Sempre fui um grande fã de jogos sandbox, mais especificamente de Terraria. A exploração, o ambiente, a música e a possibilidade de destruir e construir são alguns dos pontos chave nestes jogos. Terraria foi o primeiro jogo a mostrar-me a melhor maneira de afundar horas da minha vida num videojogo, sem grandes ressacas ou arrependimentos. E neste mês de setembro de 2024, por mero acaso, deparei-me com algo que me suscitou a minha curiosidade. Um jogo, de nome Core Keeper, evocou inúmeras vezes memórias relativas a Terraria à medida que ia apreciando o trailer de jogabilidade. Claro que, se estás a ler este artigo, é porque cedi à curiosidade e pus as mãos no jogo! Junta-te a mim, e vem explorar a minha dungeon de factos e opiniões de porque é que este é um dos melhores jogos que joguei este ano!
Core Keeper é um jogo de sandbox pixel art em 2D, desenvolvido pela Pugstorm e publicado pela Fireshine Games, no qual te coloca na pele de um explorador que se viu aprisionado num submundo misterioso, repleto de biomas. Rico em vida e minério, cabe a ti explorar todos os cantos desta MASSIVA área misteriosa, construir a tua própria base com os seus recursos e derrotar os vários Bosses que habitam nos vários recantos obscuros. É esta a simples, mas objetiva, “estória” de Core Keeper. O jogo não está virado para o plot, mas sim pelo “uau” de o jogador descobrir coisas novas a cada momento. É este o miolo do jogo, o miolo que me alimentou (e ainda o faz) nas muitas horas de jogo investidas.
Um jogo com muita exploração e muito a fazer
Core Keeper funciona mais ou menos como Terraria, só que numa vista aérea, algo semelhante a Stardew Valley. É inegável que a construção deste jogo foi feita com estes dois títulos em mente. E isso é completamente aceitável, pois acaba por ser na mesma um jogo original.
A criação da personagem é simples mas suficiente para deixá-la com o teu toque pessoal. Dado que temos uma espécie de Classe neste jogo, neste momento da criação, podes escolher o que desejas ser. Explorador, Minerador, Lutador, a escolha vai conceder-te Stats e itens iniciais que te beneficiarão logo no início do jogo. Já no momento de criação do mundo (que é aleatório) podes ajustar alguns parâmetros, como ter mais rios, menos túneis, sobreposição de biomas, etc. e ainda, para os que gostam de desafios, ajustar o nível de dificuldade. Como bónus podes também colocar uma “Seed” que é basicamente um extenso número que determina como o mundo vai ser gerado. As maneiras de personalizar a aventura são mais que suficientes!
Assim que chegas ao mundo subterrâneo, ficas por tua conta. Sem qualquer guia ou tutorial, tens que te desenrascar. Começas a partir pedra e a recolher madeira e minério. Aprendes a fazer uma mesa de construção e logo a seguir começas a criar as tuas próprias armas e a derreter minério na fornalha. Pouco a pouco vais aprendendo a fazer algo novo. E de uma forma natural progrides no jogo, explorando novos biomas e a derrotar as criaturas, extraindo recursos e itens que abrem portas a mais possibilidades.
Só para teres uma ideia da extensão de coisas que podes fazer em Core Keeper; podes plantar e cultivar; Podes preparar pratos com os ingredientes que encontras e/ou extrais; Podes até encontrar criaturas dóceis e colocá-las em estábulos para gerarem recursos; Podes construir quartos para alguns habitantes que possas encontrar por lá; Podes construir uma rede ferroviária para poderes atravessar o mapa mais rapidamente; Podes até construir máquinas automatizadas que extraem minério por ti. Isto é só uma fração do que podes fazer e é incrível saberes que tens sempre algo com que te entreteres, mesmo não estando a explorar.
Desenvolvimento da personagem
Outra coisa que achei super interessante é o desenvolvimento da personagem. Há medida que praticas algo como minerar, cultivar, lutar, etc. vais ganhando Skill Points que podes gastar numa pequena árvore de Skills da própria personagem. Estes Skills são muito benéficos e incentivam sempre o jogador a continuar a investir naquela personagem, em vez de estar apenas focado em equipamento novo. Isto também se aplica aos Pets (sim, também criamos Pets neste jogo!) já que estes também possuem um nível e possuem a sua própria mini árvore de Skills.
No que toca a equipamento e armas, estas podem ser separadas em várias categorias. Existem as armas de corpo a corpo, de longo alcance, mágicas e de invocação. O jogo deixa-te à vontade para experimentares qual o melhor estilo de combate preferes, sendo possível equipares a tua personagem em três perfis diferentes. Isto permite ajustares a tua estratégia no momento para obteres a melhor vantagem possível contra o inimigo.
As criaturas que se podem encontrar em Core Keeper são minimamente diversificadas. Em cada bioma podes encontrar diferentes espécies de inimigos, cada um com um estilo de luta diferente. Por exemplo, tens alguns que se transformam em pedra e avançam contra ti, partindo blocos por onde embatem; já outros podem não gostar da luz das tochas e avançam até elas para as apagar, mantendo a área sempre no escuro; chega ainda o ponto de haver alguns que colocam armadilhas no chão para te prenderem e outros que se escondem nos arbustos com caçadeiras. No que toca aos Bosses, estes são bem interessantes, onde cada tem o seu próprio padrão de ataque, mudando ligeiramente quando enraivecidos e com pouca vida.
