Dollhouse é um jogo de terror em primeira pessoa, que foi recentemente desenvolvido pela Creazn Studios e publicado pela SOEDESCO. Após ter estado 6 anos em fase beta, o jogo foi lançado no dia 24 de Maio para a PlayStation 4 e PC.

Ainda no início do seu desenvolvimento, Dollhouse conseguiu receber o prémio de “melhor conceito” atribuído na Level Up Expo de 2013 e, na verdade, não me admira muito, pois o jogo revela-se muito peculiar, por conseguir misturar o cinema Noir com uma atmosfera sombria e claustrofóbica. Após esta conquista, Dollhouse esteve vários anos ausente dos olhos do público, manifestando-se posteriormente com a aparência de um pequeno trailer, e depois com mais alguns anos de silêncio. Contudo, este ano veio para finalmente oficializar a sua presença e marcar um lugar na indústria.

O jogo decorre no final dos anos 50’s e mostra-nos uma versão mais obscura de Hollywood. Baseado-se em eventos reais, Dollhouse, centra-se na protagonista Marie, em tempos conhecida por “A Grande Marie”, uma detective que sofre de amnésia.

Com a ajuda de Rose, via transmissão rádio, Marie é levada a percorrer os labirintos fechados do seu subconsciente, para descobrir os mistérios que a assombram e os segredos terríveis do seu passado.

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Dollhouse tem no total 8 capítulos que podem corresponder entre 4 a 6 horas de jogabilidade. Têm uma duração curta, mas é o suficiente para contar a sua narrativa extraordinária.

Ao iniciarmos uma nova história, podemos escolher qual a estrutura de narrativa com que nos identificamos mais. Estas, variam entre a de Mistério (que foi a que escolhi para a minha primeira gameplay); Biografia; Documentário e a de Família. Pelo que eu vi, estes géneros também podem influenciar um pouco a dificuldade do jogo. Para aqueles que são mais amedrontados, o jogo também possui o modo Voyeur, em que a personagem nunca pode morrer ou ser atingida pelos seus adversários.

O primeiro elemento que me fascinou logo foi os seus visuais, faziam-me lembrar muito o ambiente de Bioshock, uma das minhas séries de videojogos favoritas.

Assim que saí para percorrer o primeiro labirinto de Dollhouse, fiquei logo arrepiada pelos manequins que se mexiam conforme cada direcção que seguia. Sentia-me observada e pronta para esperar o pior a cada virar da esquina.

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No entanto, a apresentação do tutorial foi algo complicado para mim, para além de ser pouco explícito, os controlos apareciam em ícones miniatura e eu dificilmente conseguia vê-los. Posso admitir que passei mais que meia hora a tentar enquadrar-me perante a lógica do jogo. Este problema também aconteceu com as legendas que me apareciam em versão de tamanho “formiguinha”, tentei ver se tinha algo a ver com a minha resolução de ecrã, mas mesmo se assim fosse, não havia nenhuma opção para corrigir o problema.

Apesar da atmosfera arrepiante de Dollhouse, à medida que fazia progresso, começava a sentir que os níveis eram ligeiramente repetitivos. O objectivo era sempre o mesmo, encontrar um determinado número de memórias para desbloquear a porta secreta que nos revelaria uma “brincadeira” para cumprir com a “IT”, a manequim diabólica.

As “brincadeiras” apresentam-se sob forma de puzzle, em que, por exemplo, tanto tínhamos de pôr todas as televisões no mesmo canal; tirar fotografias num local e posição específica, ou, ver as horas e o nome do espectáculo de um grupo de bonecas para depois marcar a sua hora. Os desafios em si não eram muito complicados, até porque havia um botão que nos direccionava às áreas das tarefas… mas juntar isso com o ato de apanhar memórias, esperar enquanto umas máquinas estranhas as extraíam e ainda ter que andar por corredores que se modificam em plena escuridão, consegue ser tudo um pouco excruciante!

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Não é do nada que cheguei a pôr a iluminação no máximo e mesmo assim não conseguia ver quase nada à frente.

Em Dollhouse, temos sempre a noção de que estamos a ser vigiados por um manequim super assustador que pode aparecer a qualquer momento. Os outros manequins secundários também não ajudam, pois também não estão lá só para servir de decoração… quando menos esperamos estes seguem-nos, encurralam-nos num beco e atacam-nos!

Após cumprirmos as “brincadeiras” propostas, recebemos uma chave mestre que nos dá acesso a um guião para completar e a um rolo de filme antigo. A protagonista já teria, assim, a possibilidade de editar as suas memórias numa sala especial. Durante o processo de edição, o jogador tem a opção de remover ou guardar memórias que variam de negativas para positivas, utilizar efeitos nos clips e ganhar pontos bónus ao cumprir os requisitos do “Director’s Note“. Dependendo da escolha, a edição das memórias vai alterar a forma como Marie vê o seu passado.

