Vindo diretamente da Marvelous! e de Hiro Mashima, criador da popular manga Fairy Tale, chega-nos Farmagia.
A história passa-se em Felicidad, localizado no Submundo, onde são criadas magicamente, através da agricultura, as criaturas mais conhecidas por Farmagia. A história centra-se na altura em que o governador de Felicidad falece e o poder é usurpado por Glaza, um dos Oración Seis, que são generais poderosos. Glaza começou a dominar Felicidad com punho de ferro e levou a que os restantes Oración Seis tomassem lados, e Neres, a Orición Seis que governa Avren, decidiu rebelar e lutar para acabar com a tirania. Nós controlamos o Ten, um aprendiz Farmagia que pertence ao reino de Avren e o seu grupo de amigos que incialmente tenta defender Avria da invasão inicial das tropas de Glaza.
Este é daquele tipo de jogos que estava bastante curioso mais pela parte de monster training, mas no fundo Farmagia é uma mistura de géneros. Oferece farming simulator, monster training, visual novel, dungeon crawling e RPG, por isso vamos por partes:
O principal: A quinta. Muito resumidamente é onde “plantamos” os nossos monstros, ou seja, semeamos as sementes. As colheitas são baseadas em dias e temos que aguardar pelo próximo (em caso de serem colheitas pequenas ou com o acelerador) ou vários dias para poder recolhê-las. Existem dois tipos de sementes: os Battle Buddies e Research Buddies. Os Battle Buddies são o tipo de monstro que nós podemos treinar e levar para as masmorras. Os Research Buddies servem puramente para pesquisa, ou seja, ganhámos Research Points para adicionar do nosso compêndio de monstros, e cada monstro que colhemos desse tipo ganhamos um Research Point (RP). Quando chegarmos aos 3 RP, a pesquisa desse monstro está terminada e ficamos com a forma desse monstro disponível para mudar nos nossos Battle Buddies (que será explicado mais à frente). O espaço em que as sementes ocupam dependem do tipo da semente. Regra geral, os Battle Buddies só ocupam um espaço e os Research Buddies ocupam espaços de 4×4 e 6×6, dependendo do monstro. As ações são do mais simples que há: usamos a enxada para tratar da terra, água para as plantações e uma ferramenta para remover ervas e afins, mas que inicialmente só conseguimos remover as ervas. As ações, no entanto, consomem Farmagia Points (FP) e quando acaba os FP, somos obrigados a recuperar esses FP com viagens às masmorras, e independentemente de conseguirmos sair da masmorra vivo ou morto, esses FP são recuperados no dia seguinte. Existe também uma opção de saltarmos o dia para poder recolher os monstros no dia seguinte, mas não recuperamos os FP.

O treino foi o que me desiludiu um pouco. Estava na esperança que tivesse uma jogabilidade semelhante ao Monster Rancher, mas na verdade é uma espécie de “podes treinar à vontade, mas com restrições”. Para os treinar usamos o item Jelly. A parte do “podes treinar à vontade, mas com restrições” prende-se ao facto do Jelly estar separado por vários tipos e esse tipos só ajudam a treinar até um certo nível e isso deixou-me desapontado porque esperava ter uma liberdade para treinar os monstros como no Monster Rancher, onde podíamos focar dos atributos mais fortes deles. Os atributos com o símbolo musical são os que dão mais experiência, e quanto mais treinarmos o monstro, mais desmotivado fica e corre o risco de não treinar mais. Para recuperar a motivação dos monstros basta usar o snack favorito deles para recuperar a motivação.
Também temos a tradicional loja onde podemos criar itens ou comprar esses itens diretamente, o Shuffly Sheep, local onde aceitamos e completamos as quests, que vão desde colheita de um monstro específico a recolha de itens ou caça ao monstro, o castelo, onde avançamos com a história em formato visual novel, e, por fim, os templos elementares e as masmorras.

