O ano 2021 está a ser um excelente ano para a comunidade dos videojogos. Desde jogos incríveis como Deathloop e Tales of Arise. a novas e surpreendentes aventuras como Scarlet Nexus. O destaque de hoje enquadra-se neste último espectro, falo de um metroidvania competente, com ênfase numa história que cativa o jogador: F.I.S.T. Forged in Shadow Torch (doravante FIST).

FIST coloca-nos no pêlo de Rayton, um coelho antropomórfico que “pendurou as botas bélicas” e vive a sua vida em paz, rodeado dos seus amigos e ex-companheiros de guerra. Denota-se inspiração Orwelliana na TiGames, desde o cenário distópico ao estilo de 1984, à caracterização e ironia das várias classes sociais que cada animal representa enquanto cidadão. Isto leva a que Urso (sim, é o nome em inglês), um amigo de Ray, seja capturado e apreendido numa torre, obrigando-nos a limpar o pó às botas e voltar ao activo.

A história não complica, mantendo-se sempre em linha com o que o jogo nos apresenta logo ao início. Não existem missões desnecessárias ou que empatem a narrativa, no entanto, existe uma progressão incrivelmente lenta, quase que desvalorizando o esforço em concluir as missões, visto que não há recompensas imediatas.

Creio que o que destaca FIST dos outros metroidvania é a atenção ao detalhe que a TiGames coloca no mundo que nos rodeia. Desde o cenário steampunk lindíssimo, às interações com as diferentes classes sociais, e a maneira como estas se interligam e criam uma sociedade que não parece assim tão distante, tirando claro o facto de estes cidadãos (furtizens) serem animais.

Os níveis têm bastante variedade (dentro claro, do tema steampunk ), o que ajuda a refrescar a vista quando temos de fazer backtrack. Podiam no entanto ter aumentado os pontos de fast travel, pois embora a transversalidade esteja bem conseguida, dei por mim a ter de passar um nível inteiro só para chegar ao metro e conseguir ir para outro, visto que o último não tinha fast travel.

Observa-se também um empenho adicional no combate. À primeira vista parece clunky e irresponsivo mas umas sessões de treino com o Mestre Wu e percebemos qual o intuito da equipa, sendo possível desferir combos devastadores sobre os inimigos, conjugando até as várias armas que temos à disposição.

Embora o combate esteja bem desenhado, os confrontos nem sempre possibilitam a execução dos vários combos, visto que em certas salas somos sobrecarregados de inimigos que nem dão espaço para respirar. Esta dualidade nos confrontos encontra-se também em alguns bosses.

Não senti que a dificuldade fosse aumentando, creio que o grau seria descrito num gráfico de altos e baixos, embora nunca fique demasiado difícil, apenas recorre à paciência do jogador. Creio que deviam acrescentar uma hipótese de poder fazer skip à conversa inteira antes dos bosses visto que há diálogos que ainda têm umas 10/12 frases e temos de fazer mash desnecessário ao X para prosseguir para a luta.

Os visuais como já referi estão incríveis, retratando e dando vida própria à cidade (e restantes locais). FIST utiliza ainda uma palette de tons diversificados, recorrendo aos níveis mais “abstractos” para poder trazer ambientes completamente contrastantes à superfície inundada por poluição e industrialismo.

F.I.S.T. Forged in Shadow Torch já se encontra disponível nas plataformas Steam, PlayStation 4 e PlayStation 5.

CONCLUSÃO
Bem Bom!
8
f-i-s-t-forged-in-shadow-torch-analiseFIST converge-se numa experiência bastante agradável e competente. Não deslumbra nem inova, mas triunfa nas vertentes em que se compromete. Com um preço acessível e uma duração que não se prolonga para lá do desejado, é recomendado para os fãs do género.