Para quem está dentro no mundo dos Animes e/ou Mangas, Fairy Tail decerto é um nome bastante conhecido pelos fãs, e em 2020, Koei Tecmo lança o primeiro jogo baseado do Anime e Manga ( e para terem uma idéia de quão popular o Fairy Tail é, de acordo com as estatísticas, foram vendidas mais de 72 milhões de cópias). Fairy Tail foi criado por Hiro Mashima, que, coincidentemente, também esteve envolvido num outro jogo que já foi analisado por mim, Farmagia, serializado pelo Weekly Shonen Magazine, e no caso dos dois jogos, publicado pelo Koei Tecmo como já mencionei anteriormente, e desenvolvido pelo Gust, mais conhecidos pelos moderadamente populares RPG da série Atelier, Ar Tonelico e Mana Khemia.

**NOTA** Referência futura que esta análise é escrita sem base de experiência do primeiro Fairy Tail e do Anime e Manga e vai ser, como sempre, analisada com foco dos parâmetros habituais das minhas análises.

O segundo jogo começa onde terminou o primeiro e cobre o último Arc do Manga e do Anime, o Arc Alvarez Empire. Vou dar a mão da palmatória aqui e dizer que o Anime do Fairy Tail, para mim, foi como aconteceu com o Trigun: vi uns 2/3 episódios e não me cativou (e arrependo-me muito de dizer isto agora porque já vi o Trigun e pergunto-me como não insisti em ver isto quando deu na Sic Radical na altura e espero que aconteça o mesmo com o Fairy Tail quando tiver tempo e paciência).

E voltando a focar sobre a referência futura que mencionei no início deste artigo: parti para esta análise sem conhecimento prévio tanto do lore do Fairy Tail, como no primeiro jogo. Para pura das coincidências, um dos meus colegas streamers começou a jogar o primeiro jogo nas streams dele muito recentemente, e ajudou imenso a fundamentar a análise para este jogo e deu para perceber as diferenças dos dois jogos.

A história, como já falei mais acima, é toda à volta do Arc Alvarez Empire. A história segue do momento em que Zeref, o mago negro que reina o império de Alvarez como Emperor Spriggan, declara guerra à Fairy Tail, uma guilda de feiticeiros popular guiada pelo atual líder Makarov, e procura obter os poderes do Fairy Heart, uma fonte de magia ilimitada que está hospedada no corpo de uma mulher presa num cristal localizado nos confins de Fairy Tail. Não só como seguimos as aventuras de Natsu e os seus amigos, como também o jogo apresenta uma das novidades que são os Character Stories.

Tal como o primeiro jogo, Fairy Tail 2 é um puro e clássico JRPG, mas com diferenças significativas. No toca aos gráficos, transitaram do estilo Anime 3D como costumo chamar (modelos cel-shade 3D e dou o exemplo do Dragon Ball Budokai Tenkaichi original) para o clássico estilo Anime cel-shading e muito mais próximo à arte do Anime. A história em si não tem tendência de “desviar do caminho”, ou seja, é muito fiel ao material original do Manga e do Anime. Para quem segue Fairy Tail reconhece logo as personagens e as suas relações entre as personagens, logo a história não apresenta nada de novo. As Character Stories são “curtas” que destaca partes do Anime e que faz perceber melhor as relações entre as personagens.

No que toca a exploração, temos total liberdade de exploração. Uma das coisas que achei chato mas compreensível, são as limitações de exploração que temos no início. Temos obstáculos como muros ou saliências que não podemos saltar, mas, quando avançarmos em certos pontos da história, ganhámos habilidades para conseguir superar esses obstáculos. Como nota pessoal, achei que as habilidades pecam mesmo pela tardia, e exemplo disso foi num mapa ter três sítios com muros por rebentar e não tinha essa habilidade, o que obriga que quando eventualmente tiver essa habilidade ter que lembrar onde estava essa parte e ter que voltar para lá de propósito para conseguir rebentar com isso. Uma das coisas mais positivas é a habilidade de podermos mudar de personagem no meio da exploração, dando uma oportunidade de explorarmos os mapas com a nossa personagem favorita.