Antes de falar sobre as masmorras, tenho que falar rapidamente sobre os templos. Os templos, segundo a história, estão guardadas pelas guardiãs elementares, cada uma com a sua personalidade. Sem avançar muito com pormenores, tirando a parte do porque temos que ir para lá, é a parte de visual novel que tenho de falar e digo por experiência que já vi este cliché que o jogo está a apresentar: de serem todas mulheres, muitas características similares em comparação com animes de comédia/românticas, e acima de tudo, ter momentos de pseudo dating game.
Em tempos cheguei a jogar o FATE/Extella (desenvolvido pela Marvelous!) e as interações com a guardiã são exatamente o mesmo que se encontra no Farmagia, com a diferença é que aqui só cumprimos os pedidos das guardiãs, falamos e oferecemos presentes.
Por fim, as masmorras são outra parte maior do jogo. É um clássico e puro RPG com exploração de masmorras. Antes de entrarmos da masmorra temos a oportunidade de prepararmos convenientemente para a viagem. Quando entramos temos logo a informação do tipo de Battle Buddies que tem a melhor vantagem para essa masmorra. No menu pode-se destacar a opção de podemos mudar os Battle Buddies, definir o rácio tendo em conta o limite que temos de montar a nossa party, mudar o líder, a forma dos nossos Battle Buddies (e é aqui que entra em ação os Research Buddies que já foram mencionados acima) e por fim, o Union Fusion.
Em termos de jogabilidade parece que tem muita coisa, mas na realidade só temos as coisas “pela metade”. Temos um botão específico de ataque para cada Battle Buddy, bloco, Blitz, Legion Attack e Fusion Summon. Os Blitz são basicamente os skills dos Battle Buddies e dão mais dano e funciona melhor para abater a barra de KO dos inimigos mais rapidamente. Os Union Counters funcionam quando mandamos um Blitz com um Battle Buddy ao inimigo quando se prepara para um ataque imbloqueável. Os Legion Attacks só acontecem quando a barra de KO estiver completamente vazia e serve somente para dar ainda mais dano, e os Fusion Summon é uma espécie de ultimate para dar muito dano e que após o uso tem que ser “recarregado” com o tempo ou com Perfect Guards ou Union Counters. Os Fusion Summon vamos recebendo no 1º encontro com as guardiãs elementares e ganham características novas quando subimos do nível de relação com as guardiãs. Os bloqueios temos o bloqueio normal em que sofremos dano reduzido e o Perfect Guard, um bloco atempado do ataque e traz vantagens com um Perfect Guard bem sucedido, como recuperação de HP ou maior redução da barra de KO do inimigo. O jogo não permite fazer mais que um comando ao mesmo tempo, excepto os comandos dos Battle Buddies, o que torna às vezes chato porque sofre-se dano quando se está a mandar um ataque ao inimigo e impossibilita bloquear o ataque atempadamente por exemplo. Sobre as masmorras em si, temos um mapa, loot (geralmente sementes dos monstros para cultivarmos) quando eliminamos inimigos, esferas que recuperam HP, ocasionalmente Fairy Dens e Item Dens, e no fim de cada batalha, podemos escolher para onde podemos ir (Fairy Dens, Items Dens ou Monster Nests).

As Fairy Dens, como o nome indica, permite ganhar fadas, e essas fadas dão diferentes benefícios, e no caso das fadas idosas, podem também dar penalizações. As fadas são completamente aleatórias, assim como o tipo de fada (por exemplo fadas para os Fangs ou para Farmagia), mas temos direito de escolha dentro das três possibilidades que nos dão. Tem que se ter atenção que só se pode ter 10 fadas no máximo por masmorra, e não são acumulativos por masmorra, ou seja, cada viagem que fazemos começamos sempre sem fadas.
As Items Dens são como o nome indica. No fim de cada batalha podemos abrir baús que contém vários tipos de items, desde sementes de monstros a items para usarmos na Magic Shop.
Os Monster Dens são ninhos de monstros. Aqui encontramos os monstros mais fortes da masmorra além dos regulares e vêm sempre em 2-3 fases. Além de difícil, pode recompensar depois com itens e fadas que se encontra na sala. No fim, tem um teleporte para a Boss Battle e uma loja em que podemos comprar fadas antes de começarmos a batalha.
Esteticamente, as masmorras são sempre as mesmas visualmente e únicas de cada ilha, só excepcionalmente algumas Boss Battles que têm um cenário diferente.
O som é que se espera de um jogo deste tipo, J-pop e muito estilo de música anime, e pessoalmente gostei de algumas músicas.
Resumidamente, Farmagia consegue tornar-se repetitivo rapidamente por conta do ciclo que é sempre o mesmo, tem ainda trabalho extra pelas restrições impostas sobre os treinos dos Battle Buddies e da parte da quinta. Nota positiva para a história, a voice acting que está de qualidade de um anime superior ou até de topo, e pelo esforço geral de tentarem trazer vários géneros de jogo, mas que infelizmente está limitado e não está bem conseguido.
Farmagia já disponível para Nintendo Switch, PS5 e Steam.
Agradecemos à Decibel por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PS5.