A mitologia celta é muito rica. Contavam assim os bardos através de histórias; aventuras e feitos dos heróis e das suas façanhas extraordinárias. É um universo repleto de deuses, e as conexões profundas com a natureza foram sempre um dos pilares, e Drova, desenvolvido pela pequena e talentosa equipa Just2D, e publicado pela Deck13, consegue dar-nos a provar muito deste universo místico.

Drova – Forsaken Kin é um Action-RPG com um estilo visual pixel art brilhante. É um jogo desafiante, que prima por deixar o jogador explorar a seu bel-prazer e tempo, num mundo aberto extenso com diversos percursos, e temíveis inimigos a enfrentar.

Numa espécie de mundo pós-apocalíptico, o nosso protagonista é um viajante e será escolhido a gosto, com uma gama de personalização disponível; desde o estilo de corpo, cabelo e barba (no caso masculino), acessórios, e até um pequeno item opcional para ajudar a começar a jornada difícil que se avizinha, um pouco ao estilo dos jogos souls.

A narrativa coloca-nos numa terra desconhecida, após um acontecimento macabro em que uma sociedade descobriu o poder de um artefacto que continha um império morto, e após a investigação deste artefacto, somos teletransportados através de um portal para esse local misterioso. É nesta extensa terra, que duas facções lutam e disputam o controlo, cada uma com as suas crenças e desafios. Uma de uma forma mais equilibrada e pacifica, e a outra gananciosa. São mais de 40 horas disponíveis, num jogo que não conta com loadings.

Esta, trata-se de uma fauna completamente hostil, numa jornada onde irás sentir desde cedo que não será pêra doce. O progresso e os equipamentos são muito importantes em Drova, e o jogo recompensa-te pela exploração. O protagonista evolui através da experiência obtida a derrotar inimigos, quests (e não só), e a evolução é feita de modo natural no quesito estatísticas, isto é; não existem classes nem pontos para atributos especiais a não ser as magias e skills. Em Drova, a evolução é feita como um todo, portanto; os pontos são distribuídos de forma uniforme. Não consegues montar builds baseados em força, ou magia. No entanto, não penses que isto invalida a capacidade de progressão, muito pelo contrário…

O teu personagem conta com uma barra de vida tradicional, stamina para carregar ataques, e flow para magia, e a evolução é feita com os learning points, que podes investir em habilidades de magia que muito auxiliarão no combate. Poderás utilizar um vasto número de armas como espadas, machados, arco, lanças e escudos, e sim, os escudos são extremamente importantes em Drova. O parry é a melhor mecânica para o contra-ataque perfeito, e se conseguires evoluir as habilidades corpo a corpo e utilizar os combos da tua arma, rapidamente te tornarás imparável.

Em Drova há duas coisas essenciais, dares-te bem no tipo de combate apresentado, e o crafting. Coloquei em negrito exactamente para te focares na ênfase da palavra. O crafting em Drova é tudo. O desafio é imenso, e alguns golpes são morte instantânea, daí que um bom equipamento faz toda a diferença, desde a defesa do personagem, como o combate, poções. O segredo é ires criando e testando as melhores combinações possíveis com buffs passivos e activos.

A variedade de inimigos é imensa, e tens a fauna completamente hostil contra ti. Desde criaturas como aranhas com passivos que te vão drenando a vida aos bocados, a esqueletos temíveis no corpo a corpo. Alguns inimigos funcionam à base de projéteis, uma das maiores dificuldades enquanto jogava Drova. A luta com os bosses é magistral e é sempre um alívio quando os derrotas, bem naquelas sensações à um Dark Souls desta vida. O segredo para estes combates é estares bem equipado, se possível em todos os slots, incluindo acessórios e com investimento em ingredientes para os cozinhares sempre prontamente, e poções.

Ao longo da jornada vais encontrar NPCs muito curiosos e com quests variadas, no entanto, muitas delas são as básicas fetch quests que precisarás fazer para te tornares mais poderoso. Podes andar pelas tabernas a inquirir a malta se há novidades ou trabalho pela vila, trocar e comprar produtos a mercadores, e aprendendo novas técnicas, a custo de ouro e experiência.

A versão analisada foi jogada numa PS5, e os comandos não funcionam mal de todo. No entanto, sinto que a experiência completa de Drova deva ser jogada num computador, tal é a agilidade que o jogo precisa para se locomover. Existe uma barra de atalhos rápidos como já vimos em Diablo e outros jogos do género, e a jogabilidade funcionará melhor com rato e teclado, com garantias dadas.

Os sons que compõem o jogo também trazem a vibe certa. Sempre muito tensos mesmo em modo de exploração, e intensificando nos combates. Os barulhos característicos da fauna também são muito imersivos, com pássaros, grilos, e outros insectos a tornar o título menos cansativo, mesmo quando é preciso um pouco de grinding para evoluir.

CONCLUSÃO
Surpresa!
8
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
drova-forsaken-kin-analiseDrova - Forsaken Kin é um jogo que agrada aos fãs de RPGs de acção desafiadores. A sua atmosfera envolvente, combate intenso e sistema de criação tornam-no uma experiência única e uma das surpresas indie do ano.