Se gostas de thrillers psicológicos não podes perder este novo filme de Brad Anderson (The Maquinist, The Call), que estreou no dia 11 de Outubro na Netflix. O trailer serviu para chamar a atenção, mas o filme acabou por ser muito melhor do que o esperado.
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A História
Fractured segue Sam Worthington (Avatar, Clash of the Titans) no papel de Ray Monroe, um pai de família que conduz a mulher e a filha pequena a casa depois de um jantar de Acção de Graças. No caminho, a pequena acaba por sofrer um acidente que os obriga a irem ao hospital mais próximo. Desde os primeiros minutos do filme, notamos que algo perturba Ray e aquele nervosismo que o personagem sente e tenta esconder vai, pouco a pouco e sem sabermos porquê, derramando-se também em nós. Pode ser só receio pelo bem-estar da filha? Pode. Talvez os seus problemas conjugais à mistura? Também faz sentido. Porém, sentimos que algo mais se esconde por detrás da raiva mal controlada deste alcoólico em recuperação.
A espera pelo médico só faz aumentar os nervos. E quem, honestamente, não o compreende? Finalmente, a pequena é levada pela mãe e o médico num elevador para fazer um raio-x, e o homem pode relaxar um pouco. Horas passam, sem sinal delas. A irritabilidade acaba por voltar, agora com uma pitada de pânico que, com o passar do tempo, acaba por transbordar da mente para as mãos quando ninguém se parece lembrar da sua família, vestígios da sua passagem evaporados. Algumas personagens dão-lhe o benefício da dúvida, até certo ponto, mas a maioria não acredita em Ray. Entrou ele mesmo com a mulher e filha no hospital? Inventou-as? Bateu com a cabeça e sofre de alucinações? Quem sabe… A certo ponto, até o próprio parece duvidar do que viveu momentos antes. E uma representação tão bem conseguida como esta infiltra compaixão no espectador, mesmo no meio de tanta dúvida.
Será que todos os funcionários do hospital conspiram contra ele? Do que temos a certeza durante todo o filme é que queremos mesmo saber onde leva aquele elevador, e se elas realmente estão naquele edifício. Estamos com Ray do princípio ao fim e queremos que ele encontre a mulher e a filha, por mais defeitos seus ou erros que tenha cometido.
O Ambiente
Os cenários, uma estação de serviço e um hospital literalmente no meio do nada, são o ambiente perfeito para gerar suspense, desconfiança, paranóia e desespero. O filme passa-se nos Estados Unidos, mas até nós sentimos aquela familiaridade das horas passadas numa sala de espera das Urgências, a impotência face à demora e a irritabilidade quase instantânea.
O Elenco
Não menciono os outros actores, à parte de Worthington, porque, muito sinceramente, não me marcou mais nenhuma actuação. Ele é o centro do filme em todos os ângulos – físico, mental e emocional, carregando nos ombros não só a dor e trauma do personagem como todo o filme em si.
Palavras Finais
Fractured é uma lufada de ar fresco no que toca a thrillers psicológicos — algo que já nos fazia falta numa produção da Netflix. Se o clímax é uma montanha-russa de emoções, o final é uma estalada na cara – e no bom sentido! Deixa-te ser intensamente surpreendido a cada desenrolar de cena neste filme que acelera o coração, nos põe à beira do sofá e… nos deixa a matutar mesmo depois dos créditos já terem passado.
Fractured já está disponível na Netflix Portugal.