Dezoito anos depois, o primeiro título da série Dead Rising teve direito a um “renascimento” por parte da Capcom e está agora disponível para as plataformas contemporâneas. Estaremos a presenciar o despertar de um “gigante adormecido” ou será que é um cadáver num elevado estado de decomposição? Descubram a resposta nesta análise da Squared Potato

2006 era um ano muito diferente na indústria dos videojogos. A sétima geração de consolas estava ainda estava na sua infância. No final desse ano, a Playstation 3 iria entrar no mercado norte-americano, enquanto que a Xbox 360 já celebrava um ano de vida. A Wii também estava prestes a sair também mas o campeonato era outro: o de cativar os jogadores casuais. Foi o primeiro vislumbre do que viria ser apelidado como a era da “alta-definição” nos videojogos.

Foi também o pontapé de saída para o início de muitos jogos que se viriam a tornar franchises lucrativos. E aí que entra Dead Rising. O primeiro título foi lançado exclusivamente para a consola da Microsoft e concebido por Keiji Inifune – figura maior da História da Capcom e apelidado, por muitos, como o “pai” de Megaman – este videojogo não escapava muito à faceta de terror da empresa nipónica que nos tinha habituado em outras instâncias. Depois disso, viriam mais três sequelas e alguns jogos spin-offs em diferentes plataformas. O último título, Dead Rising 4, saiu em 2016 para a Playstation 4 e Xbox One.

Relativamente ao estilo de jogo, digamos que Dead Rising é uma espécie de survival horror mas o foco é muito diferente quando comparado com Resident Evil. Tem alguns pontos em comum é certo, mas a abordagem à jogabilidade é mais próxima de um ação-aventura na terceira pessoa. Neste jogo, controlamos Frank West, um fotojornalista que tenta sobreviver a um apocalipse recheado de mortos-vivos dentro de um vasto centro comercial nos Estados Unidos da América.

Entretanto, West descobre que há outros sobreviventes no interior deste estabelecimento comercial e, depressa apercebe-se, que há uma trama maior do que o próprio perigo de morrer aos mãos (ou às dentadas) destes estranhos seres.

Nova roupagem. Velha jogabilidade

Ao contrário de Resident Evil, Dead Rising não está povoado por corredores íngremes nem estamos à mercê de uma câmara fixa. Neste jogo, exploramos um shopping center à procura de sobreviventes e, ao mesmo tempo, tentamos resolver pistas para decifrar o mistério por detrás da origem deste calamidade em que o mundo de Dead Rising se encontra.

O tratamento “deluxe remaster” que a Capcom lhe deu, é, na sua essência, estético. O jogo é o mesmo mas com modelos e texturas mais aprimorados, tal como é sugerido pelo nome dado. Afinal de contas, passaram quase 20 anos do lançamento original na agora “velhinha” Xbox 360. Apesar de ter existido uma versão “poucochinho” para a geração seguinte – que apenas aumentou a resolução e a possibilidade de alcançar os 60 fotogramas por segundo – a desenvolvedora nipónica pretende agora estender a “passadeira vermelha” e mostrar Dead Rising a uma nova geração.

No entanto, a jogabilidade nota-se perfeitamente que é arcaica, tendo em conta os parâmetros de hoje em dia. Para quem está a jogar pela primeira vez um título deste franchise – como foi o meu caso – é notória.

Constatei esta evidência, quando Frank West enfrentava alguns inimigos maiores – vulgos “bosses” – durante o decorrer da campanha. Caso uma pessoa não tenha recolhido certo tipo de armas espalhadas no centro comercial, derrotar estes inimigos pode ser uma tarefa hercúlea. Senti alguma frustação e, após algumas tentativas falhadas, consegui ultrapassar as adversidades, sem recorrer à sugestão de Dead Rising Deluxe Remaster em baixar a dificuldade.

Fora estes momentos, o protagonista é convidado a aniquilar alguns zombies recorrendo aos objetos disponíveis a seu redor. Desde armas brancas como facas ou espadas, como os mais inusitados como vasos, bancos de jardim e até mesmo restos mortais destes seres sobrenaturais. Nós, enquanto jogadores, somos convidados a promover a carnificina, pois assim fará com que Frank West ganhe novas habilidades de evasão e adquira também uma maior resistência.

Narrativa cativante quanto basta

Um dos pontos que me surpreendeu foi a forma como o enredo foi desenrolando. Apesar do tom algo sério, as cutscenes, agora com melhorias significativas no que diz respeito às texturas e às animações, contribuem bastante para uma maior envolvência do mundo criado em Dead Rising Deluxe Remaster. No que diz respeito aos diálogos têm um balanço adequado entre seriedade e parolice (tal como é baseado nos filmes de terror que o inspiraram como, por exemplo, Dawn of the Dead)

Apesar das 72 horas que o jogo dispôe em podermos investigar diferentes recantos (e da possibilidade de avançar com o tempo, se assim o desejarmos), existe muito por explorar neste centro comercial. A longevidade vai depender do próprio estilo do jogador e, consoante a abordagem, irá permitir vislumbrar diferentes desenlaces narrativos para Frank West e da restante trupe que o acompanha nas diversas peripécias.

Nesse sentido, Dead Rising Deluxe Remaster – tal como a versão original – estimula o jogador em querer experienciar a campanha principal várias vezes com propósitos diferentes, isto, tendo em conta, o interesse do próprio. Caso contrário, estima-se que o modo estória dure cerca de umas 10 horas.

Em relação à banda sonora, não tenho nada a apontar. Serve o seu propósito em envolver este universo recheado de mortos vivos.

Dead Rising Deluxe Remaster já está disponível para a PlayStation 5, Xbox Series X|S, e na STEAM para PC. 

Agradecemos à Ecoplay a cedência de uma cópia para análise na Xbox Series X.

CONCLUSÃO
Zombishow
7.5
dead-rising-deluxe-remaster-analiseDead Rising Deluxe Remaster é a "atualização" current gen de um videojogo com quase 20 anos. Para quem nunca jogou, é o momento ideal para embarcarem neste franchise da Capcom que pode propocionar horas de diversão. Para quem conhece "como a palma da mão", é a desculpa perfeita para regressarem. Quem espera algo novo e com mudanças significativas na jogabilidade (sem ser os fatos incluídos do Frank West) vão sair desiludidos. Os mais puristas vão continuar a preferir a versão original.