O recém-criado estúdio português Fire Raven apresenta o seu primeiro jogo desenvolvido, vencedor do prémio PlayStation Talents de 2020, Evil Below, que é mais uma aventura inserida no género de terror. Deve haver uma imensa facilidade em desenvolver videojogos deste tipo, já que a maioria das novas developers indie escolhe este “template” de horror para mostrar o seu talento.

Apesar de já existirem imensos jogos deste mesmo género, Evil Below consegue ser uma experiência bastante diferente dos outros, apresentando novas mecânicas tanto de combate e de exploração raramente usuais no paradigma de jogos de terror, mas ao mesmo tempo acaba por cair nos mesmos “erros de principiante” que os outros jogos do mesmo género caem.

Esta aventura começa mostrando um dia completamente normal, onde a personagem que controlamos se encontra acompanhada pelo seu filho, a conduzir um carro. Do nada, sofremos um acidente, e quando acordamos apercebemos que o rapaz desapareceu. A partir daí, partimos para um bosque, onde vamos encontrando pessoas cada uma mais estranha do que a outra.

Visualmente, o jogo não é impressionante, mas não fica nada atrás comparando com outros jogos de terror. Apesar de vazios, os ambientes são, até um certo ponto, imersivos e inquietantes, devido a elementos como a neblina, casas semidestruídas e a grande edifícios de pedra. Porém, os NPC’s são extremamente irrealistas, apresentando texturas completamente distintas do mundo.

Quanto à jogabilidade, falha em muitos aspetos, sendo o principal o combate. Este mostra-se extremamente desafiante em certas alturas, e noutras mostra-se hilariosamente fácil, devido à inteligência artificial dos inimigos. As armas corpo-a-corpo, como o machado, que é logo uma das primeiras a ser desbloqueada, são tudo menos satisfatórias de usar, já que todos os movimentos e animações façam com que pareça um taco de basebol acertar em coisas aleatórias.

Apesar de haver uma mecânica de parry no jogo, ela é não só inconsistente, mas também um tanto inútil, já que em poucos golpes somos assassinados pelos inimigos, enquanto que eles parecem “sacos de pancada” com uma durabilidade de outro mundo. Isto faz com que a estratégia de combate seja fugir, de forma a que a vida seja regenerada, e depois voltar para finalmente os matar.

Desde o início da aventura que o jogo vai também apresentando quebra-cabeças, uns tão simples como abrirmos uma porta, e outros mais complicados, alguns que até fizeram lembrar o Resident Evil VII. Foi logo de início introduzida uma mecânica para os quebra-cabeças, que requer o uso do microfone do nosso comando, e que consiste em abrir portas através do uso da nossa própria voz.

Esta mecânica acabou por se tornar decepcionante, já que este uso da voz poderia ter sido usado da mesma maneira que jogos como Phasmophobia, em que com ela podemos chamar os inimigos. Porém, em Evil Below, o microfone serviu apenas para nada mais, nada menos, do que para nos livrarmos de obstáculos que requeriam o seu uso.

Pela positiva, o jogo estava muito bem otimizado, apresentando dois modos de escolha gráfica para a PlayStation 5, plataforma onde este jogo foi testado. Estes modos eram o de qualidade gráfica e o de performance, sendo que este último é o que mais recomendo, já que a diferença gráfica não é muita, e o de qualidade apresentava algum screen stuttering, que estragava um tanto a experiência de jogo.

Por fim, um dos piores aspetos de Evil Below foi o seu design de áudio, que acabou por se revelar bastante irrealista e muitas vezes até absurdo, algo que quebrou a imersão. O voice acting das personagens está longe de ser bom, sendo muito fácil notar que muito possivelmente este nem foi realizado num estúdio com atores, e que apenas conteve as vozes dos elementos da equipa.

Só me resta dar os parabéns a esta desenvolvedora portuguesa pelo trabalho que eles realizaram, que apesar de estar longe de perfeito, é um bom primeiro jogo e uma boa amostra do que poderão desenvolver no futuro.

CONCLUSÃO
Razoável
6
evil-below-analiseApesar de apresentar mecânicas de combate muito pobres e um design de áudio péssimo, Evil Below traz ambientes bem desenvolvidos, o que resulta numa experiência de terror sólida, mas com muito espaço por onde melhorar.