Sabem quando fazem uma longa pausa das medias, porque todos os jogos parecem não preencher um vazio, a jogabilidade dos diferentes títulos que experimentam parece toda levar-vos a ferro ao mesmo fim insaciante, e até as análises custam a começar?

Como a maioria dos nossos colegas efectivamente todos acabamos por ler as análises uns dos outros e notamos um pouco essa saturação que faz parte do nosso ofício, pelo que é possível que tu desse lado saibas precisamente do que falo. Isto para dizer que para alguém que há uns meses publicou o artigo sobre a necessidade de mais 3D platformers no mercado, este Epic Mickey Rebrushed, tornou-se na aventura mais emocionante do meu ano. 

Senti-me mesmo com aquele brilho nos olhos e joguei de noite e de dia como uma criança, o que para quem já tinha jogado o original pode não valer de muito, mas na análise que te escrevo é precisamente o ponto de vista que trago à discussão: alguém que pegou neste Rebrushed sem contacto prévio e sem pesquisar nada sobre esta obra. Tudo o que vi foi um pequeno trailer de jogabilidade e não foi preciso muito mais para me convencer a dar uma oportunidade a este velho amigo.

Com isto, quero começar por falar-vos do mundo que exploramos neste título. Seccionado por praças que dão acesso a diversos e ricos níveis com as mais variadas temáticas dos filmes de animação da Walt Disney, são muitas as caras conhecidas e que nos deixam saudades dos velhos tempos de maratonas de cartoons na tv. Não é só o típico cenário aquático, selvagem e vulcânico, é mesmo uma dose muito vasta de ambientes.

A imensidão de níveis e personagens deixam-nos realmente saciados com a longevidade do jogo. Se pormenores faltassem, até temos direito a pequenos desafios que fazem a transição entre as praças e os níveis, e nos convidam a revisitar cenários inspirados em curtas animadas dos primórdios da vida da casa do rato. Estes últimos até que achei-os um pouco a mais, algo enfadonhos nomeadamente quando temos de sair dos níveis e queremos regressar à praça, mas com pequenos twists que uma vez por outra até gostamos de os passar.

 Este mundo funciona como um multiverso onde encontramos diversas versões das mesmas personagens, no entanto, rato Mickey só há um e está nas mãos do jogador controlá-lo. Algumas interações, podem decidir o tipo de relação que vão desenvolver, e impactar a dificuldade a ultrapassar obstáculos à nossa progressão. Esta vertente, pouco explorada, mais o sistema de combate e todos os puzzles que resolvemos, têm por base a mesma mecânica que resolve em torno de um pincel. 

Mickey empunha um pincel como arma, e resolve puzzles para desbloquear caminho com recurso a tinta mágica que pode pintar ou apagar elementos do cenário. Da mesma forma, podemos pintar inimigos para torná-los nossos aliados, ou atacá-los com tinta até eles rebentarem. Claro está que também podemos usar o pincel como espada ou uma típica arma de melee. Nisto, há uma certa simplicidade na linha de raciocínio que é constante em todo o jogo a ditar a curva de dificuldade. Contudo é de realçar que não torna o jogo fácil demais, nem enfadonho, nomeadamente para o público-alvo. Contudo temos mais alguns moves na manga para navegarmos na jogabilidade: Dash, Ground Pound e Sprint.

Como se não bastasse toda a riqueza de níveis, personagens e ambientes, é também de destacar que temos bastante conteúdo com que nos entretermos a fazer favores às personagens que deambulam pelas praças. Há que nos mantermos atentos a quando nos chamam e a tudo o que nos pedem porque inclusive o que procuram pode estar escondido num dos níveis que jogamos. Indo ainda mais além destas “side quests”, temos também colecionáveis de todo o tipo e rigor para nos ocuparmos. Sejam crachás, películas, peças, etc…

Falando agora da maior ode que esta obra se deve focar, a animação, devo dizer que apesar de satisfeita com a prestação, sinto que foi perdida uma oportunidade de tornar este jogo ainda mais mágico. Com tantos jogos que após o Cup Head, vieram a conseguir chegar perto da sensação de estarmos a controlar um cartoon, aqui sentimos fluidez de animação sim, mas não sentimos a magia da Disney que tanto se sente ausente neste milénio.

Epic Mickey Rebrushed já está disponível para PS4, PS5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC.

+ Pontos Positivos

  • Mundo rico
  • Longevidade
  • Dificuldade para público-alvo

– Pontos Negativos

  • Animação não surpreende
  • Mecânicas base sempre as mesmas

CONCLUSÃO
Retocado.
7.8
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
epic-mickey-rebrushed-analiseDesenvolvido pela Purple Lamp e publicado pela THQ Nordic, Epic Mickey Rebrushed segue uma versão retocada da aventura mágica que marcou a sua passagem pela Nintendo Wii em 2010. Com um mundo rico de cenários, níveis e personagens, entra num enredo que sacia qualquer fã da casa do rato.