Para entreter a exploração, existem várias coisas que se pode encontrar: os Magic Pools, inimigos, baús, fogueiras, pedras mágicas, Plues, Bosses, Landmarks e obstáculos, além das Normal Quests. Os Magic Pools são zonas com magia concentrada que temos de eliminar. Para os eliminar, basta derrotar os grupos de inimigos que estão à volta do Magic Pool e digo que vale a pena pelas recompensas, que vão desde itens para equipar nas personagens a uma boa quantidade de XP.

As fogueiras não só como têm de ser encontradas para estarem referenciadas no mapa, como também recupera o HP da equipa e funcionam como Fast Travel para facilitar imenso o deslocamento de um sítio para o outro. Além disso tudo, é o único sítio em que podemos ter acesso às Character Stories (que podem ser desbloqueadas e vistas após cumprir certas condições) e às recompensas dos Plues. As recompensas dos Plues estão relacionados com a procura deles nos mapas. Quando atingimos um certo ponto recebemos a respetiva recompensa, e quando acabamos o cartão, passa para o próximo e sobe o nível dos prémios, e a maioria das recompensas são itens genéricos. Perto das fogueiras também encontramos os vendedores, onde podemos comprar e vender itens além de trocar pedras para podermos comprar Lacrimas mais poderosos para equipar nas nossas personagens.

Os Landmarks são sítios icónicos do Anime e só servem mesmo para apreciar e marcar no mapa que foi encontrado. Os Bosses estão espalhados em mapas específicos e não somos obrigados a entrar nas batalhas contra eles. São fixos e aparecem uma única vez e se forem derrotados, não voltam mais. Estas batalhas são bastante difíceis e são das batalhas que dão mais XP para além de itens. Se uma pessoa estiver distraída e não estar de olho ao HP, podem facilmente limpar a equipa e o truque aqui está mesmo em explorar os elementos que o Boss é fraco.

As Normal Quests, são tarefas que recebemos dos NPC assinalados a verde nos mapas e as Story Quests fazem avançar com a história e são automaticamente destacadas. As Quests podem ser facilmente encontradas no respetivo menu.

Por fim, os inimigos encontram-se espalhados pelos mapas fora de localidades. Estão sempre em grupos e normalmente se estivermos no alcance deles somos perseguidos, mas, se o nível da equipa estiver acima dos níveis dos inimigos, os inimigos fogem e pode-se atacá-los sem entrar na batalha, ganhando XP na mesma.

No que toca às batalhas, a Gust apostou numa mudança radical. No primeiro, o sistema de batalha é um clássico sistema por turnos ao estilo ATB dos jogos Final Fantasy IV-IX, e no segundo é um sistema de Action RPG por turnos muito semelhante ao Final Fantasy X-2 e XIII. O HP e MP foram alterados por HP e SP, eliminando o custo de MP das habilidades, e foram acrescentados o Fairy Rank, Extreme Magic, Awakening, Links e Unison Raid.

Toma lá um Fire Dragon Breath para te aqueces no frio que está

Em termos de jogabilidade não há nada que faça diferenciar de outros RPG.

Todos os botões são usados para diferentes ações, como o combo de ataques normal, bloco, usar Extreme Magic e habilidades ou ativar o Awakening.

Só se pode controlar uma personagem, mas é possível trocar o controlo para outro membro de equipa, além de poder trocar de personagem com a personagem ativa.

As habilidades usam SP e tem duas formas de acumular: conseguir atempadamente atacar um grupo de inimigos antes de entrar em batalha, dando algum SP de avanço na batalha ou com combos de ataques normais. Cada habilidade tem o seu custo de SP e podem ser desbloqueadas mais habilidades através do Magic Origin das personagens.

