Mais um ano, mais borracha queimada no asfalto através dos meus gatilhos e analógicos.

Já não me bastava passar horas a ver sessões de imprensa, treino, qualificação e corridas de Fórmula 1, como ainda embarco na loucura de querer (ou tentar) analisar o videojogo que tenta captar a adrenalina e precisão com que a elite do automobilismo contorna os circuitos à volta do mundo.

Modos de Jogo

Regressamos ao produto anual da Codemasters com uma mudança bastante significativa, não só para os jogadores, mas também os que acompanham o desporto: o modo Carreira foi renovado, incluindo não só a utilização de pilotos atuais, como de ícones da F1. Claro que podemos continuar a optar pelo novato que vem da F2, mas honestamente, desde que me tiraram o carro do James Hunt em F1 2019 nunca mais fui o mesmo.

Agora, posso não continuar o mesmo dado que o carro não voltou, mas ao menos afogo as mágoas ao alcançar a glória eterna contra os bots do meu F1 24.

Felizmente a renovação do modo Carreira correu bem. Cada piloto (tanto existente como novo) possui Accolades únicas, ligadas às suas carreiras, que influencia os ganhos após cada corrida, como por exemplo a experiência acumulada. Claro que podermos escolher o nosso ídolo para embarcar na viagem acaba por rejuvenescer a acumulação de recursos todas as semanas, ou ter de contratar Especialistas e completar os seus objetivos, mas honestamente, a experiência, embora mais robusta, sente-se mais leve.

A dinâmica com a equipa também foi reformulada, permitindo-nos participar em reuniões com outras equipas. Obviamente, a tensão aumenta se formos descobertos pela nossa equipa, mas, tal como na vida real, teremos de saber equilibrar o perigo de sermos descobertos vs. a possibilidade de maior reconhecimento, ou até mesmo uma oferta melhor.

Como costume, competimos contra os 19 pilotos da grelha, mas no que toca a desenvolvimento do carro, temos o nosso colega pela frente. O nosso desempenho influencia quem escolhe primeiro as novas packages de melhorias que são encomendadas ao longo da época, sendo que temos a hipótese de completar as sessões de treino que nos recompensam com boosts no desenvolvimento. Não desvalorizem estes boosts, pois a IA, principalmente no modo Carreira, traz consigo umas quirks que não posso deixar de admitir que me irritaram. Sempre que tentava cumprir os objetivos adicionais durante cada corrida, criavam-se situações que as tornavam três vezes mais difíceis.

A introdução da Fanzone acrescenta uma camada social e, também competitiva a F124. Podem apoiar as vossas equipas e pilotos favoritos, em colaboração com adeptos de todo o mundo. Cada evento Fanzone dura cerca de oito semanas, sendo que, no fim de cada evento, os elementos da Fanzone vencedora receberão recompensas, como uma licença de associação à equipa vencedora e uma expressão dourada associada ao seu nome. Este modo, embora acrescente mais pompa do que utilidade, acaba por aumentar o envolvimento da comunidade.

Por fim, encontramos os modos mais desvalorizados, os cenários e contrarrelógios. Embora se gabe a aposta no modo carreira, a maioria dos jogadores por vezes quer apenas relaxar e dar uma ou duas voltas a um circuito. Adicionalmente, tendo em conta exemplos recentes como Gran Turismo 7, existem imensas formas de trazer criatividade para modos como o contrarrelógio.

Jogabilidade

Pareço um disco riscado ano após ano mas a Codemasters não perde o kit de unhas que tornou os jogos deles tão envolventes.

Encontramos melhorias notáveis na jogabilidade, ainda mais este ano, com a introdução do novo sistema Dynamic Handling em F1 24. Não só encontramos uma condução mais realista, como ainda conseguimos adaptar o desempenho do carro com base no estilo de condução, que na verdade, é a experiência de um piloto Fórmula 1. Com uma condução ainda mais afinada aos nossos gostos, a reatividade do carro tornou-se muito mais aprimorada, tanto nas condições climatéricas, como com possíveis obstáculos que possamos encontrar, como as curbs.

Um dos principais (não) problemas, é que o sistema de manuseamento está bastante melhorado e mais complexo. Isto significa que quem chega agora ao mundo da Fórmula 1 pode encontrar uma curva de aprendizagem mais elevada do que nos jogos anteriores. A verdade é que, das séries anuais de desporto ou automobilismo, a F1 é a que mais acessibilidade e personalização providencia aos recém-chegados, pelo que esta curva será, a meu ver, um problema apenas para quem não se quer dedicar devidamente ao jogo.

Já na vertente técnica, podemos sim encontrar alguns bugs que prejudicam a experiência. Certo que alguns foram, e outros serão rapidamente resolvidos mas um dos mais hilariantes era só dar para usar pneus supersoft num GP chuvoso, o que resultou em toda a grelha a patinar pela pista fora, pois por algum motivo, os pneus de chuva tinham desaparecido de todas as garagens.

Audiovisual

F1 24 mantém a qualidade visual que fomos encontrando, sendo que ironicamente num plano geral, continua, tal como todos os outros, na minha opinião, inferior a F1 2020. Não obstante, os modelos de carros estão imensamente detalhados, avivando as pistas que acompanham o nível de detalhe dos carros, ainda mais quando somos vítimas dos efeitos climáticos dinâmicos e vemos a chuva passar pelas 20 flechas que percorrem os circuitos. Felizmente decidiram incluir o suporte para VR de forma nativa, trazendo um nível de imersão sem igual. O único “problema” de corrermos o jogo em VR, é que a nossa máquina tem de aguentar, pois não existe suporte para a versão das consolas (PSVR2).

O design de áudio, com a companhia de uns fones decentes torna-se incrível. Desde os motores que praticamente criam melodias aos ruídos ambientais, cada GP é uma experiência completamente diferente, o que nos permite imergir ao máximo no cockpit. A vertente de áudio apenas peca na repetitividade de comentários que ouvimos ao longo de uma corrida. Mesmo com o leque de falas que ouvimos dos comentadores e dos engenheiros, podiam acrescentar variáveis aos pedidos que fazemos à box. Não podia deixar o áudio sem abordar a vertente em que os jogos EA nunca falham: uma banda sonora que potencia ao máximo a queima de octano.

+ Pontos Positivos

  • Modo Carreira aprimorado
  • Sistema de handling mais complexo e realista
  • Visuais fotorrealistas

– Pontos Negativos

  • Desvalorização de outros modos de jogo
  • Problemas técnicos (bugs e incoerências)
  • Menus a mais e desnecessariamente complexos
CONCLUSÃO
Em desenvolvimento
7
f1-24-analiseF1 24 traz consigo progressos significativos no asfalto e na viagem que percorremos para o dominarmos no modo Carreira, mas peca no equilíbrio da variedade de modos, desvalorizando novamente modos favoritos dos fãs. Embora seja sem dúvida uma entrada forte na série, lançou-se para o mundo num estado técnico que devia ter sido aprimorado, o que acaba por prejudicar todas as outras vertentes.