a direcção abordada pela Square Enix aqui, considerando a quantidade de 64 jogadores, que com toda a certeza enche as salas cheio graças a essa versão. Toda a interface parece saída de um jogo mobile que apenas é distinguido por não ter constantes anuncios a aparecerem-nos no ecrã, tudo o resto é perfeitamente equiparável.
O modo história pode também ser jogado por quem adquiriu a versão gratuita, ainda que com menos personagens. Esta versão lite como é chamada, apenas se limita ao multiplayer com amigos, e localmente, algo que não considero essencial, tendo em conta as alternativas praticamente ao mesmo preço no mercado, como Mario Kart 8. O meu conselho fica por adquirires a versão gratuita, já que os melhores modos de jogo estão disponíveis nessa versão.
Uma vez que comecei pelo modo história, aconselho que seja esse o primeiro conteúdo em que te foques caso invistas o teu tempo em Chocobo GP, já que é neste modo que aprenderás todas as manhas para dominar este título — não que seja especialmente difícil para quem já jogou jogos do género —, e será onde desbloquearás alguns dos melhores personagens presentes.
A história é contada por capítulos cheios de diálogos fofos e infantis — kweh — e tem uma proposta interessante para o tipo de género, mas que aborrece rapidamente, como seria de esperar. Tudo começa quando um Moogle amoroso descobre uma estranha energia que supostamente realizaria um desejo a quem vencesse uma série de corridas.
Isto seria bom na prática, até que alguns dos vilões aparecem também com alguns dos seus mirabolantes veículos, prontos para ficarem com o “ouro”. Este modo pode ser finalizado em cerca de 4 a 5 horas, e 70% (ou até mais) é aplicado nos diálogos, portanto, terás que ter muita paciência para acompanhar as aventuras dos Chocobos e companhia, podendo saltar todas as cutscenes caso não exista essa paciência, de todo. O bom disto tudo é que ali pelo meio apanharás algumas referências a jogos de Final Fantasy, e ficarás a conhecer algum passado distante desta misteriosa raça de aves — kweh —.
Jogabilidade divertida, mas facilmente esquecível
Ao contrário da ambição mostrada com microtransações e sistema de battle pass incluído no jogo, Chocobo GP mostra-se muito do lado oposto no quesito de jogabilidade: um jogo timido, e facilmente esquecível.
Tal como na maioria dos jogos da vasta oferta do mercado atual de racing karts, contamos com o sistema tradicional de drift seguido de nitro, itens de power ups que naturalmente atacam os oponentes, ou beneficia-nos de alguma forma — seja através de boost, teletransporte ou invencibilidade durante uns poucos segundos —, e também com uma habilidade especial única de cada personagem, aqui, já mais inspirado no brilhante Sonic & Sega All-Stars Racing. Algumas destas habilidades são interessantes e bem construídas, e outras um tanto rústicas, mas é super interessante explorar cada uma delas e dar umas risadas quando são aplicadas. Estes poderes máximos são ativados após colectar shards obtidos durante a corrida ou em itens mistério durante as corridas.
Os veículos também são muito únicos e peculiares, com um vasto leque de diversidade. Temos carros, motas, patins, e até tanques pesados, e o equilíbrio das estatísticas de cada jogador é surpreendentemente equilibrado, uma vez mais a pensar no sentido de competitividade de maneira a ‘agarrar’ os jogadores online. Neste campo não falta criatividade.
Os movimentos do veículo de acordo com a respectiva personagem, respondem de forma razoável, ideal para qualquer idade e experiência em videojogos. Em poucos minutos consegue-se descobrir alguns segredos básicos para dominar os poucos circuitos do jogo. O problema, (uma vez mais perdoem-me insistir nesta comparação mas é inevitável), é que para quem joga habitualmente Mario Kart 8, sentirá uma enorme diferença na qualidade de gameplay, e especialmente nos detalhes dos circuitos, que a meu ver, são preguiçosos, repetitivos e com imensa falta de vida e ligações ao próprio universo onde Chocobo fez a sua primeira aparição.
A experiência audiovisual é toda ela no geral mediana, fazendo jus à qualidade geral do jogo. Visualmente, apesar de ser um título que não se destaca do mesmo brilhantismo de outros do género, tem os seus lados positivos, especialmente no design dos personagens, todos eles coloridos e marcantes após a primeira vista. Já o seu audio como um todo, é de medíocre para baixo, com pouca presença sonora durante as corridas, e especialmente com a musica principal que aparece em qualquer dos menus do jogo, chata e irritante até mais não, e mais problematica ainda quando não a consegui tirar do pensamento. Aliás, enquanto escrevo esta análise, cá estou eu, novamente assombrado por este tema, e a cantarolar novamente.
Tentando-me desligar um pouco da vertente mais polémica que são as microtransações implementadas só porque acho que não merece de todo a atenção de nós, jogadores, não podia deixar de mencionar que para completares uma season pass destas terás muitas corridas pela frente, facilitando se apostares nos torneios online de Chocobo GP, e claro, se pretenderes as melhores recompensas, terás mesmo que investir dinheiro.
Chocobo GP já está disponível exclusivamente para Nintendo Switch.
Agradecemos à Square Enix e Nintendo Portugal pela gentileza do código cedido para análise.