Depois de 2 remakes muito desejados, e de o próprio criador Yoshio Sakamoto quase nos deitar as esperanças por terra, vermos uma nova entrada na saga da Famicom Detective Club, confesso que foi uma enorme surpresa tanto a revelação quanto o pouquíssimo tempo que tivemos de esperar para o seu lançamento! Emio: The Smiling Man é fruto da adesão dos fãs ao remake para a Nintendo Switch de The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind, ambos títulos oriundos da década de 80’s e que inclusive exploramos em stream com o nosso João Teotónio nos Potato N!ghts da Squared Potato e que podes espreitar de seguida. 

A inspiração nos temas macabros e algo bizarros que marcam algum do folclore japonês, são para mim um atrativo a conhecer estes mistérios que Sakamoto desenvolve com tanto empenho e sem qualquer pudor a riscar dias e dias de trabalho, até reler tudo e decidir que por fim esculpiu o mais intrincado enredo para o mistério que nos quer desafiar a resolver. No entanto, quero muito acreditar que este não será o capítulo final. Temos no mínimo ainda mais 1 grande mistério por resolver, que liga as nossas personagens.

Mesmo para quem nunca tinha conhecido esta saga, creio que Emio, levado pelo seu lançamento, pode ser uma excelente porta de entrada para novos detectives se juntarem a este clube, e experimentarem os seus antecessores. No entanto já aqui, tenho de dizer que talvez como uma marca da evolução dos tempos, sinto que este último é a fórmula mais refinada e completa para o tipo de jogabilidade muito específico desta saga. Pelo que ao saltares agora para os jogos anteriores, podes sentir um pouco mais vazios de jogabilidade.Deixa-me explicar-te: Em Famicom Detective Club, tu nunca controlas uma personagem a bem dizer. Irás sim, situar-te dentro da cabeça de diversas e gerir um leque de opções que te fazem pensar em como é que numa situação real, conseguirias desbloquear mais diálogo com o teu interlocutor.

É precisamente aqui que Emio: The Smiling Man se apresenta mais completo que os restantes. 

Entre as referidas opções, poderás chamar por alguém, falar, observar, pensar, mostrar algo que tenhas, ligar para um contacto, vasculhar as tuas notas, e guardar o jogo. Nisto creio que temos mais dados para analisarmos cada conversa (que são sobretudo a base do jogo, não havendo mais ações a tomar nem qualquer tipo de sistemas de combate ou de evolução de personagem).

Nisto somos acompanhados pelo nosso bloco de notas, onde cada personagem ou nome com que nos deparamos terá todo o tipo de anotações que conseguirmos espremer das conversas e situações que causarmos. Este tornar-se-á extremamente útil para refletires e conheceres bem todas as nuances do caso que temos em mão. Sendo que este se desenvolve em vários capítulos, terás sempre no final de cada a oportunidade de rever tudo o que descobriste e anotaste. 

Em suma, devo dizer que foi um enredo cheio de altos e baixos, mesmo ao estilo do que o criador procurou criar. Com lendas, backstories e personagens tão bem aprofundadas que nos deixam saudades por não conseguirmos ver mais desenvolvimentos seus para além deste caso. O peso destas, recai sobretudo para as suas expressões e voice acting ( até quem percebe minimamente japonês conseguirá acompanhar sem grande esforço), que no caso da Inspectora Kuze e do Kamihara, personagens tão diferentes, são uma delícia de nos cruzarmos. 


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Em pontos menos bons, devo fazer notar que senti que apesar de todas as opções que temos, ainda assim vejo a intervenção do jogar algo limitada. Sendo uma boa fórmula para contar histórias que de outra forma só teriam assento num livro, creio que poderiam existir momentos para quebrar um pouco o enjoo de andar sempre nas leituras dos diálogos… Razão pela qual a certo ponto deixei de ler e comecei a apoiar-me mais no voice acting para seguir a história. 

Também senti um pouco a banda sonora algo silenciosa demais, fazendo-nos pouca companhia na curta duração deste jogo. Não sei se foi por estar mesmo envolvida na história, dada a minha sede por este tipo de enredos, mas em 3 tardes acabei o jogo e depois só ficou o vazio de não ter muito mais para explorar neste título. Posso contudo dizer que quando acabas a história principal, desbloqueias uma mais curta que irá ligar todos os pontos remanescentes, de uma forma tal que é um misto de emoções muito grande tentar condenar o verdadeiro vilão no meio disto tudo.

Emio: The Smiling Man – Famicom Detective Club  já está disponível para Nintendo Switch.

Agradecemos à editora a cedência de uma cópia para análise.

+ Pontos Positivos

  • Enredo
  • Animações dos animatics
  • Personagens bem construídas

– Pontos Negativos

  • Jogabilidade limitador
  • Duração total algo curta

CONCLUSÃO
Emio
7.8
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
emio-the-siming-man-famicom-detective-club-analiseEm suma, um enredo muito sólido, com personagens fortemente esculpidas, numa saga cuja jogabilidade é deveras algo limitadora para o jogador.