Um dos meus sonhos é poder conduzir um carro de Fórmula 1, e embora ache isso altamente irrealista/quase a roçar o impossível, o sonho perdura. Até lá contento-me com substituições na indústria dos videojogos, entre elas o destaque de hoje: F1 23.
Tendo a Codemasters sido adquirida pela Electronic Arts em 2021, foi desde logo notório o impacto da editora, introduzindo uma vertente mais cinematográfica na apresentação, prejudicando o valor técnico face à estética. F1 22 foi quiçá o pior dos últimos anos, metendo a postura de desenvolvimento de ambas as equipas em cheque, resultando numa experiência mais agradável em 2023.
A principal novidade de F1 23 apresenta-se no formato F1 World. Descartam-se as seleções rápidas de modos como Time Trial, passando este, e outros como Quick Race a estarem incluídos num menu centralizado que nos oferece desafios para cumprirmos e podermos melhorar o nosso carro e equipa.
Braking Point faz o seu inevitável regresso, com algumas alterações. Aiden é integrado na nova equipa Konnersport, podendo nós ainda assumir controlo de Devon e do nosso Team Principal, Andreo Konner, com poder de decisão na carreira dos pilotos e futuro da equipa. Para além destes três, existem outras surpresas, expandindo assim a narrativa de Braking Point para ainda mais pontos de vista que acho melhor deixar para vossa surpresa.
Embora estejamos na pista a conduzir, parece-me que este modo se fecha numa bolha legal, evitando utilizar nomes famosos ou interações com os restantes pilotos na grelha para além de os vermos passar por nós no alcatrão. Não considero um modo essencial ao sucesso de F1 23, mas é sempre bem-vindo para os fãs que se juntaram através do documentário da Netflix: Drive to Survive.
Embora não tenha grandes defeitos, o modo Carreira mantém-se maioritariamente inalterado. A inteligência artificial foi refinada e embora nos dê brake checks de vez em quando, leva a de F1 22 na sua sombra. Com a atualização da grelha e a introdução de novos detalhes como poder correr 35% dos Grand Prix ou a introdução das bandeiras vermelhas, este é o modo vencedor para os amantes da simulação.
Como já referi, desde a aquisição que o foco incidiu maioritariamente na apresentação, desvalorizando a tecnicidade. Felizmente a Codemasters ouviu o feedback e traz-nos uma experiência muito mais polida.
Os controlos estão cirúrgicos no que toca à precisão, sendo muito mais fácil conduzir com o comando. Tendo o “mau” hábito de jogar jogos de corridas com o volante, era sempre complicado voltar ao comando quando ia à casa de alguém, mas este ano não tive grandes dificuldades em manter controlo do carro só com o Dualsense. Para além de melhor precisão, os gatilhos e a vibração háptica trazem uma camada adicional de imersão, permitindo-nos sentir cada kerb, para o bem e para o mal, pois ainda temos sausage kerbs nas pistas.
Aliadas a estes controlos estão um conjunto de extensas opções que nos permitem personalizar as corridas ao máximo, sejam elas na forma de assistências à condução, severidade dos penalties, ou as tradicionais, mas essenciais configurações da meteorologia e da longevidade das corridas. No geral, a experiência é uma das mais completas até à data.
F1 22 veio carregado de problemas técnicos que tornavam a jogabilidade a dada altura insuportável. Desde quedas no desempenho a bugs básicos como não conseguirmos usar o rádio depois de usar flashback, a comunidade fez-se ouvir, parecendo-me que serviu como porta-estandarte ao desenvolvimento de F1 23 pois até agora não encontrei um único inconveniente, desde a inteligência artificial às várias configurações que testei.
Com 60 frames mais que estáveis, os visuais deslumbram no modo qualidade. Parece-me que pegaram numa única palette e decidiram marchar com essa para todas as pistas, o que não é propriamente uma falha, mas acaba por denegrir a identidade de alguns GPs. Não obstante, quando estamos no carro, tudo nos parece incrível, que acumulando com as melhorias técnicas culminam numa óptima experiência.
Numa nota final, com todos os defeitos que se possam atribuir à Electronic Arts, não posso deixar de mencionar uma das melhores qualidades nos seus videojogos: a banda sonora. Electrificante, agarra o jogador no primeiro tom e leva-nos por uma viagem de músicas animadas que tanto nos acompanham nas escolhas ou nos convidam a simplesmente deixar o jogo aberto no menu.
Agradecemos à Electronic Arts por nos ter cedido uma chave para análise.