Matt Groening (criador de The Simpsons e de Futurama) apresenta-nos a sua mais recente criação animada, Disenchantment, que nos leva à sátira exagerada do que seria de esperar num mundo fantástico, onde não existe o receio de quebrar as regras existentes, em tal tipo de séries.

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Groening revela-nos a vida da inconformista Princesa Tiabeanie, mais conhecida por
Bean, e a sua busca pela sua própria independência, bem como a necessidade de se revelar mais do que apenas uma simples princesa. Encontra-mos ainda a princesa acompanhada por personagens que são tão únicas quanto ela, como por exemplo Luci, o seu demónio pessoal. Este está encarregue de levar a princesa para maus caminhos apesar de ela não precisar de tal ajuda. Elfo, que como o nome indica de forma bastante directa é um elfo, mostra quase como a consciência moral, apesar das suas falhas.

Seria de acreditar que todos estes elementos poderiam resultar numa série de sucesso
imediato. Mas é-nos revelado que talvez a expectativa seja maior do que a realidade quando nos deparamos com uma série que se perde um pouco pelo caminho. Isto porque depressa pode deixar de prender o interesse daqueles que não apreciam o tipo de humor negro que Groening gosta de utilizar nas suas criações.

Disenchantment

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No que começa com um primeiro episódio emocionante, repleto de mortes, espadas e
magia, depressa perde um pouco com os episódios seguintes. O ritmo parece abrandar um pouco para seguirmos a forma como, inadvertidamente, a Princesa Bean cai cada vez mais para o lado negro. Neste ponto Groening consegue transmitir o como por vezes as boas acções, a ignorância e inocência de alguém, podem dar origem a consequências que, neste caso, são “cataclísmicas” e que nem todo o mal vem na realidade por mal, mas sim por poucas acções bem intencionadas.

Com uma aparência que nos trás à memória a nostalgia de Futurama, Disenchantment não falha na atenção aos detalhes da animação. Conseguindo reencarnar muito a nostalgia que nos fora deixada por Groening, na sua criação prévia. Seria de esperar encontrar a influência de personagens passadas na animação de Disenchantment e talvez esse seja um dos encantos da série, misturando o estilo de The Simpsons com Futurama na delineação de várias personagens. Não pode deixar de ser referida a forma como não foram apenas trabalhadas as personagens, sendo-nos entregues cenários mágicos e agradavelmente detalhados.

Disenchantment

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Claro que sendo uma série animada de fantasia, a sonoridade recorrente não poderia deixar de nos levar até a tempos passados. Começando pela introdução, que quase nos faz sentir como seria entrar numa taberna medieval, onde já várias brigas estão a decorrer. Esta quase demonstra-nos o quão ridícula é a série em si, mostrando-nos quase o que esperar. Cada momento musical é-nos entregue de forma a não nos deixar escapar da situação temática de cada episódio, sendo um método de demonstrar as emoções das personagens ou apenas para transmitir, o quase absurdamente cómico momento.

À primeira vista Disenchantment perde as suas qualidades, mas compensa pela
adrenalina de emoções que nos são atiradas nos dois últimos episódios da temporada, que nos prendem com perguntas por responder e que nos fazem desejar muito mais daquilo que nos foi deixado.

CONCLUSÃO
Se um geek e o idiota da aldeia, tivessem um filho, seria este o resultado.
7.5
disenchantment-analiseNão se pode dizer que seja a obra prima de Groening, uma vez que precisa ainda de crescer, para se igualar às suas séries passadas. Mas é a origem de bons momentos de gargalhadas e, para os fãs de fantasia, uma fonte de reconhecimento por todas as menções honrosas, que são colocadas de forma subtil, ao longo do decorrer da história. As falhas que podem ser encontradas ainda conseguem colocar algum peso na série, no entanto, talvez deva seguir o mesmo caminho do predecessores, que demoraram algumas temporadas para se estabelecerem como séries animadas de culto.