Encontro-me perante vós num estado de auto-reflexão, após ter terminado a obra de arte que é GRIS. Este, podia ser só mais um videojogo, mas decidiu ser uma experiência marcante. Isto não só pela apresentação que traz consigo, mas também pela maneira como nos cativa a fazer parte de uma jornada emocional, sem proferir qualquer palavra.

Com uma banda sonora de mestre, iniciamos uma viagem introspectiva no que concerne ao medo. Isto deve-se ao facto de jogarmos como uma rapariga que perde a voz, perdendo também a sua felicidade, o que a leva a deambular por um belíssimo mundo criado pela equipa Nomada Studio (que surpreendentemente são nuestros hermanos) à procura de algo, sem saber o quê.

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Não me irei prolongar sobre a jogabilidade, pois esta está relacionada com o avançar da história. Apenas direi que é bastante intuitiva, mesmo com as nuances que vai introduzindo ao longo do jogo. Estas nuances, são o desenrolar da jornada que encaramos, pelo que estarão sempre relacionadas com a história de GRIS, nunca se desviando do tema em questão.

Creio que o tema principal neste jogo é a esperança. A esperança de não deixar que o medo se sobreponha a nós, mais concretamente a Gris. Com tons pesados e melancólicos, somos puxados por uma banda sonora coerente e incisiva nos vários níveis em que nos encontramos. Com isto quero dizer que ao longo do jogo, o ambiente e o cenário irá alterar-se, o que irá também alterar os tons que ouvem ao longo do mesmo que vão atravessando o mundo.

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Artisticamente temos aqui uma verdadeira magnum opus da indústria dos videojogos, que visualmente não tem par para o ano de 2018, e não falo de gráficos realistas, mas sim em termos artísticos. A palete de cores utilizada neste videojogo é vibrante, funciona como um camaleão, adaptando-se a cada cenário e cada situação.

Isto funciona consolidando uma banda sonora, como já disse, incisiva. Pois consegue de certa forma converter o extrínseco em intrínseco, fazendo com que nos adaptemos à viagem de Gris para que o sucesso seja uniforme. Para que a jornada de Gris seja a nossa, onde ultrapassamos os medos de ambos, numa caminhada para um estado quase nirvana, apenas repleto de uma sensação de concretização.

GRIS apresenta um trabalho sentido e dedicado da Nomada Studio. Não foi há muito tempo que aqui escrevi uma análise de ARK: Survival Evolved para a Nintendo Switch, onde expus a incrível falta de sensibilidade de uma equipa perante uma comunidade que confiou neles, apenas para serem desiludidos sem qualquer retorno. Com isto quero apenas dizer que, tal como num ano vemos do mais baixo que existe, também conseguimos ver luz numa indústria que tem pecado cada vez mais pela repetitividade, ao invés da originalidade.

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É verdade que exista quem se aproveite dos indies, mas também existe quem aproveite ao máximo o que um indie representa, que é a liberdade. É aqui que destacamos um bom de um mau indie, e é aqui que encontramos um lote com Minecraft, Celeste, GRIS, Dead Cells, Undertale, The Messenger, The Binding of Isaac, Shovel Knight, This War of Mine ou Super Meat Boy, a lista prolonga-se, mas estaria aqui bastante tempo felizmente.

Gris já está disponível para a Nintendo Switch e na Steam para PC e Mac.

CONCLUSÃO
Único
9.3
gris-analiseTerminar um videojogo já é por si uma tarefa bastante meritória, terminar GRIS é vencer uma jornada contra o medo e a solidão. Quero destacar a tarefa hercúlea que a Nomada Studio decidiu enfrentar, ao optar pelo belo ao invés do lucrativo, um grande bem-haja a esta equipa e que nos tragam muitos mais títulos desta qualidade.