Conheci esta saga no início do século XXI, entre 2000 e 2001, no meu velhinho pentium III, e mesmo que todos os meus jogos instalados fossem deste tipo de estilo (Age of Empires, Rise of Nations, Populous: The Beginning) Commandos tinha algo de especial. A maneira como interagiamos com os objectos, o stealth, a dificuldade e o sabor da conquista, fizeram esta franquia ganhar um sabor especial, algo que recordo até ao presente dia com imensa nostalgia.

Lançado no dia 9 de Abril para PC e pela primeira vez consolas, Commandos: Origins trata-se de uma prequela que tenta resgatar o espírito tático e furtivo da série clássica, agora sob a alçada da Claymore Game Studios e distribuido pela Kalypso Media, feito em Unreal Engine 5.​

Commandos: Origins traz o espírito nostálgico consigo, e inova, apresentando gráficos aprimorados e ambientes detalhados. Agora, poderás rotacinar a câmara em 3D, proporcionando uma melhor visão estratégica do campo de batalha. A interface também foi modernizada para atender aos padrões atuais, com controlos mais intuitivos e personalizáveis mas ainda assim aconselho vivamente este tipo de jogo ser jogado com rato e teclado.

A narrativa começa no norte de África, onde o nosso icónico sargento boina verde encontra-se preso. Ao ser resgatado durante a missão do tutorial, torna-se o primeiro membro do grupo. Ao longo do jogo, é sempre bom testemunhar a camaradagem entre os membros da equipa que no geral, são muito casmurros e pouco simpáticos. Este desenvolvimento adiciona profundidade emocional à narrativa, ainda que em pequena escala, mas tem os seus momentos.

O jogo mantém a essência de estratégia em tempo real com foco em infiltração, com 14 missões ambientadas em cenários variados da Segunda Guerra Mundial, como o norte de África e o Ártico. Se já conheces a franquia, irás reviver aqui alguns dos personagens mais icónicos, como o boina verde Jack O’Hara, o Sapper, o Sniper, o Driver, o Marine e o Spy. Cada personagem possui habilidades únicas que devem ser coordenadas para superar os desafios das missões, e a curva de aprendizagem pode parecer um pouco complicada, mas depois de teres umas luzes sobre os papéis exclusivos de cada um, verás que tudo se torna mais fácil.

Sobre algumas das novidades, o jogo apresenta o modo de comando, que permite planejar e executar ações simultâneas com múltiplos personagens para novas abordagens estratégicas mas não funciona muito bem. Ainda assim, deveria ser usado para facilitar mais o processo. Este processo pode ser complicado para os mais novatos, porque Commandos (e não me referindo apenas a Origins), deve ser olhado com um jogo de quebra-cabeças, em que cada movimento e peça movida conta para acabar com a presa, e qualquer movimento mal efectuado, pode ser a derrota completa do cenário.

O jogo mantém a essência do primeiro, trocando pouquissimas vertentes dos originais, e ainda bem que assim o é. Ainda assim, sinto falta de algumas das músicas clássicas, e das falas originais. A história nunca foi o grande ponto alto da série, e mantém o nível de simplicidade. A interface é também um pouco desajustada para 2025, faltando atalhos úteis para os jogadores especialmente de consolas. Encontrei também alguns bugs, em que algumas traps para ursos simplesmente desapareciam, ou o novo modo de comando que é muito irregular, e muitas vezes essa funcionalidade não funciona bem.

No quesito visual, o jogo é incrivelmente bonito e desenhado com carinho pelos detalhes mais minuciosos, com uma paleta de cores que está claramente no espírito dos clássicos. Nota-se que cada um dos mapas foi cuidadosamente pensado para oferecer oportunidades únicas de infiltração. Existe mais elementos interactivos que não havia nos originais muito pela falta de tecnologia dos anos em que foram lançados. Os modelos mantêm as características icónicas dos comandos originais, com cada personagem com animações únicas que destacam suas habilidades específicas, adicionando uma camada de realismo às acções em combate.

Um agradecimento especial à editora pela cedência de uma cópia digital para análise.

Disclosure: I received a free review copy of this product from https://www.keymailer.co

CONCLUSÃO
Respeito à saga!
7
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
commandos-origins-analiseCommandos: Origins é uma homenagem sólida à série clássica, com melhorias visuais evidentes e um respeito louvável pelas bases da franquia. No entanto, falhas técnicas, escolhas de interface e funcionalidades mal executadas impedem o jogo de atingir o seu verdadeiro potencial. Para veteranos da saga, a experiência será familiar e gratificante. Para novos jogadores, pode ser um desafio entrar — mas com paciência, é possível encontrar aqui um jogo estratégico envolvente e fiel às suas raízes.