A música é, sem dúvida, a vertente que mais gozo me tem dado a explorar em VR. Desde o programa de criação musical Virtuoso, aos jogos rítmicos que nos colocam a dançar com Beat Saber, Pistol Whip, Synth Riders, a experiências onde pegas nas tuas baquetas virtuais e martelas ao ritmo da tua entrada em Valhala em Ragnarock, ou quando o conceito de air guitar cruza-se com o mítico Guitar Hero e nasce Unplugged VR… Muitas são as experiências que têm surgido para satisfazer a curiosidade daqueles que nunca tiveram a oportunidade de tocar um instrumento a sério, ou então, para reacender um hobby há muito perdido que largámos nos tempos de escola.
Drums Rock entra em cena mais precisamente para saciar o desejo de tocarmos bateria, num registo mais realístico que o de Ragnarock, e com mais personalidade. Desenvolvido e publicado pela Garage51, o jogo convida-te a dares música à tua passagem pelas profundezas do Inferno, e a defrontares os seus demónios marcando o ritmo perfeito no kit da bateria correspondente às cores ou combinações de cada inimigo.
O jogo parece um bocado parvo e absurdo mas, em boa verdade, é tudo o que Drums Rock pretende ser.
Com o conceito de um metaleiro que é arrastado da sua garagem para dar música aos seus demónios, o jogo possuí uma “história” que é mais um acessório do que realmente uma peça condutora desta experiência, com umas “cenas” “cinemáticas” que fariam o próprio MS Paint chorar a rir. De facto não vale muito a pena estender-me a falar sobre a existência destas… “cutscenes”, eu esforçei-me para as compreender mas elas estão lá somente para avacalhar com o ambiente do jogo.
Posto isto, o que precisas de saber é que ao passo que em outros jogos como Ragnarock tens logo a biblioteca inteira de músicas disponível desde o primeiro momento, para escolheres o que queres tocar, aqui és motivado a desbloqueares etapa a etapa, faixa a faixa, cada acto desta jornada.
Desde já devo dizer que me senti decepcionada pela repetição das mesmas músicas ao longo de todos os actos. Como não podemos escolher as músicas que queremos tocar no modo Campanha, temos sim de tocar as que estiverem disponíveis no momento e que nos dêem recompensas para podermos prosseguir. Isto engana-nos com a sensação de que dois pares de mãos chegam perfeitamente para contar o número de faixas totais que se repetem pelos níveis, apesar de serem de facto o dobro.
Cada repetição destas músicas ao longo do modo Campanha, diferencia-se na evolução da sua dificuldade de mestria e com uns twists aqui e ali. No entanto, posso testemunhar que dando a oportunidade ao jogo para nos levar mais adiante, senti que realmente estive a progredir, sobretudo na minha coordenação (que era quase nenhuma, inicialmente).
Começando no Acto I, os níveis estão desenhados para serem demasiado fáceis, de forma a introduzir confortavelmente qualquer principiante à bateria. Contudo com o evoluir dos Actos, vais notar que chegas a uma dada altura em que já estás a tocar a bateria exactamente como a ouves a ser tocada na música. Isto é mérito ao jogo e a ti, que te esforçaste verdadeiramente por evoluir e cumprir com os objetivos de cada nível e etapa.
Cada uma destas apresenta-te três missões que te dão os pontos que precisas de acumular para desbloqueares as próximas etapas, e não sendo essas missões fáceis de cumprir é mesmo preciso suar e repetir várias vezes o nível para conseguires uma prestação quase perfeita! Parar de embirrar e dar-lhe forte e feio até ultrapassares quaisquer barreiras que sintas antes de conseguires prosseguir é uma mentalidade que temos de ter, embora se trate apenas de um jogo porque, efectivamente, sentirás a certa altura uma parede de dificuldade que te fará crescer ou desistir a meio.
Para teres uma ideia, não estamos só perante um jogo que te coloca a bater em demónios ao ritmo certo e nas cores certas. Há uns twists que te colocam a tocar às cegas, totalmente de memória, só com a música de fundo como referência, e aí mais real que isto é um bocado complicado e dispendioso. Temos também variantes onde só podes utilizar um dos braços para tocar, ou outras onde as baquetas são substituídas por umas valentes luvas de boxing que tens de afundar na bateria para a tocares.
Drums Rock ainda tenta ensinar-te alguns truques, como atirares as baquetas aos tambores ou pratos e apanhá-las no ar para continuares a tocar ininterruptamente. É difícil esta parte, realmente é, e foi aí onde mais tempo tive de praticar até porque este tipo de truques não são para principiantes, mas a Garage51 tenta dar uma ajudinha ao abrandar o tempo para poderes apanhar a baqueta. Este truque cria uma energia especial em torno da baqueta que é essencial para destruires um certo tipo de demónios que não podem ser derrotados de outra forma.
Em termos de customização, é aqui que podes utilizar a moeda do jogo, e podes alterar as skins das tuas mãos, baquetas, a própria bateria ou até a decoração da tua garagem. Fora deste menu e da Campanha, temos o Challenge onde podemos escolher a música que queremos tocar e a dificuldade, existindo ainda um ranking para nos motivar a ir praticando e melhorando.
Sobre as músicas, para além de achar o reportório curto, devo dizer que a maioria delas passam-me totalmente ao lado. Contudo há dois temas que são menos esquecíveis. O primeiro é um claro hino ao Rock: o tema “I Love Rock N’ Roll” de Joan Jett e dos Blackhearts. Efectivamente, esta é das mais fáceis de se aprender a tocar e a primeira onde sentimos que alcançamos o ponto de estar a tocar a música a sério. Outra que foi a minha favorita tem uma clara e profunda inspiração nos Linkin Park: “Her Voice” é um tema original composto para o jogo e, portanto, foi uma descoberta refrescante para mim, o que incentivou ainda mais a praticar. Gostava mesmo de ver este repertório crescer com novos packs de bandas como os Alestorm.
Drums Rock VR já está disponível para Steam VR e Meta Quest.