Podem ser usadas como um Finisher dos combos dos ataques normais ou em qualquer altura dentro do turno da personagem. Existem vários tipos de alvo, desde Single Target a Area of Effect, e tem que se ter especial atenção aos elementos porque existem elementos em que os inimigos são fracos como elementos que são resistentes, e essa exploração de fraquezas influencia bastante o rumo da batalha e da subida do Fairy Rank. É também possível utilizar a mesma habilidade mais que uma vez. A sua única vantagem é conseguir dar mais danos na próxima vez, mas também o seu custo de SP sobe para um, o que limita o uso repetitivo da habilidade.

O novo sistema de batalhas do Fairy Tail 2 é bom e o Gajeel aprova

Os inimigos têm, além de HP, as Break Gauges. Quando sofrem dano suficiente, as barras vão diminuindo, e desaparecem mais rapidamente se for por fraqueza. Quando se parte uma Break Gauge, permite o uso do Link Attack, um ataque em conjunto com uma personagem que está na batalha que além de dar dano, também dá um buff ou debuff, dependendo da personagem. Quando todas as barras desaparecerem, os inimigos ficam em estado Break e permite sacar do poderoso Unison Raid, que como o Link Attack, escolhemos com quem vamos executar isso e digo isto porque existem versões especiais e vistosas de Unison Raid com combinações específicas de personagens.

O Fairy Rank serve para dar mais vantagem na batalha. Só pode ser ganho em ataques conjuntos com outras personagens e com o consumo de SP para habilidades. Subindo o Fairy Rank faz com que aumente o limite do SP, que permite acesso às habilidades mais poderosas e de maior consumo de SP, e também facilita o acumulação do SP. Além de fazer subir o Fairy Rank, também é possível gastar barras de Fairy Rank para usar os Extreme Magics, que podem ser ofensivas como de suporte. Só podem ser usadas com um determinado Fairy Rank e ganha-se mais habilidades destas ao longo da história.

No geral, o sistema de batalha é bom, mas sinto que as batalhas são bastante dependentes da exploração de fraquezas ( especialmente contra os Bosses) e isso faz com que haja limitação de estratégias, porque nas batalhas mais difíceis a prioridade de topo é descobrir logo as fraquezas e resistências e alterar as personagens de acordo com essa informação.

Do que toca a música, e com falta de experiência do visionamento do Anime mas com experiência em jogos deste tipo, não sei dizer bem se o jogo aproveita a banda sonora do Anime ou não, mas acredito que não e que a banda sonora é original do jogo e está dentro dos padrões de música “genérica” de jogos de Anime. A banda sonora não é memorável, mas tem algumas músicas que se destacam mais que outras, e conta com as vozes originais do Anime, o que é sempre um ponto positivo deste tipo de coisas.

Em resumo, o jogo peca por ser demasiado “dentro dos padrões” e não se consegue destacar no meio da concorrência. Tem um sistema de combate e exploração bastante satisfatórios, mas é um daqueles casos que é mesmo recomendável ler o Manga ou ver o Anime, mas não deixa de ter uma boa nota pelo esforço da Gust.

Fairy Tail 2 já disponível para Switch, Steam, PS4 e PS5.

CONCLUSÃO
Uma aventura que não é para todos
7
Hugo Campos
Tendo o Mortal Kombat II como o 1º jogo que jogou desde os 5 anos, teve todos os PCs até ao Pentium 3 e mudou para as consolas quando consegiu ter dinheiro. Grande viciado de jogos de corridas, luta, RPGs e musicais, tem uma grande de coleção de jogos de ps2 até ao 5. É cofundador do canal da Twitch dos Team Squil.
fairy-tail-2-analiseFairy Tail 2 é um daqueles jogos que tem o termo próprio de fan service, para quem não seguiu o Manga ou o Anime pode não ser o ideal se não compreender as personagens e o mundo do Fairy Tail. A história tem um bom ritmo, os gráficos dão ar que estamos mesmo no Anime e com um bom sistema de combate. Este é um daqueles jogos que serve para os fãs mas que não é acessível para novatos.