Diretamente da THQ Nordic chega até à Squared Potato: Elex 2. A sequela do rpg de aventura de 2017, também desenvolvido pela Piranha Bytes. Embora não tendo jogado o primeiro título desta saga, (o que é talvez um valor que diferencia esta análise das que também poderás ler dos nossos colegas de outros meios para comparar com quem jogou), decidi mergulhar em Magalan no seu lançamento, uma vez que o seu mundo vasto e transmutável vai beber a rpgs que amamos, e assenta numa complexa mixórdia de decisões e caminhos que o jogador pode tomar.
Para colmatar desde já qualquer hesitação, sobre não teres jogado Elex de 2017 como eu, digo-te que realmente não tens com que te preocupar. Logo de início é nos resumida a história e desfecho do primeiro jogo, o que te desperta conscientemente para o estado atual de Magalan, a terra onde toda a ação se passa em Elex 2. A par disto, é óbvio que irás reencontrar personagens do jogo anterior e ter interações que fazem referência ao seu passado conjunto, mas essas também são acompanhadas de cinemáticas ao estilo flashback muito sugestivas dos seus envolvimentos.
Com todos os ingredientes na mesa, e um pequeno tutorial em ação, estás pronto para ser largado neste mundo. Efetivamente, é assim que te sentes nos instantes iniciais de Elex 2, depois de concluída a tua primeira missão, é te dito para ires ter ao forte mais a norte, onde se localiza Bastion. Foste largado do nada, sem grandes orientações para onde seguir. Naturalmente tens no menu das missões a opção de ativar o waypoint no mapa para te orientares, mas aqui a je não se lembrou disso na altura e com efeito, pegou no míudo, Dex, e, pai e filho lá foram à descoberta deste forte onde muitas alianças seriam forjadas. Foi interessante explorar assim este mundo pela primeira vez, mas devo acrescentar que é um bocado chato teres de andar sempre a ativar o waypoint cada vez que uma missão termina e outra nova começa.
Enquadrando agora um bocadinho esta história, vive-mo-la na pele de Jax, noutra era (Elex 2017) um herói que uniu fações inimigas entre Magalan, pelo bem comum da humanidade. Agora este não é mais que um forasteiro para qualquer sítio que vá, pois após a sua enorme conquista, decidiu esconder-se e exilar-se do mundo para poder viver em paz consigo mesmo. Anos passam-se e eis que Magalan vai precisar de Jax novamente, com o surgimento de umas temíveis criaturas, os Skyands, que ameaçam destruir a terra e transformá-la em mais um domínio para a sua espécie.
Com o aparecimento desta terrível ameaça, Jax é mordido e infetado por uma das criaturas que enfrenta na sua tentativa de fuga e é então que tudo se torna muito mais que um objetivo de luta por parar o avanço dos Skyands. A vida de Jax, depende de um antídoto, que só poderá ser preparado pelo nosso maior inimigo apresentado na prequela, que demonstra-se mudado, muito mais humano e interessado em ajudar-nos a troco, claro, de o ajudar-mos a ele a criar a maior e mais forte fação de Magalan para fazer frente aos Skyands.

Com este regresso de Jax à civilização, podemos então não só ajudar a criar esta nova fação, como podemos juntar-nos a outras, sendo que, não nos juntarmos a nenhuma é também uma opção neste jogo. Estas fações são portanto os Albs, Outlaws, Berserkers, Morkons e os Clerics, sendo que cada uma destas tem o seu próprio estilo de vida e crenças. Por exemplo, os Albs são uma civilização avançada, onde a ciência prospera, as táticas de combate triunfam, mas a humanidade de cada individuo é reprimida com doses racionadas de Elex (o bem mais precioso deste mundo e que todas as fações querem agarrar), que os torna inibidos de quaisquer emoções. Já os Clerics são muito mais terra-a-terra embora sejam crentes. Vivem entre os despojos da última Era mas lutam pelo que acham correto para a humanidade.
Ao explorares cada fação, vais descobrir pontos fortes e fracos em juntares-te a cada uma, mas para mim o fator mais decisivo é sem dúvida o que estas têm para te ensinar. A doença de Jax, tornou-o muito fraco para lutar, e tende a continuar a consumi-lo aos poucos. Como efeito, este esqueceu-se de todas as suas artes de combate, bem como todas as suas habilidades, estando assim sedento por reaprender a viver neste mundo. Desde um barman metediço até um humilde mineiro, de uma criança de rua que luta por sobreviver até um comandante de uma fação, muitas são as personagens que vais encontrar pelo caminho que terão ensinamentos a partilhar contigo.
E esta é para mim a maior cartada de todo o Elex 2: é que ao invés de teres apenas uma árvore normal de habilidades que vais aprimorando, podes ter a experiência de alguém te ensinar a progredir na sua especialidade. Claro está que consegues desbloquear e aprender na mesma estas habilidades através do menu, mas pagas um preço mais elevado. Acho que estes “professores” dão um toque diferente e mais humanista a esta saga. Sentires que tens de falar com aquela pessoa para te ensinar, ao invés de esbanjares dinheiro para compares as tuas habilidades, tem um toque diferente, embora as lições também não te sejam dadas de borla.

