Já não devem faltar muitas actividades a constar no catálogo de género de simulação em formato de videojogo. O género tem-se expandido de tal forma ao longo dos anos que já há muito passou a constar como uma aposta séria no campo da experiência, na arte de transportar o jogador para o lado mais imersivo da experimentação. Os jogadores mais habilidosos, muitas vezes, acabam por passar ao nível seguinte, dando lugar à profissionalização. E exemplos de sucesso, que se iniciaram desde os mais rústicos simuladores até aos mais aprimorados, não faltam.
À primeira vista, Dave the Diver não tem nenhuma dessas intenções, nem para lá caminha. Através de um ambiente humorístico, com um estilo de arte onde mistura o 2D e o 3D com gráficos píxelizados, o jogador embarca numa experiência diferente, numa simulação com duas actividades que coincidem entre si. Sob o comando de Dave, o objectivo do jogador é bastante simples: durante o dia, terá a possibilidade de ser um mergulhador profissional; durante a noite, assumirá o controlo de um restaurante de sushi.
Apesar de ser uma experiência ritmada pela simulação, Dave the Diver é muito mais do que um mero simulador, mas sim um jogo que junta inúmeros elementos de simulação, RPG, aventura, acção; um prato cheio: um oceano de actividades, polvilhado com uma constante sensação de melhoria, de sede constante de saber mais, de explorar mais, de querer mais. E aquilo que um bom videojogo obrigatoriamente deve trazer: diversão. Tudo de uma forma rápida e genuína.
Dave the Diver é excelente para curtas sessões de jogo. Toda a experiência funciona sob uma espécie de roguelike, onde cada sessão nunca fica totalmente comprometida – fica quase sempre o lado da aprendizagem. Durante o dia, a exploração decorre no mar, sob as profundezas do oceano, onde inúmeras criaturas marinhas tomam conta e tornam o ambiente aquático animado. O jogador tem como principal desafio administrar o oxigénio de Dave, como missão poderá ter várias, dependendo do que lhe apetecer fazer em cada sessão de mergulho.
Ao longo do tempo, vão surgindo pedidos através de novas e antigas amizades de Dave. Explorar uma certa região nas profundezas do oceano, capturar um peixe específico ou adquirir um coral raro, são só alguns dos possíveis pedidos que vão aparecendo como actividades secundárias, mas as actividades não ficam só por aí. Ocasionalmente vão ocorrendo imprevistos, como Dave ser chamado, e dar continuidade, ao salvamento de golfinhos e outras criaturas marinhas, com um determinado tempo para ser concluído. De exploração livre, o jogador tem à disposição dezenas de espécies aquáticas para capturar, funcionando como uma forma de combate de acção, caso assim o entenda, mas pode muito bem só simplesmente embarcar numa viagem mais relaxante (entre as várias) a colecionar materiais.
Dave the Diver pode muito bem ser encarado como um jogo de circuito sem fim, e quanto mais se vai evoluindo, adquirindo novos materiais, e progressivamente avançando na aventura, o jogador poderá adquirir novas habilidades que lhe vão tornando a experiência mais simples, mais rápida e altamente mais proveitosa. Juntando a isso, novas criaturas poderão preencher o cardápio da actividade que toma conta do jogo durante os períodos da noite. A restauração.
Dentro do restaurante, Dave assume a postura de administrador, onde prepara as ementas do dia, a decoração do espaço, e, assim concluído, a execução e atendimento de todos os clientes. Dave the Diver passa assim a uma actividade diferente, onde leva o jogador a gerir emocionalmente uma série de pedidos muitas vezes em simultâneo. Quanto mais recursos o jogador colecionar durante o dia, maior proveito poderá tirar na preparação da ementa durante a noite no restaurante.
Tudo funciona de forma rápida e fácil. Dave the Diver é um jogo que não exige grande perícia aos jogadores, e para além da acção, da simulação, da experiência de personalização, há também espaço para uma narrativa ligeira que serve para enquadrar e tornar a história de Dave um pouco mais divertida. Há um bom leque de personagens carismáticas que vão assumindo o controlo da história, baloiçando entre o humorístico e o emocional, mas sempre com propósito e com excelentes animações para elevar ainda mais a experiência.
De entrada rápida e de mecânicas simples – pelo menos é o que o jogo nos dá a entender durante toda a experiência – a versão de Dave the Diver para a Nintendo Switch falha essencialmente no desempenho, sobretudo nos vários ecrãs de carregamento que vão surgindo a cada mudança de actividade, cortando muito a imersão de jogo. O que poderia ser uma experiência fantástica, principalmente pela possibilidade de jogar em qualquer lugar, com os constantes ecrãs de carregamento, a experiência fica muitas vezes comprometida a sessões mais aborrecidas e um pouco mais demoradas do que seria suposto.
Dave the Diver está disponível para a Nintendo Swith e para o PC ou Mac OS através da Steam.