Recentemente lá tive a oportunidade de parar por um bocado e dar uma espreitadela à minha to-watch list e, eu sei, eu sei, é pecado dizer, mas até então ainda não tinha visto o Moana. Embora as músicas surgissem de vez em quando entre amigos, eu tentei sempre que essas me saíssem da cabeça para poder apreciá-las como deve ser ao ver o filme. Isto porque, sendo este um filme de animação da Disney, e sendo eu uma pessoa que se desfaz em lágrimas com qualquer homenagem prestada a esta grande companhia, eu queria absorver o filme na sua essência sem levar com qualquer spoiler mínimo que fosse da sua experiência. E agora? Perguntas-me tu. Bem, agora vou dar-te a minha palavra sobre a experiência deste filme.

Em Moana, John Musker e Ron Clements (Hércules, Aladdin, A Pequena Sereia) voltaram a demonstrar que aqui neste departamento das histórias animadas, se mantêm fieis à sua receita para um bom storytelling: Keep It Simple Stupid. Por muitos enleios que uma história dê, tu consegues sempre saber o rumo a tomar em qualquer um dos seus filmes. O que não quer dizer de todo que não sejas surpreendido algures no plot, mas é um facto, eles sabem manter uma história simples o suficiente para ser facilmente absorvida e sentida por quem a vê. Posto isto, todo o caminho do início ao fim é temperado com magia, cores, criaturas, músicas que nos dão uma janela sobre as emoções das personagens, e mensagens fortes que nos preenchem de uma forma tal como só mesmo a Disney o sabe fazer.

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Com isto, logo na abertura do filme conseguimos ver todo o paradigma pelo qual a sua história se debruça, ao mesmo tempo que é contada pela primeira vez esta mesma lenda à nossa personagem principal, Moana. Há milhares de anos, Maui, um semi-deus que consegue mudar de forma através do seu anzol (suponho que seja um relativo muito afastado do Sly Cooper) roubou figurativamente (bingo!), o coração de Te Fiti, uma deusa da criação que permitia que toda a vida prosperasse ao longo das ilhas da antiga Polinésia (Yoku’s Island terá sido inspirado nesta história?). Tal feito comprometeu durante milhares de anos a sobrevivência da Vida nestas ilhas, pois uma maldição levou a que as mesmas fossem pouco a pouco sendo consumidas pela escuridão.

No momento em que Maui roubou o coração da Te Fiti, um malvado Deus Te Ka, revelou-se e separou tanto o coração como o Anzol de Maui, e nunca mais se soube do paradeiro de nenhum dos 3. Posto isto, no presente, Moana cresce com essa história, sempre desejando poder explorar por ela mesma, o mundo além do recife da sua ilha, descobrir novos mundos e talvez mesmo, desvendar o mistério desta lenda. Mas tal é lhe proibido pelo seu pai, chefe de toda a vila, que vê nela a sua única sucessora.

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Com isto, esta história de Moana faz-me lembrar um pouco o percurso evolutivo de Mulan, mas com menos pressão sobre a personagem. Nomeadamente até uma das músicas exemplifica esta semelhança, quando Moana canta que gostaria de ser a filha perfeita, mas tal como qualquer outra personagem que conhecemos do mundo da Disney, esta acaba por seguir o seu coração. Neste ponto há algo muito curioso a referir. Para além da importância de termos mais uma personagem feminina como heroína, temos também a ausência do típico par romântico, o que sempre foi uma bengala nestas histórias com mulheres mais independentes. Isto dá um maior relevo a Moana no seu papel, tornando-a totalmente independente.

Com isto, e sem querer dar-te mais algum spoiler, digo-te que este filme usufrui de grandes simbolismos para nos provocar sentimentos, como já estamos habituados. Desta forma, foi me possível chorar com uma dor enorme e rir-me desalmadamente logo a seguir em menos de um minuto. Isto é mágico. Isto é a Disney, e… You’re Welcome. Mas porque isto é a Disney, há que falar nas músicas que complementam a história, dando-nos um retrato mais fiel das nossas personagens. Ao longo do filme inteiro, retiras um punhado de músicas que não te sairão da cabeça tão facilmente, por toda a beleza e sentimento que te imprimem, como How Far I’ll Go, e We Know The Way. É tão especial voltar a ouvir uma música assim pela primeira vez e ver todo o valor por trás desta. É simplesmente lindo, de me maravilhar e deixar-me sem palavras para descrever estas emoções todas.

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Com isto, quero destacar o excelente trabalho de Auli’i Cravalho que se estreou neste mundo cinematográfico com uma excelente prestação como Moana, ao lado de Dwayne Johnson que nos trouxe um Maui um tanto carismático, mas também muito egocêntrico. No geral, as personagens deste filme, conseguem todas transmitir uma personalidade muito afável, o que as torna fáceis de simpatizar. No entanto, Maui, é sem dúvida a personagem que mais se destaca no filme inteiro. Não só pela sua personalidade, mas também por ser sem dúvida alguma, a personagens mais interessante para se conhecer, com todas aquelas tatuagens que têm uma personalidade própria e o seu passado muito misterioso.

Em termos de arte, o filme é rico em cores saturadas, e com uma luminosidade brilhante, o que combina muito bem com o seu tom divertido e aventureiro, bem como com o seu espírito Aloha. É um daqueles filmes que me mata de saudades do Verão.. Com uma boa animação, aqui não há margens para dúvidas em relação ao empenho da equipa de animadores por trás deste filme. Desde a Água que é também aqui uma personagem cheia de vida e emoção, à própria física dos cabelos de Moana, vemos o peso do legado de John Musker e Ron Clements na Disney como pulmão da animação no mundo da indústria cinematográfica.

CONCLUSÃO
Uma aventura refrescante na História da Disney
8
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
moana-analiseMoana traz-nos uma aventura que vêm reafirmar o impacto da Disney no departamento de contar histórias de animação. Esta marca uma nova fase tecnologica para a Walt Disney Animation Studios, e brinda-nos ainda assim com o elemento característico dos seus clássicos: o sentimentalismo. É impossível não sentir estas personagens e vibrar com toda a euforia desta viagem.