Não tens que estar sozinho neste mundo
Se és pessoa de socializar, então sabe que em Core Keeper até 8 pessoas podem jogar online (apenas 4 na Nintendo Switch). Podes dar um código chave que permite a qualquer um (ou apenas amigos) entrar no teu mundo e ambos partilharem a aventura. Durante a minha análise, realizei algumas sessões de jogo com o colega Igor Gonçalves, que ainda nunca tinha experimentado algo deste género. É aqui que passo o teclado para o Igor deixar a sua opinião:
Igor Gonçalves:
Como novato no estilo, confesso que fiquei extremamente surpreendido com a proposta. Core Keeper atira-te para o seu universo subterrâneo com poucas informações e de uma forma vasta e até assustadora, mas talvez por ter estado a jogar com um grande conhecedor do estilo como o Bruno, a adaptação foi breve, e sempre muito natural. A experiência cooperativa intensifica imenso a aventura e transforma a exploração numa jornada épica, em que o esforço é partilhado e a recompensa sabe melhor de uma forma duplicada. Experimentei o jogo a solo, e nada bate a experiência gratificante que faz as horas passar sem dar conta, à medida que progredimos no jogo e desbloqueamos novas tecnologias. As risadas ou os momentos de surpresa, os sustos de mais tensão quando algum de nós atira uma pancada numa bomba e fugimos em pânico. É de facto uma satisfação tremenda construir e explorar este mundo subterrâneo juntos.
Igor Gonçalves:
Caso jogues a solo e queiras aventurar-te por outros mundos com amigos, podes literalmente exportar o teu personagem directamente, e com ele vem os seus equipamentos, habilidades e itens. O jogo não tem o sistema de auto-nivelação de níveis, já que isso acontece por zonas do mapa de forma procedural. Isto só torna o progresso mais conciso, e sentes que as tuas horas investidas poderão ter um significado mais tarde, por outros mundos de Core Keeper.
Infelizmente não temos crossplay entre as várias consolas e PC pelo que as decisões de compra devem ser bem ponderadas caso queiras jogar com alguém.
Olha, Pixels bonitos!
Olhar para os pixels em Core Keeper é uma verdadeira delícia! As cores vivas, o empenho colocado em cada bloco e a junção entre os diferentes tipos estão no auge da perfeição. Até a animação de minerar os blocos está bem original, fazendo parecer que estamos a bater em algo meio mole. Já no que toca à iluminação, esta é uma das melhores que já vi num jogo de pixel art. As sombras produzidas resultantes de fontes de luz estão divinais, especialmente quando “vistas” num ecrã OLED numa sessão de jogo em quarto escuro. Também não posso deixar de falar que a água a fluir nos rios estão absolutamente surreais e nem consigo perceber como é que os desenvolvedores chegaram a conseguir algo assim.
Com estas delícias visuais, o que é que calha mesmo bem? Uma grande banda sonora! Sim, posso afirmar que este jogo é para ser desfrutado com a sua linda banda sonora. Esta é composta por notas maioritariamente calmas, assentando que nem uma luva nos biomas do jogo. Além disso, ajudam a perceber se estamos num ambiente demasiado hostil ou não. Se gostarias de ouvir um pouco da banda sonora, Core Keeper disponibilizou a mesma no seu canal oficial de Youtube.
Antes de encerrar este capítulo, quero deixar a nota de algo que também me deixou surpreendido, que é tocar instrumentos! Poderás fabricar Pianos, Flautas, Bateria e até Ocarina e tocares as várias notas usando o teu comando ou teclado. Como se isso não bastasse, podes também fazer e encontrar partituras que fazem com que os teus instrumentos toquem a melodia por ti. Ainda que não tenha conseguido testar, imagino como deve ser giro estar com mais 7 pessoas, todas a tocarem o seu próprio instrumento numa espécie de concerto de orquestra!
A parte técnica da coisa
A maior parte da minha aventura foi feita na Steam Deck. Apesar de no modo portátil ter tido uma experiência no geral agradável, senti que o jogo puxa um pouco, o que é chocante dado estarmos a falar de um jogo 2D. Vi a minha bateria a terminar em pouco mais de 2 horas de jogo, mantendo as definições normais. Foi necessário baixar alguns efeitos luminosos e sobras para que pudesse obter mais 1-2 horas de jogo. Já no modo ligado à TV, notei de vez em quando uma redução de frames, especialmente em cenários com mais objetos, mesmo tendo reduzido os detalhes das sombras e das luzes. Outro problema chato que me deparei foi que ao usar a consola ligada à TV, apenas a música do jogo ficava a sair pela Steam Deck e não pela TV. Tudo o resto saía pela TV. Isto foi em certa parte resolvido forçando o jogo a correr numa versão mais recente do proton 9, mas penso que isto se resolva com um futuro update, cabendo aos devs dar a respetiva prioridade.
No decurso da análise, utilizei 99% das vezes o comando para jogar Core Keeper. O que posso dizer é: Se tiveres escolha, joga de teclado e rato. Gestão e organização de itens entre o inventário e baús de armazenamento, colocação de blocos de construção e a troca de itens na barra de itens de uso rápido em momentos críticos do jogo são algumas das constantes dores de cabeça que podes ter ao utilizares um comando. Vais certamente andar a pressionar botões feito louco a todo o momento, enquanto que num teclado tens logo acesso às teclas de 1 a 9 que garantem uma troca rápida entre armas e itens e um rato para facilitar a sua gestão e organização.
Ainda estou estupefato como um jogo deste “calibre” esteve desde 2022 (lançamento do Acesso Antecipado) fora do meu radar. Com o lançamento oficial do jogo em setembro, sinto que este será um jogo que será amado pela comunidade, incentivando os desenvolvedores a continuarem a enriquecer o Core Keeper com mais conteúdo!
Core Keeper já se encontra disponível nas plataformas Steam, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox One e Xbox Series X|S.
Em baixo segue o trailer do jogo, para que possas apreciar este misterioso mundo subterrâneo.
Agradecemos à Fireshine Games por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PC (Steam).