Não deixa de ser curioso como a geração de 8 e 16-bits ainda continuam a ser a grande fonte de inspiração para produção de novos jogos de plataformas em 2D. É certo que foi na terceira e na quarta geração de consolas que se deu a grande revolução no género, estabelecendo o tecto máximo do que poderia vir a ser o género de plataformas, e que se tem mantido até hoje. Tendo isto em conta é, portanto, comum que qualquer jogo de plataformas que chegue até nós, em pleno 2024, respire Super Mario Bros., tenha alguns traços de Sonic, tenha cortes de Mega Man. Tal como aconteceu com muitos outros estúdios independentes (e não só), foram inspiração da GalaxyTrail – os criadores de Freedom Planet, jogo que agora ganha continuação. 

Freedom Planet 2 não rompe com os traços notoriamente inspirados em Sonic e fá-lo com deleite: não esconde os movimentos, as piruetas, a velocidade, os inúmeros objectos quase saídos de alguns títulos de Sonic e na forma como são construídos alguns mini-puzzles, sem perder identidade, o charme que caracterizou o primeiro título. Muito pelo contrário: Freedom Planet 2 ganhou mais envergadura, amadureceu mecânicas, e tornou-se numa experiência mais flexível sem deixar cair os princípios básicos que compõem um bom jogo de plataformas.

Freedom Planet 2 é um jogo vivo, frenético, cheio de acção. Não se resume ao comum deslocamento lateral e vertical, derrotando inimigos com uma personagem qualquer. Não. O jogador é chamado a ter intervenção nas mecânicas de combate, a utilizar e a tirar proveito do salto com duplo impacto, a dar impulso nas corridas e a saber defender-se, sendo bastante dinâmico na forma como cada embate é encarado pelo jogador. Cada personagem – existindo quatro no total – têm movimentos diferentes, animações distintas, com temperamento diferenciado, ainda que sejam um pouco genéricas na forma como se comportam na narrativa, na história do jogo.

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Outro elemento que Freedom Planet 2 trouxe consigo do jogo anterior, é a direcção de arte – a pixel art 2D, que abrilhantou o primeiro jogo e que agora vem de forma mais aprimorada, com fundos de cenário com pormenores e tonalidades descomunais. A sensação que vai dando é de clássicos saídos directamente do catálogo da Sega Saturn, com algumas misturas dos Sonic clássicos da Mega Drive. Ainda no que diz respeito a arte, a banda sonora que cobre Freedom Planet 2, é produzida com altíssima mestria e encaixa perfeitamente na proposta, quase como se fossem parte única, quase como se não resultassem se fossem separados. Cada nível é recheado de pormenores magníficos de arte visual, com músicas compostas a dedo – pensadas e idealizadas com a mente completamente concentradas em cada cenário.

Mas Freedom Planet 2 não cintila só na forma como a maioria dos níveis estão construídos – ainda que vá existindo um nível aqui e outro acolá um pouco mais extensos do que deveriam -, mas Freedom Planet 2 também se destaca nas batalhas contra os chefes, que são onde o jogador coloca em prova aquilo que adveio dos estágios inteiros, traduzindo-se na perfeição toda a ideia de level desgin embutidos nos níveis nas batalhas contra os chefes. No total estão disponíveis 24 estágios para serem ultrapassados.

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Em termos narrativos, Freedom Planet 2 pode e deve ser apenas encarado como um bom jogo de plataformas. A história está lá, há movimentos da narrativa em curso, existe um propósito, mas a forma como estão montados, retiram muito da imersão que se queria muitíssimo mais simples. As inspirações, mais uma vez, buscam as séries Klonoa ou Mega Man Zero, mas Freedom Planet 2 beneficiaria muito mais de outras aspirações – algo mais simples (que infelizmente não acontece) em termos narrativos ao invés de uma história a ter interferência durante o seguimento da jornada, onde se evidencia genérica, com muitas personagens secundárias completamente irrelevantes e rapidamente esquecíveis.

CONCLUSÃO
Salta já para o próximo nível!
8
freedom-planet-2-analiseFreedom Planet 2 é um jogo de plataformas admirável com inspirações de vários clássicos da história, ainda que se lá tivesse como protagonista um tal de ouriço azul, a correr de um lado para o outro, não haveria dúvidas que poderia ter sido desenvolvido pela Sega da era dos 16-bits. O ambiente envolvente, a direcção de arte 2D fantástica, as mecânicas de combate e salto polidíssimas, e uma jornada extensa de mais de duas dezenas de níveis, são elementos fazem de Freedom Planet 2 um jogo obrigatório para fãs do género de plataformas.