Um dos elementos que gostei pela sua originalidade é que para sabermos a localização destas memórias, temos a opção de ver através do olhos da nossa perseguidora. Por outro lado, isto pode ter um efeito negativo, pois torna-se uma maneira fácil de esta tomar conhecimento da nossa localização. Sempre que faz a sua aparência, a “IT”, é muito agonizante tanto para os nossos olhos como para os nossos ouvidos. As paredes dos corredores aparecem todas com o aviso “Fica atento, estou a perseguir-te!” e a manequim começa a gritar ameaças enquanto fugimos dela. Uma só facada desta inimiga consegue ser fatal, mas com sorte o jogador consegue escapar do seu golpe.

Estes momentos conseguem ser muito aterradores e representam algo que marca Dollhouse durante todas as suas sequências!

Dollhouse

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Outra parte interessante é que estes desafios, assim como os mapas, são sempre aleatórios, o que fazem com que a nossa gameplay nunca seja igual ao começarmos um jogo novo. Este elemento veio a compensar, de certa forma, a semelhança entre os níveis.

Em Dollhouse, o jogador pode reunir um total de 40 habilidades que facilitam as mecânicas do jogo. Estas permitem detectar, perigo ou objectos mais rapidamente através do olho da protagonista, melhorar a nossa orientação com o giz que temos no inventário e aumentar a nossa “carga” provinda da bateria. O rank do jogo funciona por estrelas e este avança à mediada que obtemos coleccionáveis e desbloqueamos o resto da história.

Em termos de combate, a única forma que Marie têm de se defender dos adversários é com uma espécie de apagão causado pela sua lanterna, mas para isto ela precisa de reunir baterias. Mesmo assim, este ataque não elimina a “IT” e só a distraí um pouco para dar-nos oportunidade de escapar por algum tempo.

Se Marie morrer, os seus itens são deixados no último local onde esta foi esfaqueada. Tentar encontrá-los pode ser frustrante, pois os mapas são tão grandes e os sítios tão semelhantes, que rapidamente nos perdemos no meio da escuridão.

Dollhouse

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Contudo, podemos utilizar um elemento-chave para orientarmos-nos, o giz! Apesar de ser limitado, este objecto ajuda-nos a marcar os locais mais importantes para o resolução do nível e evitar andarmos perdidos às voltas.

Na minha opinião, a narrativa é o ponto crucial do jogo e um dos aspectos que mais me intrigou. Não só pela sua plot twist, mas também pela maneira como esta se adapta e, por vezes, se contradiz perante as memórias de Marie. A citação inicial do jogo refere “O quer que seja que plantemos no subconsciente da nossa mente, e que nutriremos com repetição e emoção vai um dia tornar-se realidade”. No final, o jogo acaba por representar esta frase na sua totalidade. As memórias não são factos, são apenas meras representações do que é real, criadas pelo nosso cérebro. As memórias de Marie podem ser editadas consoante as nossas preferências, mas não passam de um conjunto de criações ficcionais, separadas daquilo que realmente lhe pode ter acontecido. Independentemente disto, o seu mistério desvenda-se por si próprio e o jogador fica sempre apanhado de surpresa perante o desfecho do mesmo.

Dollhouse

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Alguns aspectos negativos que tenho a apontar é que, mesmo com as últimas actualizações, o jogo congelava frequentemente. Durante a minha gameplay, levei com este problema três vezes. Duas no menu principal, quando tentava carregar as minhas saves, e uma no capítulo final, quando estava a ler um guião e a personagem ficou presa nesse estado, mesmo quando cancelava a acção. Nestas três experiências, tive que voltar a reiniciar o jogo para depois conseguir continuá-lo e até reinstalá-lo uma vez. Para além disto, no capítulo 7, também experiênciei alguns problemas com frame rate, mas nada que me impossibilitasse de continuar a história. Estes problemas danificaram um pouco a minha experiência, e me desiludiram em relação aquilo que eu achava que ia esperar do jogo. Dollhouse teve muito tempo para ser melhorado e para tornar-se num grande jogo. No entanto, ficou muito longe de atingir as suas metas quando tinha o potencial para alcançar muito mais.

Infelizmente, também não pude experimentar o modo Multiplayer. A versão do jogo que eu joguei era para a PlayStation 4 e como não tenho PS Plus, não pude jogar online. Mas pelo que sei, este modo consiste em reunir jogadores aleatórios num grande jogo de “busca e apanhada” com 14 personagens à escolha. Cada jogador têm um alvo específico e enquanto este se ocupa em persegui-lo, há outro jogador que o tentar apanhar para depois matar. Tal como na campanha, os jogadores podem obter os mesmos coleccionáveis e reunir mais memórias.

Dollhouse está disponível para a Playstation 4 e para PC (através da Steam).

CONCLUSÃO
Quebrado
5.5
Andreia Mendes
Desde infância que sempre tive uma grande paixão por todo o tipo de videojogos, não consigo passar sem as minhas playstations e adoro explorar todas as aventuras que estas me oferecem. Para além disto, adoro escrever sobre o meu hobby e de partilhá-lo com muitas outras pessoas. Espero que gostem do meu contéudo!
dollhouse-analiseDollhouse planeava oferecer uma jogabilidade única e marcar a diferença dos outros géneros de terror. No entanto, a sua natureza repetitiva e bugs consideravelmente graves vieram danificar as minhas expetativas. A história foi a salvação do jogo, pois foi algo que me conseguiu surpreender muito pela positiva e oferecer algo de inesperado.