Para mim Fire Emblem foi sempre uma jóia perdida no fundo do mar, de que mal ouvia falar. Uma franchise completamente desconhecida para mim. No entanto, foi com a Nintendo 3DS, que pela primeira vez tive a oportunidade de experimentar Fire Emblem: Awakening, ao qual fiquei totalmente rendido. Agora, a franchise chega mais uma vez até aos fãs, com Fire Emblem: Three Houses, desta vez direccionado para a nova consola híbrida, Nintendo Switch. E este vai promete ser algo bem especial!

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Uma história, vários caminhos

Fire Emblem: Three Houses leva-te até ao continente de Fódlan, onde três nações rivais convivem em paz. Estas estão ligadas através do Mosteiro Garreg Mach.

Tu, um ex-mercenário, filho de um ex-capitão do Mosteiro, Jeralt, acabas por te tornar num professor, contratado pela arcebispa do Mosteiro, Rhea.

Assim que te tornas num professor janota, tens de escolher uma das três casas, que representam cada nação. Black EaglesBlue Lions, ou Golden Deer, estas serão as tuas possíveis escolhas. Indeciso? Não te preocupes, antes de escolheres poderás ver cada um dos alunos e saber um pouco sobre as suas personalidades. É quase como se estivesses a fazer uma avaliação de currículo a cada um.

Uma vez que decidas a tua casa, as coisas a partir daqui para a frente vão tornar-se muito pessoais. Digo isto porque a partir de agora, como tutor, terás que tomar conta dos teus alunos, ensinar-lhes as artes do combate e ajuda-los a crescerem. Contudo, isto não se baseia só em ensinar os alunos. Com o tempo, vais criando laços com cada um, entendendo melhor a sua personalidade, e também a saber um pouco dos seus passados.

Fire Emblem: Three Houses

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Será com o avançar da história que vais começando a perceber que cada casa tem um desenvolvimento ligeiramente diferente a nível de história. Com isto, uma vez que termines uma das histórias, poderás sempre voltar a jogar o jogo, mas com uma casa diferente, sendo que os desenvolvimentos serão diferentes. Basicamente é como se tivesses várias histórias num só jogo.

As Cutscenes estão boas, mas deixou muito a desejar a quantidade das mesmas. Sei que para cada casa existem várias, mas senti um vazio quando após certos eventos fui apenas abordado com mais paredes de texto.

Uma forte ligação com os alunos

Se houve algo que surpreendeu mais neste jogo, foram as relações que se foram criando ao longo da história. Como já tinha referido, pouco a pouco vais descobrindo mais do passado de cada personagem. No entanto, esse passado vai ter um forte impacto no desenvolvimento de certas personagens no futuro, e isso levou-me a que tivesse momentos de choque puro, quando via algum dos meus alunos a ficar exaltado ou a ter comportamentos fora do normal. Além disso, cada vez que um dos meus alunos era atacado por inimigos, as minhas mãos agarravam-se com bastante firmeza ao comando, com o medo de que estes morressem em combate, fruto do meu erro.

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Contudo, estas relações não são apenas entre ti e os alunos, mas também entre eles. À medida que eles lutam ou executam trabalhos em conjunto, os seus níveis de amizade vão aumentar. Isto para além de ajudar em batalha, desencadeia também uma conversa entre  eles. E aí vais percebendo como eles se vão dando, enquanto descobres mais um pouco sobre as suas personalidades.

Os métodos de ensino e um belo dia de folga

Em Fire Emblem: Three Houses tens um sistema de capítulos, que dita o avanço da história. E cada capitulo está representado sobre a forma de um calendário, que representa vários eventos, aniversários, etc… Então isto funciona de uma maneira bem simples: No início de cada semana escolhes as lições a dar aos teus alunos, pelo que durante a semana,  estes receberão experiência numa área especifica (espada, lança, arco, etc…). Entretanto, alguns alunos procuram-te com perguntas ou pedidos para mudarem de estudos, para focarem-se em outros objectivos e classes.

Fire Emblem: Three Houses

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Chegando a domingo, terás direito à tua folga, e será aqui que consegues ter acesso de livre movimento pelo mosteiro. Poderás realizar a quests dadas pelos vários NPCs do jogo, almoçar com os teus alunos, ir à pesca, fazer umas batalhas para treinar, ou tentar recrutar outros membros das outras casa. Sim é possível, desde que tenhas os teus stats bastante elevados. Contudo, para realizar algumas dessas acções, necessitas de pontos de acção. Uma vez que esgotes todos eles, terás que esperar pelo próximo fim de semana.

Um sistema de batalha bem estratégico

Chega de falar de história e amizades, vamos falar do sistema de batalha!

Fire Emblem: Three Houses abraça o típico estilo de jogo estratégico, baseado em turnos, onde as personagens movimentam-se através de um mapa em grelha (tipo xadrez), lutando contra os oponentes. Dependendo da sua arma, nível e ainda o tipo de classe (Mago, guerreiro, Cavaleiro, etc…), cada personagem terá (ou não) vantagem sobre os seus oponentes, o que requer planeamento antes de fazer qualquer acção.