Estas habilidades que vais aprendendo, são todas tão vitais como por exemplo o crafting, que também te é ensinado e não pode ser feito fora de uma estação para esse efeito. Outras habilidades incluem pickpocket, combate, etc…
À parte destas habilidades, também terás de desenvolver os teus atributos de Força, Constituição, Destreza, Inteligência e Astúcia, com os pontos que ganhas conforme vais subindo de nível de personagem. Estes atributos permitem-te desbloquear o acesso a diferentes tipos de armas, diálogos exclusivos e muito mais.
É bom que estejas a tomar nota de tudo isto, pois o mundo de Elex 2 é extenso e não é para novatos, principalmente no que toca ao combate. Este é propositadamente difícil a inicio, pois Jax encontra-se muito fraco, mas a curvatura de dificuldade vai requerer muito trabalho da tua parte, além de que o sistema de batalha não te convida a tomares o gosto e o vício da batalha. Tens de saber desenvolver bem a tua personagem ou estarás a gastar os teus dias sem saíres do mesmo sitio, sentindo que as missões não acabam, e que são poucas as que estão ao teu alcance de concluir. Facto é que ao fim do primeiro capítulo do jogo, decidi mudar a dificuldade de normal para a de história, a típica opção para quem quer viver a aventura sem os constrangimentos de longos grindings e etc.Tive de fazer isto pelo bem de teres esta análise preparada em tempo útil.

Algo a salientar, é que parece que 50% do jogo é jogabilidade, e os outros 50% são diálogos, onde podes escolher a forma como respondes às personagens. Sendo as opções, em grande maioria, uma forma pacífica, neutra ou mais agressiva, essas fazem-me lembrar Biomutant (também da THQ Nordic) pois surtem como um efeito de peso sobre se a tua personalidade está mais a pender para destruição ou para a paz. Embora no início tenha tomado bastante atenção a cada uma destas interrupções de jogabilidade, vulgo, os diálogos, para entender melhor a história, a verdade é que a meio do primeiro capítulo já entrei em modo Gato Fedorento, em que o meu cérebro só me dizia “segue, segue, segue, SEGUE… *respira fundo* segue, segue, segue…”.
É que não só os diálogos são longos, como também são tão excessivamente constantes que parece que se deres um ponta-pé numa pedra desbloqueias sem querer uma nova cena de diálogos inesperada. Por vezes basta calhares a passar num sitio e de repente tens uma cinemática que desencadeia um novo fio de missões secundárias com esse pequeno acaso. É bom sentir tantas surpresas num jogo mas sinceramente nem sei até que ponto são desejáveis..

O que importa frisar destas interações com as outras personagens, é que as tuas escolhas irão moldar o seu desenvolvimento em relação a ti. Algumas irão desenvolver laços inesperadamente fortes contigo, outras irão recordar-se de coisas que fizeste ou disseste e no futuro vão te beneficiar ou cobrar. Nesse aspeto do desenvolvimento das personagens, até que achei um experimento interessante, nomeadamente porque ao longo do jogo terás vários companheiros disponíveis para te seguirem (aqui uma Lydia seria muito mais prestável, infelizmente) enquanto completas missões, e é curioso ver que estes conseguem intervir nos diálogos de missões que nada têm haver com eles.
Estes companheiros, serão sobretudo recrutas que farás para o forte de Bastion e a sua 6ª fação que ajudas a construir. Todos eles são um pouco peculiares, nomeadamente um deles que enquanto uma Inteligência Artificial, procura através de ti, aprender a tornar-se humano. Com efeito, ao acompanhar-te, vai fazendo certos reparos sobre as tuas ações, questionando-se e aprendendo contigo.
Mas se o mundo de Magalan até agora te parece extenso e complexo, digo-te que não me encheu o copo. Senti o mundo muito artificial no que toca às suas personagens e inacabado em termos de aspeto. Algumas personagens suscitam-nos empatia, outras ódio, mas a grande maioria é só muito genérica. O mesmo digo da história em si, que numa vista geral é bastante simples e objetiva, mas mete-se com imensas ramificações de tarefas que tens de fazer pelo meio para conseguirmos progredir. Demasiadas missões de estafeta e de encher chouriços, o que é bom para um grinding, mas não te enchem os bolsos como esperarias. É um arrastar excessivo de missões que desencadeiam mais missões, dás outro ponta-pé aparece outro npc, mais missões desencadeadas… percebes agora porque tive de baixar a dificuldade para seguir, seguir, seguir? É que ao passo que em Skyrim temos missões interessantes e surpreendentes dentro de Tamriel, aqui é só mais do mesmo de sempre.

Embora os ambientes dentro do jogo nos presenteiem com diversos biomas, e faixas musicais diferentes, devo dizer que achei estes muito vazios e despidos de propósitos. Como referi anteriormente, dão-me a sensação de inacabados. Nomeadamente quando te obrigam a seguir uma personagem e não te podes teleportar para o ponto de chegada, tens uma jornada onde a paisagem não é grande coisa e os encontros com inimigos são ocasionais e também para encher mais chouriços. Há muito tempo que se perde em Elex 2 que poderia ser melhor aproveitado de facto. Em certa parte parece que o jogo nutre um grande foco em criar uma alma humana, mas todo o corpo que a acompanha é desleixado.
E como não podia deixar de ser: bugs. Temos tudo do melhor, do mais típico e do mais comum, digno de um verdadeiro projeto da Rockstar. Não só os típicos problemas de mesh a entrar dentro de mesh, mas também de vermos uma animação a frisar e o corpo a mover-se no espaço. Isto aconteceu-me em especial em combates em que, embora eu atacasse, ficava sempre de pé atrás porque não sabia quando é que seria o timing de ele me atacar e se eu veria de todo esse ataque ou simplesmente iria sofrer só o dano… e sofri.
Elex 2 está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, e na Steam para PC.