Hino tocado de ambos os clubes, fotografia em equipa, e cá vamos nós para mais um pontapé de saída. EA Sports está de volta, pela última vez com o nome FIFA às costas, já que este, é até ver, o último ano de contracto desta longa parceria de mais de 30 anos.
FIFA 23 chega ao mercado completamente isolado da concorrência, tanto na expressão numerosa de fãs, como em termos de qualidade, e é facilmente o melhor jogo de futebol dos anos mais recentes. Apesar da anual controvérsia habitual, principalmente por parte da própria comunidade do jogo em que todas as edições se queixa constantemente de tudo, o que é certo, é que esta série tem feito ao longo dos anos um enorme aprimoramento na sua jogabilidade, naquele que é um desporto bastante complexo e extremamente difícil de colocar em prática como os fãs desejam ver num videojogo.
Visão de jogo na jogabilidade
Mesmo com algumas imperfeições, este é provavelmente o jogo de futebol mais próximo de uma partida real, onde os passes e o jogo de equipa são as chaves mestras. Já no FIFA 22 se delineava, mas definitivamente acabaram as longas corridas pela linha com defesa por perto a ser deixado para trás. Agora, os jogadores estão bem mais posicionados, e o equilíbrio do pico de velocidade bem mais ajustado com a stamina dos defesas. Se souberes defender bem, não terás grandes problemas com esses aventureiros, a não ser é claro que sejam desequilibradores natos no um contra um.
A IA está consideravelmente mais agressiva e não há muito tempo para os teus avançados ‘respirarem’ de costas para a baliza e segurar muito tempo a bola após a receberem nos pés, ideal para quem gosta de um jogo mais fechado e fluido. De facto, o HyperMotion 2 trouxe umas possibilidades bem renovadoras que o título precisava, e este ano foram mais de 6.000 animações para a construção de tudo isto.
A Electronic Arts decidiu incluir um novo movimento de remate: o power shot. Este remate é activado após pressionar os botões L1+R1 ou LB+RB, junto com o botão de chute. Tal como o nome indica, trata-se de um remate puramente em força, que mesmo muitas vezes direccionado, tem uma capacidade tal, que a bola nem passa perto da baliza. A animação deste movimento é facilmente detectável, uma vez que até a própria câmara do jogo faz questão de assim o mostrar (opcional), aumentando o ênfase de uma preparação lenta antes de rematar a bola em extrema força. Todos os meus power shots foram desastrosos, mas valeu a tentativa.
As bolas paradas ganharam um sistema totalmente renovado, e agora em vez do habitual círculo que se travava com o teu comando para apontar à baliza, terás uma panóplia de opções. Podes bater na bola para o seguimento de um belo efeito, ou um remate mais seco, ou até um cruzamento mais tenso para o coração da área pronto a usar a capacidade do teu jogo aéreo. Em suma, adorei esta nova mecânica, resta saber qual será a meta quando começarem a sério os jogos profissionais de eSports.
Aproveito também para mencionar o meu apreço pelas novas habilidades colocadas no jogo, principalmente as pequenas fintas de corpo, extremamente fáceis de realizar, e um pesadelo para os defesas. Preparem os jogadores com 5* de habilidade de skills, e lembrem-se deste pequeno parágrafo mais tarde.
FUT continua o foco, com umas poucas melhorias no Pro Clubs
Desde o descobrimento da mina de ouro que é o tão famoso Ultimate Team, a Electronic Arts nunca mais se deverá focar em outro modo num jogo de futebol a curto e médio prazo, até porque além desta ser a forma de monetização mais rápida e extremamente sustentável, é o modo favorito de todos os jogadores, onde me posso incluir.
Depois de anos com um sistema de química entre as equipas já a ficar descontextualizada, a EA decidiu implementar aqui um novo agrupamento de entrosamento entre os jogadores, e, a meu ver funciona muito melhor. Para começar, os elos de ligações desapareceram por completo, substituídos agora por três pequenos ícones ao lado do jogador; ou seja; poderão ter um avançado da liga Portuguesa sem ligações com os dois extremos, e ainda assim com bónus de química caso exista dois defesas da mesma liga, por exemplo…
Nas edições anteriores, um jogador sem química seria extremamente prejudicado durante a jogabilidade, com falhas de posicionamento, habilidades, etc. Agora, se o jogador não tiver qualquer entrosamento com a equipa, ainda usufrui das suas habilidades todas, apenas sem receber o boost habitual de entrosamento com os restantes companheiros. O sistema de lealdade também desapareceu, portanto, acabaram os 10 jogos, assim que adquiras um novo jogador, é como se fosse do teu clube desde pequenino, já dizia o outro.
Assim que iniciei o modo FUT, verifiquei um novo ícone que por breve momentos me assustou um pouco, até realmente perceber o que era. Sucintamente, chamam-se FUT Stars, e são umas novas moedas que se adquirem apenas no jogo, completando histórias e momentos reais do passado e presente do futebol, em pequenos diversos cenários. Assim que os completes, estas FUT stars serão creditadas na tua conta, e usadas para comprar packs. Isto que vos apresentei de forma breve, é o novo segmento single-player dentro do FUT: O modo Moments.
Outro dos modos mais queridos da comunidade é o Pro Clubs, o modo que apura a tua destreza e técnica de controlar apenas um jogador e assumires a posição indicada em campo. Nesta edição, Pro Clubs foi unificado com o VOLTA, e o progresso de um, alimentará o progresso de outro, partilhando as recompensas e habilidades das personalizações.
