A cada 10 jogos que são baseados em filmes, chega-nos um que realmente bebe o sumo do respetivo universo e sabe tirar partido de tudo o que popularizou a origem, o destaque de hoje é esse mesmo “um”, falemos então de Evil Dead: The Game.

The Evil Dead é, frequentemente, referido como um dos melhores filmes de terror de sempre, o que não está de todo errado, mas em termos pessoais, provavelmente até optava pelo segundo. Este pequeno pedaço de informação serve apenas para terem ideia de que a Saber Interactive tem aqui uma saga não só com muita qualidade, mas também deveras acarinhada pela fan base. Esta deixou a sua marca nos cinemas e pequeno ecrã (Ash vs Evil Dead), pelo que a tarefa de a deixar bem representada com certeza pesou nos ombros de muitas pessoas no estúdio.

A premissa é simples: um grupo de jovens decide ir passar umas férias a uma cabana no meio dos bosques (antes de ser cliché), e começam a deparar-se com acontecimentos fora do comum, desde barulhos a objetos a mexerem-se. De seguida, decidem investigar a cave, onde encontram uma cassete e a metem a tocar, libertando assim uma multitude de espíritos e demónios.

Não irei contar o resto para não estragar a história do filme. Só terão de saber que a partir daí, Ashley Williams, interpretado por Bruce Campbell, assume o papel de protagonista e tem de lidar com todos os perigos e mais alguns.

Ora, Evil Dead: The Game vai buscar sumo a vários jarros, não só ao universo que originou a história retratada, mas também a congéneres como Friday the 13th ou Dead By Daylight, uma tática que, sem dúvida, compensou.

O modo principal do jogo é o famoso multiplayer 4v1 que se foca em quatro amigos derrotarem o demónio que procura impedi-los de cumprirem tal objetivo. O objetivo dos sobreviventes consiste em encontrarem partes de um mapa que revela a localização do Necronomicon Ex-Mortis e a adaga de Kandarian.

À medida que vamos encontrando as partes do mapa vamos também apanhando recursos como a Schemp’s Cola que nos recuperam vida, amuletos que aumentam a defesa, ou até mesmo novas armas, estando estas categorizadas por qualidade: comum, incomum, raro e lendário.

Embora a exploração seja bastante cativante, temos de estar atentos ao nível de medo que as nossas personagens possuem, demasiado tempo no escuro e acabamos por perecer.

Após conseguirem ambos os itens, terão de realizar um ritual com o Necronomicon, onde este tem de ser protegido de forma a conseguirem derrotar os demónios.

No lado dos sobreviventes temos grande parte dos elencos, totalizando 13 personagens no total. Contamos com quatro versões de Ash, acompanhado de elementos como Linda ou Lord Arthur. Cada personagem poderá ser melhorada através da sua árvore de habilidades.

Os sobreviventes estão divididos em quatro classes:

  • Warrior – os “tanks” do jogo, não só têm como também tiram mais vida do que as outras classes;
  • Hunter – focados mais no combate à distância com bolsos mais fundos para munições;
  • Support – os famoso curandeiros do grupo, para além disto ainda conseguem aumentar as defesas da equipa;
  • Leader – são a classe mais resistente ao medo e possuem auras que funcionam em prol da equipa;

Para quem quiser aterrorizar sobreviventes, poderão jogar como os demónios, sendo que estes funcionam de forma diferente (no bom sentido) dos outros jogos.

Temos também três classes:

  • Warlord – liderados por Henrietta (chiça…), são os inimigos padrão, sendo que estão munidos de dano adicional;
  • Necromancers – liderados por Evil Ash (yes) e a Skeleton Elite! Especializados em conjugarem multidões de inimigos (mais fracos) para inundar o mapa;
  • Puppeteers – um grupo mais focado em possessões e jogos mentais. Sem dúvida o meu preferido visto que conseguimos meter os sobreviventes a baterem uns nos outros, estilo génio do mal;

O modo multijogador é bastante acessível, podendo ser jogado de inúmeras formas, sejam todos jogadores humanos, só sobreviventes humanos, só nós com AI ou o modo exército de uma só pessoa. São todos igualmente divertidos, especialmente se tiverem amigos com quem jogar.

Gostaria que a Saber incluísse a opção de jogarmos com apenas um amigo e preencher o resto da equipa com AI (ou mesmo só duas pessoas) pois nem todos temos quatro pessoas sempre disponíveis a jogar.

Para além disto temos ainda um modo história, composto por seis episódios com outros em pipeline, onde podemos vivenciar alguns dos momentos chave da saga, desbloqueando novas personagens para usarmos nos modos multijogador.

Estes episódios têm a saudável duração de cerca de duas horas para não sobrecarregar o jogador, não tendo, no entanto, qualquer checkpoint, o que prolonga imenso um episódio em que tenham dificuldades visto que têm de o começar do zero.

A apresentação visual do jogo tem uma palette de cores bastante escura, mas não o suficiente para que o ecrã seja uma confusão. Aconselho-vos a jogarem com fones e à noite pois a imersão é, sem dúvida, surreal, imergindo-nos ao máximo dentro do universo de Evil Dead.

O jogo corre a 60 frames por segundo mantendo assim o padrão da geração, e apresenta detalhes visuais que respeitam não só a saga como também as personagens que participaram nos filmes. Todos os elementos se encontram excelentemente caracterizados.

A banda sonora e as falas estão em pandã com os elementos visuais. À medida que somos perseguidos ouvimos falas icónicas e músicas que nos transportam para o aterrador universo de Evil Dead.

Evil Dead: The Game está disponível para a PlayStation 4 e Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X e Series S, e Microsoft Windows. Ficará brevemente também disponível para a Nintendo Switch.

Agradecemos à BestVision por nos fornecer uma chave para análise.

CONCLUSÃO
Fujam!
8.3
evil-dead-the-game-analiseEvil Dead: The Game podia ser mais um jogo de terror a cair no poço de 4v1 assimétricos mas ao respeitar a saga e o género consegue destacar-se positivamente dos restantes, oferecendo mais do que só mais um jogo de terror. Com um preço bastante acessível, seja com amigos, estranhos ou com a ajuda da IA, esperam-vos inúmeras sessões aterrorizantes.