Inicialmente lançados separadamente, Fallen Legion: Rise to Glory / Fallen Legion Revenants carrega consigo três estórias pelo preço de uma. Se as contas parecem não bater certas é porque Rise to Glory é o conjunto de dois títulos: Sins of an Empire e Flames of Rebellion, duas perspetivas diferentes do mesmo conflito político num continente em decadência. Não obstante a controvérsia com esses primeiros lançamentos (a princípio cada um preso numa plataforma diferente) a NIS America decidiu comercializar tudo num conjunto para todos os fãs que desejem ter a experiência completa. Resta saber, no entanto, se estas três aventuras valem o teu tempo. A resposta? Mais ou menos.
Caso sejas fã do combate encontrado em Valkyrie Profile, Super Neptunia RPG ou até Indivisible, então este RPG side-scroller à base de turnos irá tentar satisfazer essa lacuna no mercado atual. Apesar das influências citadas e de mecânicas interessantes, tanto um título como o outro não satisfazem em igual medida, cambaleando com problemas tais como ataques que não conectam como seriam supostos ou picos de dificuldade desmedidos, espontâneos e aleatórios.

Dito isso, a fundação para o combate é sempre a mesma: um grupo de três personagens, mais uma quarta com um leque de habilidades maioritariamente de apoio como curar ou reviver, é controlado por ti num ecrã cuja ação decorre sempre sob duas dimensões, com o encanto do confronto ser as várias combinações ofensivas feitas com um certo timing e cooldown. A isto junta-se a possibilidade de bloquear ataques hostis, efetuando um parry no momento certo para contra-atacar logo de seguida, embora esta habilidade traga consigo as suas nuances mais tarde, sendo ela um dos bastiões exemplares para progredir em níveis mais avançados.
Em Fallen Legion Revenants, o sistema mantém-se maioritariamente igual, mas com algumas diferenças: a adição de uma grelha no campo de batalha transforma estas em assuntos mais táticos com certos ataques a atingirem determinados espaços. Esta alteração, em conjunto com outras como, por exemplo, a forma como a quarta personagem recebe mana (recurso para os feitiços) complicam algo que estava simples e bem trabalhado sem necessidade alguma.

Uma das mecânicas mais interessantes a bafejar Fallen Legion é um sistema de escolhas com suposto peso na narrativa que decorre entre os vários pequenos conflitos. Ao trilhar caminho até o próximo inimigo por vezes salta à vista três cartas, cada uma com uma hipótese, sempre com vários tipos de benefícios à mistura. O único problema encontrado foram as escolhas que revelaram ser pouco consequentes e, muitas das vezes, decrementais ao combate numa tentativa de alterar o rumo da narrativa de alguma forma. Fallen Legion Revenants viu uma outra aplicação deste sistema, mantendo as escolhas associadas a questões éticas e morais, mas entre a ação de vários níveis, afetando o poder de escolha pela urgência da situação (muitas vezes em contrarrelógio).
Contudo, Fallen Legion dispõe de um sistema ortodoxo referente ao progresso das personagens. Em substituição de níveis tradicionais são atribuídas gemas de várias raridades para equipar, umas proporcionando mais força vital, outras maior facilidade em bloquear ataques. É suposto estas relíquias proporcionarem uma vantagem em combate, mas nunca senti uma verdadeira diferença no estilo de jogo, independentemente da quantidade ou combinações que criasse.

Só é infeliz que o enredo, tanto em Fallen Legions Rise to Glory como Fallen Legion Revenants, nunca chegue a cumprir com as expectativas colocadas, mais parecendo que foram atiçadas ao vento do que ao chão. Rise to Glory dispõe de uma boa e interessante premissa, com aspirações a grandezas narrativas, repleta de politiquices e dramas relacionados com sucessão, isto confirmando-se com a parte da jogabilidade supracitada onde se efetuam escolhas que afetam a moral dos exércitos. Revenants também acolhe um enredo atraente, com as duas frentes importantes do videojogo: política e combate, lideradas por duas personagens diferentes em duas situações pessoais completamente distintas. Das duas ofertas narrativas disponíveis esta é a mais atraente e muito mais desenvolvida que a anterior.
Dito isso o nível da escrita não se encontra aos calcanhares da premissa, com blocos de texto bastante amadores não obstante o contexto do que está a acontecer. Tal qual como em Rise to Glory, Fallen Legion Revenants adota um sistema de escolha que afetará o progresso natural da história. Contudo, desde o início da aventura que andei às turras com as minhas escolhas, todas feitas um pouco às cegas, não existindo clara indicação por parte do videojogo, muitas das vezes, sobre como irá dita opção afetar a narrativa. Atenção que não estou a sugerir uma caixa de texto com aviso prévio, mas pelo menos algo que nos informe de tal para ajudar a ter alguma noção de como atingir um dos múltiplos finais.

No departamento audiovisual pouco há para adicionar: tempos de carregamento rápidos e resoluções altas provenientes da PlayStation 5 transportam para o nosso ecrã a melhor versão de Fallen Legion possível. Preferência pessoal preferi o aspeto mais gótico de Fallen Legion Revenants do que o mais colorido em Rise to Glory, este último sendo muito mais atmosférico e coerente com o enredo em jogo. A adicionar isso estão as vozes japoneses, vastamente superiores à dobragem em inglês. Apesar de ser um adepto da alternativa, a verdade é que as falas nesta língua mais ocidental eram muito, muito fracas.
Fallen Legion: Rise to Glory / Fallen Legion Revenants está disponível para Xbox One, Microsoft Windows na Steam, Xbox Series X e Series S, e para a PlayStation 5.