Os treinos de skills estão agora incluídos no Pro Clubs, e são 66 exercícios diferentes para completar, que te darão pontuação de progressão e novas habilidades… E por falar em habilidades, mais 4 novos perks foram adicionados para evoluir o teu jogador, uma especializada para o processo atacante, outra com foco nos passes, e duas novas para a defesa, para te ajudar a refinar o estilo de jogo.
Se achavas as partidas drop-ins aborrecidas, agora poderás combinar alguns amigos para te ajudar a assumir o campo, e pode ser que assim te passem mais a bola (eu sei, não é?). Também após cada jogo que acabe empatado, o desempate será utilizado na medida Golo de Ouro. Caso acabe o prolongamento sem o golo de ouro, fica tudo empatado. Acabaram as grandes penalidades!
Se estás habituado a jogar algum fps como Battlefield 2042 por exemplo, certamente estás familiarizado com a tela final de jogo, em que aparece a equipa vencedora e os seus contributos durante a partida. Pois bem, no final de cada partida de Pro Clubs, também terás essa fase “Top Performers” com a pontuação de cada jogador da tua equipa, e o seu contributo durante os 90 ou mais minutos da partida. Agora as tuas perdas de bola não passarão despercebidas.
Ted Lasso e companhia num modo carreira envergonhado
O modo carreira como vem sendo padrão, tem causado a sensação incessante de segundo plano, de ano para ano. Não é que não existam novidades, de facto existem; mas são extremamente insignificantes para um leque de possibilidades tão grandes.
No modo carreira de treinador, pela primeira vez na série poderás controlar treinadores reais, como Pep Guardiola, Jürgen Kloop, Carlo Ancelotti, Diego Simeone, e até Sérgio Conceição. É na Premier League que estão a maioria dos treinadores, mas ainda assim é uma escolha bastante limitada. O restante continua muito idêntico a tudo o que vimos na edição anterior, com um extra de algumas pequenas cutscenes a mais.
A série sensação que tanto nos ajudou a passar o terrível ano de 2020: Ted Lasso, está presente nesta edição de FIFA 23. O modesto treinador e a sua equipa AFC Richmond marcam presença no jogo, e serás tu desta vez a comandá-los à glória. No entanto, não te iludas e pensa em Ted Lasso como um extra, pois não passa disto. Tirando o clube e o treinador, não há muito mais que passe aquela vibe de estar realmente a controlar a equipa de Ted Lasso num episódio ao vivo e a cores; já que a falta de personalização é enorme e muito apática.
As maiores novidades encontram-se no modo carreira de jogador. Na ausência do modo “The Journey“, ficou sempre aquela falta de algo a mais, e FIFA 23 tenta compensar aqui um pouco, tal como já tinha feito na edição anterior. Agora, ainda mais cinemáticas estão presentes no jogo para momentos específicos, e cá para nós: não há nada como veres a tua criação a subir na vida e a distribuir autógrafos aos pequenos rapazes antes de entrar no autocarro.
Os jogadores têm agora uma de três personalidades que variam de acordo com as escolhas que irás tomar no modo carreira, dentro e fora do campo. Imagina que és um daqueles “fominha” que não passa a bola a ninguém, a tua personalidade vai moldar-se para criar o teu estilo dentro de campo. As interações com a imprensa também vão ajudar muito na criação dessa tua identidade, e até as compras que fizeres fora de campo, algo que irá ditar o quão extravagante poderás ser.
Hypermotion 2.0 e Detalhes visuais
A aprimorada tecnologia de jogo da Electronic Arts veio corrigir imensos problemas de FIFA 22, e incluir uns tantos outros. As animações dos guarda-redes estão infinitamente melhores, e se és jogador de tendência rápida a mandar sair da baliza, este é mesmo o jogo certo para ti, já que se encontram extremamente mais rápido e responsivos, e preenchem bem mais as balizas.
Os pequenos detalhes visíveis no modo de repetição estão melhores de ano para ano. É impressionante verificar a bola a reagir a um remate potente e a própria chuteira a sentir o impacto, e a levantar pequenas partículas de relva pelo meio. Os jogadores ao atirarem-se em carrinho, por vezes deixam enormes marcas no relvado, e fazem até mossa na vestimenta.
O relvado continua o melhor que há em mercado, e a iluminação igual. É imparável o nível técnico a que FIFA chegou, e lamentamos não haver concorrência à altura que possa ainda arranjar mais espaço para melhora.
Existem novas expressões faciais que capitula bem o momento de jogo do jogador. Num sprint bem mais acentuado, consegue-se notar as veias mais salientes dos jogadores, ou durante um embate no jogo aéreo, o esforço para dar o maior salto também é notado pela expressão facial dos jogadores. Tudo isto dá um novo sabor, e são nestes pequenos detalhes que os jogadores como nós são conquistados, quando vivemos com uma tecnologia tão avançada que cada vez mais custa aprimorar a vertente gráfica de um videojogo de forma significativa.
Uma pequena nota especial também para as mais de 100 faixas sonoras de 34 países diferentes que representam a edição deste ano. Temos nomes como Central Cee, Denzel Curry, Gorillaz, Lous and The Yakuza, Nas, ROSALÍA, Stromae, Bianca Costa, e muito mais; com a mesma variedade que a série nos tem habituado de ano para ano.
Agradecemos à EA por nos ter cedido um código para análise.