Se nunca jogaste um Fire Emblem na vida, vais notar que as armas que tu usas vão-se gastando, pois possuem um determinado número de utilizações. Uma vez findo esse número, a arma estará partida e terá que ser reparada após a batalha. Por isso, não convém dar má utilização às armas mais raras, chamadas de Relics.

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Existe ainda uma outra força hostil, Monstros! Criaturas que parecem ter saído de algum jogo completamente alheio a este são a nova adição ao jogo. Estas possuem várias barras de vida e os seus ataques são terríveis. Será preciso mais do que uma investida para conseguir vence-los, por isso será sempre bom manter alguns companheiros por perto.

O jogo contém dois tipos de dificuldade e dois tipos de estilo de jogo. No que toca à dificuldade, poderás jogar na normal ou, caso queiras ter uma experiência mais desafiante, escolher o modo difícil. Já falando no estilo de jogo, este poderá ser casual, onde se uma personagem perecer em combate, esta regressará após o fim da batalha, ou então, modo clássico, onde as personagens nunca mais regressam. Este estilo de “a vida é cruel” será para aqueles que tenham muitos lenços à mão. Isto porque não é fácil aceitar a perda de alguém. Cabe a ti decidir o teu método de jogo, com que mais te identifiques.

Classes e técnicas que mudam o jogo

Uma das coisas que chamou logo à atenção, foi a quantidade de classes disponíveis neste jogo. Existem mais de 30 classes diferentes, cada uma com as suas características únicas que, se usadas com atenção, poderão levar-te a uma rápida vitória, dependendo do oponente que estamos a lidar.

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Existem ainda técnicas que cada personagem aprenderá à medida que vai ganhando experiência, dando uma vantagem nas suas batalhas. Contudo essas técnicas desgastam ainda mais a arma. Será necessário ter muito cuidado e apenas utiliza-las em momentos chave.

Bom, mas há uma novidade neste jogo de que realmente gostei: os Gambits. Cada personagem poderá ter um batalhão, que lhes permite fazer ataques ainda mais estratégicos. Desde ataques que lavram caminho entre os oponentes a outros que conseguem mudar a posição deles, de forma a ficarem a jeito para um segundo ataque, as possibilidades são muitas.

Por último, temos ainda a possibilidade de recuar no tempo, durante as batalhas. Isto permite que corrijas algum movimento ou ação que tenhas feito de errado. No que toca ao número de utilizações, claro que é limitado, mas mesmo assim ajuda bastante.

Visuais bons, mas alguns distantes das personagens

Os visuais em Fire Emblem: Three Houses aparecem pela primeira vez numa qualidade bastante superior. Com este upgrade, existem coisas boas e menos boas que surgiram e tiveram impacto nos visuais.

O bom é que jogar agora numa TV está bastante apetecível. E ver os mapas monstruosos repletos de soldados é algo soberbo! Contudo, o mau é que em alguns locais, especialmente no mosteiro, vês que o nível de realismo das texturas do edifício está demasiado contrastado com o visual mais anime das personagens. É algo que não combina, mas que com o tempo lá nos habituamos e acabamos por deixar de ligar a esse “pormenor”.

Fire Emblem: Three Houses

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No que toca à performance esta está boa, mas não perfeita. Tanto no modo portátil ou na TV, ambas as formas apresentam algumas reduções de frames aqui ou ali, mas nada que estrague por completo a experiência. A nível gráfico no modo portátil estão claramente reduzidos mas o jogo continua apresentável. Já os textos estão bem mais reduzidos, dificultando a leitura por parte dos mais vesgos.

Notas Finais e Musicais

A casa que escolhi foi a Blue Lions, na dificuldade normal. Levei perto de 65 horas a terminar, pelo que achei a viagem bem recheada de eventos e de narrativas bem construídas. Este não é daqueles jogos que deves andar a passar texto, é algo que deves tomar atenção, entendendo as ideias e interesses de cada uma das personagens. É algo que vai mexer contigo ao longo do tempo, e penso que seja isso que genuinamente faz este jogo destacar-se dos outros jogos.

A banda sonora é algo que deves deixar presentes nas sessões de jogo. Esta consegue dar-te o sentimento de conforto, inspiração ou até mesmo de tristeza, encontra-se na mistura perfeitamente com o que está a acontecer na história. Se já és fã de curta ou longa data desta franchise, de certo modo reconhecerás algumas melodias familiares, o que só ajuda ainda mais a teres uma experiência de excelência com o jogo. E como toque final, a possibilidade de escolheres as vozes originais em Japonês é um grande plus!

Fire Emblem: Three Houses já se encontra disponível em exclusivo para a Nintendo Switch.

CONCLUSÃO
Soberbo!
9.5
Bruno Dores
Um fanático por Nintendo, de nome "Nintendista", que procura mostrar ao mundo o lado mágico da empresa que o acompanhou durante toda a vida.
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