Ahoy marinheiros de água doce! Eis que se ergue uma tempestade em alto mar, mas o cheiro a aventura paira para lá do horizonte. Verifiquem-me bem essas amarras, não queiram saltar já do convés antes de sequer termos partido.

Todos nós adoramos histórias do infame mundo da pirataria, não fosse por curiosidade minha o primeiro livro que peguei para ler na infância a mítica Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson. Escolhi-o pela capa, e porque me lembrava um dos meus filmes preferidos da Disney (O Planeta do Tesouro) com as suas promessas de podermos surfar ondas de vento num futuro tecnológico. Mas divago, enfim. Desde esses tempos, a personagem do capitão Flint tornou-se uma sombra em muitas obras que segui por todos os mais variados tipos de media. 

Claro está que quando pus os olhos pela primeira vez em Flint: Treasure of Oblivion da Microids e da Savage Level, soube que se içavam as velas para uma boa viagem. Não obstante, tive a minha hesitação com a séria facilidade de construir-se um jogo baseado na lendária aventura do Capitão Flint, contudo uma combinação muito curiosa separava claramente as àguas dos demais jogos que já tentaram invocar a sua sombra: jogabilidade D&D, e uma vertente de banda desenhada na forma de contar a sua história. Dois trunfos que expuseram na mesa que a equipa da Savage Level estava a jogar com o baralho todo, e eu tinha de jogar o resultado desta eloquência toda.

Desde já, deixem-me de uma certa nostalgia que sinto, com alguma ironia. Num tempo em que os loading screens são uma espécie em vias de extinção, Flint: Treasure of Oblivion consegue-me rematar para tesourinhos de infância com artworks que inspiram o ambiente em que cada capítulo deste enredo se insere. Nisto há também um reflexo de tranquilidade que é o estado de espírito do jogador que pega neste jogo. Efetivamente dou por mim recorrentemente a voltar ao jogo para dar continuidade sem qualquer stress em recomeçar um nível vezes sem conta, perca uma hora ou uma tarde, é prazeroso desfrutar desta aventura.

flint treasure of oblivion

Mas se a arte dos loading screens mereceu menção, então o que falar dos cenários neste jogo de perspetiva top-down? Deliciosos detalhes em cada recanto dão uma profundidade e preenchem-me os olhos com extrema curiosidade dado o seu jogo de luz e sombras a brincar com a tridimensionalidade. As texturas algo cartoonicas encaixam que nem uma luva, e especialmente quando no ecrã vemos surgir os quadros de banda desenhada a contar-nos os desenvolvimentos da história. Que bela forma de casar graficamente toda esta obra.

Para iniciantes e curiosos pelo mundo de Dungeons and Dragons, Flint: Treasure of Oblivion lança os dados para vos abrir o apetite com a sua jogabilidade. Pese embora possamos controlar livremente a personagem de Flint pelos mapas aquando não nos encontramos em batalha, há que ter em mente que este é um jogo para afinar o nosso raciocínio estratégico. Com efeito, todo o sistema de batalha faz-nos mover as nossas personagens como se de um jogo de xadrez ou de um jogo de Fire Emblem se tratasse. Cada personagem tem inclusive o seu set de dados, que precisas de rolar para saber se és eficaz a fazer uma ação.

flint treasure of oblivion

Para uma panóplia de tripulantes que vais certamente reconhecer das aventuras mais afamadas do capitão Flint, também nos podemos dar ao trabalho de evoluir e escolher a dedo as armas e munições que estes levam para o campo de batalha. Sendo o ouro que reunimos uma espécie de experiência, é ao partilharmos este com a nossa tripulação que os nossos homens elevam as suas capacidades a novos níveis, o que é inspirador especialmente se estiveres a tentar ter um aumento no teu trabalho.

A acompanhar o belo prazer de jogar Flint: Treasure of Oblivion, temos um ambiente sonoro que nos transporta para estes cenários, e melancolicamente nos envolve sem nos pressionar, sem nos enjoar, para desfrutarmos sem nos sentirmos penalizados quando pela enésima vez decidimos recomeçar toda uma batalha de novo porque escapou-nos um passo na nossa estratégia.

+ Pontos Positivos

  • Jogabilidade D&D
  • Cinemáticas em Banda Desenha
  • Arte

– Pontos Negativos

  • Curva de aprendizagem

Flint: Treasure of Oblivion está disponível para PlayStation 5Xbox Series X/S e na Steam para PC.

Agradecemos à Editora a cedência de uma cópia para análise na PlayStation 5.

CONCLUSÃO
Para desfrutar a belo prazer!
8.5
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
flint-treasure-of-oblivion-analiseO casamento perfeito entre as artes da pirataria e os mais diversificados media, bem como uma jogabilidade estratégica e inspirada em fantásticas aventuras de D&D. Uma obra que facilmente passa despercebida mas que trará muito boa companhia a todo o tripulante que com ela decidir zarpar.