A adaptação televisiva da obra de Yabako Sandrovich tornou-se num autêntico fenómeno nesta temporada de verão, incentivando mais pessoas a preocuparem-se com a sua forma física e a sua saúde. Com argumentos tão fortes, vamos descobrir o que a fez alcançar tais proezas.
Hibiki e Akemi são colegas de uma escola secundária no Japão. Certo dia, enquanto caminhavam para casa, Akemi alerta para a sua amiga parar de se empanturrar em todos os seus tempos livres, porque para além de motivos de saúde, não conseguirá, por este andar, encontrar a sua cara-metade.
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Mesmo um pouco relutante e a chegar a casa, Hibiki é confrontada com a sua balança, cujo desenvolvimento resulta de muito desespero. Felizmente, a sua amiga entregou-lhe um folheto da Silverman Gym, um ginásio recém-estabelecido na cidade, e muito perto da sua escola.
Como o mesmo citava que a primeira lição era grátis, a nossa alegre amiga decidiu visitar o sítio, já que não tinha nada a perder. Ao chegar ao local, depara-se com a primeira de muitas surpresas: Akemi, quem lhe ofereceu o folheto do ginásio, também está lá. Hibiki apenas deseja sair do ginásio. Porém, é contemplada pelo simpático body trainer Macchio, fazendo-lhe mudar rapidamente de ideias.
Quem também muda rapidamente de ideias é o próprio treinador, que demonstra o seu incrível físico, elevando Akemi ao céu. Decididas em ficar em forma, as duas envolvem-se em tudo o que são treinos físicos.
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Dumbbell Nan Kilo Moteru parte de uma premissa muito simples e relacionável: a sociedade frequentar ginásios. Contudo, a maneira como o faz difere do resto.
Imediatamente fiquei surpreendido pelas aventuras de Hibiki e companhia – não enveredando por caminhos mais nefastos, como Issho ni Training: Training with Hinako, onde as situações são única e simplesmente direcionadas para o erotismo.
O treino das nossas meninas vão muito mais além. Em todos os episódios, durante e no final, existem segmentos muito bem inseridos, elucidativos e educativos. Não só o Macchio nos demonstra a maneira correcta de realizarmos exercícios físicos, tais como levantamento de pesos, ou flexões praticadas por algumas personagens que mais tarde surgem nesta divertida história, como também explica a maneira certa de caminhar em superfícies montanhosas, subir escadas, entre muitas outras coisas.
Como se não bastasse, a série ainda promove a realização destes exercícios com utensílios que dispomos nas nossas casas, tais como livros, sacos de compras ou garrafas de plástico – simplesmente genial. Subjacente, ainda temos pequenos registos de quantas calorias tem um donut, ou outros alimentos que tanto gostamos de trincar em excesso, mas que são contraproducentes para uma forma física e saudável.
É certo que existem momentos implícitos muito breves de erotismo e fan service, mas da maneira como são apresentados pela sua simplicidade, e como são inseridos, conseguem ter um certo contexto.
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Inicialmente, apenas podemos encontrar o trio de Macchio, Hibiki, e Akemi. Mas com o desenrolar de episódios, surge a professora Tachibana e as suas colegas: Ayaka, uma boxer, e Gina, a autoproclamada otaku rival de Hibiki.
Este leque de personagens é muito interessante, já que simbolizam muitas das camadas que vivem na sociedade e frequentam ginásios. Hibiki é aquela rapariga que deseja estar em forma no pensamento, mas que não pára de comer. Akemi, a faixa das raparigas que vão aos ginásios apenas para embasbacar-se a observar os físicos dos rapazes. A professora Tachibana é aquela mulher que, mesmo perto dos 30 anos, luta contra si mesma e a expectativa da sociedade, já que secretamente é uma cosplayer mundialmente famosa, e inexplicavelmente continua solteira. Ayaka, a rapariga que está em forma por pressão, e, finalmente Gina, a típica otaku ocidental, com ideais distorcidos e contorcidos do povo japonês.
Do lado masculino, o Treinador Macchio, muito levianamente, é outro espelho social. Logo no primeiro episódio, Hibiki fica embasbacada pelo gentil professor Macchio, que essencialmente é um Kirito. Quando explode e revela o seu físico, a nossa energética amiga perde o interesse, pois percebe tratar-se de um macho man. Como sabem, as raparigas japonesas preferem corpos masculinos mais relacionáveis e pessoas mais gentis ao invés de corpos musculados e homens durões.
Este ponto é imediatamente relacionável com a maioria de personagens que nos acompanham hoje em dia, tais como o já citado Kirito, ou qualquer outro protagonista de uma obra Isekai. Contudo, nos anos 80, demonstrava-se o contrário: aliás, basta ver o físico e traço do célebre Goku de Dragon Ball Z, com o actual. Realmente, não sei se esta é a mensagem que o autor queria passar-nos através do treinador Macchio, mas não deixa de ser um apontamento interessante.
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Muitas das mesmas aparecem num papel estereotipado, mas a forma muito social e relacionável em que surgem e são inseridas quase actua como espelhos de qualquer um de nós.
Além de muito educativa e social, Dumbbell Nan Kilo Moteru, também é igualmente muito divertida. A maioria da comicidade é alcançada através do treinador Macchio e das situações onde o seu físico fez as honras da casa. Contudo, há registos onde as outras personagens brilham, tais como a Hibiki estar no ginásio a comer, a Akemi a babar-se por armários com pernas, ou a Gina distorcer a realidade japonesa – os quais foram do mais divertido. Como não bastassem as nossas meninas não estarem presas dentro de quatro paredes, as aventuras físicas ainda as levam para campos, praias e até divertidos concursos de talentos. Ainda esperem ver algumas referências, como a outra série do autor, Kengan Ashura e ao actor, político e body builder, Arnorld Schwarzenegger.
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A adaptação televisiva de Dumbbell Nan Kilo Moteru, foi obra do estúdio de animação, Doga Kobo. À semelhança de muitas das suas adaptações, também apresenta cores coloridas e saturadas, arte e animação funcionais, ainda que por vezes tenhamos registos impressionantes para o que se destina.
No departamento sonoro, curiosamente, a maioria das suas faixas são constituídas à base de melodias assobiadas. O mesmo não podemos dizer das suas energéticas aberturas e encerramentos, que não só vão colocar-vos a cantarolar como despertar o desejo de colocarem o vosso corpo em plena forma!
Para finalizar, o desempenho dos seus actores foi genial. Até mesmo o nosso Arnold de serviço dialogou de uma forma calma e monótona, um pouco como o próprio actor de carne e osso.
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A par de Hataraku Saibou, Dumbbell Nan Kilo Moteru foi uma das obras mais interessantes do ponto de vista educativo, demonstrando-nos que uma série que já é candidata a um dos animes do ano, não precisa de ter violência, gritos, sangue e explosões; pode e deve existir também um carácter lúdico e educativo! Por isso, já sabem: se desejam ficar em forma enquanto se divertem, Dumbbell Nan Kilo Moteru será a vossa série de eleição!