Como qualquer outra pessoa que anda ligado neste mundo dos jogos, tentamos sempre ver os trailers e apresentações de jogos mais recentes ou que ainda estão para sair. E foi numa das Nintendo Direct que foi apresentado o jogo que vou analisar hoje: o Europa.
Este jogo deixou-me curioso por dois motivos: sou um autêntico lamechas com jogos visualmente muito lindos (perfeito exemplo em como nunca me cansei de elogiar esta parte no Melobot: A Last Song) e também porque este jogo foi desenvolvido pela Novadust Entertainment, dirigido pelo português Hélder Pinto e publicado pela Future Friends Games.
Europa é um jogo de plataformas zen e, como o nome indica, situa-se numa das luas de Júpiter. Neste jogo situado num futuro distante, jogamos como Zee, um rapaz andróide que desperta num sono criogénico e descobre que está só, num sítio desolado com vestígios de civilização humana.
Além de podermos apreciar as lindas paisagens, também temos vários “colecionáveis”, que passo a explicar já a seguir. Embora tenha um design linear, ainda permite alguma liberdade para procurar o que é preciso para resolver os puzzles e apanhar “colecionáveis”, como páginas do diário que foi deixado para o Zee, cristais de esmeralda e fontes de energia brancas.
As páginas do diário estão espalhadas ao longo da viagem e narram a história dos acontecimentos que antecederam ao jogo. O diário em si foi escrito por um homem chamado Adam, que alegadamente é o pai do Zee, e escreveu o diário todo dirigido a Zee, revelando que já não está vivo, e pede a Zee que se alguma vez se sentir sozinho e quiser encontrar respostas sobre o que aconteceu na lua, que visite “A Ilha”. Esta é uma enorme ilha flutuante com uma cidade, sendo o último sítio com arquitetura humana conservada. Além das páginas do diário, encontramo-nos com os jardineiros, criaturas residentes de Europa que podem ser ilustrados no diário, quando acontece o primeiro encontro dos vários tipos diferentes de jardineiros. Os cristais de esmeralda não têm um real efeito no jogo, só servem mesmo para incentivar a explorar tudo e encontrar as pedras.
Por fim, as fontes de energia branca servem para aumentar a capacidade do Zephyr, o dispositivo que Zee carrega nas costas, que lhe permite obter certas habilidades, como fazer saltos maiores, levitar, alcançando alturas mais altas (embora limitado) e planar em pleno ar. Isto consome energia, pelo que esta é recarregada ao apanhar esferas azuis espalhadas ao longo do jogo, que felizmente existem em abundância. Outra coisa que o Zephyr permite fazer é “descarregar” uma bola de luz que serve para acionar interruptores e plataformas para abrir portas e outras coisas. Esta habilidade também conta com uma variante aérea ligeiramente diferente, mas que infelizmente não dá muito uso sem ser para uns quantos puzzles em que isso é necessário. A ter atenção também que, em boa parte das áreas dos puzzles, existem cristais violetas que sugam a energia toda do Zephyr, assim como uns “mosquitos” violetas.
Infelizmente, não deixa ter algumas situações frustrantes na minha opinião. Uma delas foi o facto de, enquanto estava a fazer vôos a longas distâncias, não deixei de ter aquela sensação que perdia-se o controlo do planar do Zee, andando por ali um bocado descontrolado, resultando em falhar algumas aterragens. Outra coisa que pode ser bem frustrante, tem a haver com alguns jardineiros e as torres de segurança. Alguns jardineiros têm um canhão, que, além das torres de segurança, tentam sempre acertar no Zee.
As torres de segurança têm sempre um interruptor algures que dá para desativar as torres após usar uma descarga, mas a dificuldade aumenta mais para o meio do jogo e começam a aparecer canhões sem interruptor, só podendo apenas desviar dos tiros. A parte frustrante é quando eventualmente acertam no Zee. Quando o Zee é atingido, pois fica atordoado e caminha mais lento, não permitindo usar as habilidades do Zephyr, dificultando ainda mais a tarefa de desviar do próximo tiro. Passei partes em que fui atingido, não conseguindo recuperar a tempo para desviar do próximo tiro, acabando por levar logo outro quando assim que recuperei do anterior.
A história, como já foi dito acima, é narrada na 1ª pessoa e dirigida a Zee. Resumidamente conta em como a Humanidade tentou colonizar Europa e coexistir com os jardineiros, mas rapidamente as coisas caíram para o descalabro, e sem adiantar muito para evitar spoilers, a história sofre vários reveses e fica ainda mais interessante quando colecionamos as páginas do diário. A história, na minha opinião, é um dos pontos fortes do jogo.
O grafismo está bem acima da média, entre o bom e muito bom, o ambiente de Europa é muito relaxante e dá sempre um enorme prazer de apreciar as vistas e a natureza. Até já estou a apanhar o hábito de dizer isto sobre certos jogos, mas claramente tem fortes inspirações dos trabalhos de Hayao Miyazaki e o jogo até faz questão de guiar-nos para os espaços mais amplos para conseguirmos apreciar tudo o que a natureza de Europa tem para nos oferecer.
A música é sempre acompanhada por um piano e, ocasionalmente, tem um instrumento ou outro a acompanhar. A música consegue acompanhar bem as situações mais tensas, assim como as situações em que nos é apresentado um novo capítulo. Pessoalmente a música é excelente para aqueles momentos em que estudamos ou num dia de chuva.
O jogo é curto, é certo, mas a exploração, os cenários e os puzzles (especialmente os das plataformas), faz compensar e esquecer o facto que o jogo é curto.
*NOTA* Na altura que esta análise estava a ser escrita, saiu oficialmente um update ao jogo e trouxe bastantes coisas positivas e que fiz questão de experimentar. No geral, esta análise foi feita já com o update e as novidades foram muito bem vindas.
Agradecemos à Future Friends Games por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma Nintendo Switch.
Europa já está disponível para Nintendo Switch e para PC via Steam.