Se te apetece uma boa série passada em ambiente de tribunal, quer seja de acção e altos riscos, ou algo mais académico sobre o mundo da advocacia, então estás no sítio certo!
Elaborei uma lista dos melhores kdramas de carácter legal da Netflix para passares uma óptima tarde (ou semana) na companhia das mentes mais brilhantes e dos casos mais insólitos de te deixar colado ao ecrã.
Sem mais demoras, aqui ficam os títulos, perfeitos para qualquer amante ou mero curioso do mundo jurídico:
Woo, Uma Advogada Extraordinária
Woo, Uma Advogada Extraordinária segue Woo Young-woo (Park Eun-bin), uma advogada brilhante com autismo, que navega pelos desafios do sistema jurídico sul-coreano enquanto enfrenta preconceitos e estereótipos. A sua memória fotográfica e pensamento único ajudam-na a resolver casos complexos de maneiras inesperadas.
Este kdrama foi muito aclamada pela sua representação sensível e humanizada de uma profissional com autismo. A performance de Park Eun-bin e a forma como a série aborda questões sociais relevantes tornam este título extremamente comovente e empático, por isso, prepara os lenços de papel para cada episódio! As personagens e as suas interações vão deixar-te de coração derretido.
Os casos que Young-woo e os seus colegas aceitam são bem elaborados e intrigantes, sem ser fantasiosos, mas são simples e mundanos. Gostaria de ter visto um pouco mais de complexidade.
Também notei alguma romantização da profissão jurídica e da própria condição de autismo, tornando a série algo idealista. Compreendo que talvez quisessem manter um tom positivo, mas preferia que tivessem colocado mais obstáculos no caminho de Woo e que ela tivesse mais dificuldade em ultrapassá-los, o que enfatizaria a necessidade de inclusão e igualdade no sistema jurídico (e muitos outros).
Mas, para além disso, gostei bastante de Woo, Uma Advogada Extraordinária e achei todos os prémios e nomeações muito bem merecidos!
Law School
Law School segue a vida de estudantes e professores da prestigiada Faculdade de Direito da Universidade Hankuk. Quando um professor é encontrado morto, todos se tornam suspeitos, e o drama desenrola-se enquanto os personagens tentam desvendar o mistério, enfrentando dilemas éticos e legais ao longo do caminho.
Este kdrama conta com um enredo intrigante e personagens bem desenvolvidos, mantendo o espectador na ponta do sofá com as suas reviravoltas inesperadas e uma representação realista dos desafios enfrentados no mundo jurídico.
Apesar de ter um ritmo inicial um pouco lento, Law School facilmente me encantou com o seu elenco fantástico e a sua visão autêntica dos desafios enfrentados por profissionais e estudantes na Coreia do Sul, tanto no que toca a procedimentos legais como à vida académica dos estudantes de direito. Se já passaste pelo ensino universitário, e especialmente tirando um curso competitivo, com certeza te reverás em muitas das noites passadas em claro a estudar de Kang Sol A, Kang Sol B, Joon Hwi, Ye-seul e Ji-ho. Os professores, apaixonados pelo seu trabalho e sempre do lado dos seus alunos, são, também, uma importante fatia deste kdrama.
A terminologia jurídica bastante densa poderá levar algum tempo a te habituares, e o facto de a série não ter sido renovada para uma segunda temporada (até agora), apesar do grande potencial que tinha, são dois pontos a ter em conta antes de a começares.
Juvenile Justice
Juvenile Justice aborda o delicado tema da delinquência juvenil na Coreia do Sul. A juíza Shim Eun-seok (Kim Hye-soo), conhecida pelo seu desprezo por jovens criminosos, é designada para um tribunal juvenil e enfrenta dilemas éticos e emocionais enquanto lida com casos complexos que expõem as falhas do sistema.
Voltamos a contar com Kim Hye-soo (Hyena) em mais uma série jurídica, desta vez num papel bastante diferente, mas não menos fantástico! Também Lee Jung-eun (Law School) marca presença numa performance de destaque, e ambas complementam um elenco de excelência.
A série aborda temas como negligência parental, bullying e a luta pela reforma do sistema juvenil de forma corajosa e sem papas na língua que te deixarão assoberbado de emoções fortes. De facto, apesar de ter apenas ter 10 episódios, este título poderá ser demasiado forte para os mais sensíveis, tanto em termos de carga emocional como em termos da injustiça que muitos casos espelham, pelo que te deves abster se achares que não consegues lidar com algumas das situações descritas.
No que toca a realismo, Juvenile Justice não se acomede de explorar questões sociais profundas, relevantes e comoventes, e também as limitações legais para punir menores e o foco em reabilitação em vez de punição severa. Claro que dramatiza um pouco para fins de entretenimento, mas não o faz exageradamente ou de forma a retirar da satisfação do espectador.
Hyena
Hyena centra-se em dois advogados de elite, Jung Geum-ja (Kim Hye-soo) e Yoon Hee-jae (Ju Ji-hoon), que trabalham para a classe alta da sociedade. Ambos são ferozmente competitivos e não medem esforços para vencer, utilizando métodos pouco ortodoxos e, por vezes, questionáveis, para alcançar os seus objetivos.
A química explosiva entre os protagonistas deste kdrama não vai deixar ninguém indiferente, e emparelhada com uma narrativa cheia de tensão e intriga, é uma autêntica lufada de ar fresco do género jurídico, com personagens altamente carismáticos e uma abordagem menos convencional do mundo da advocacia.
Hyena foca-se, especialmente, nas zonas cinzentas da ética jurídica, criando dilemas morais extremamente intrigantes mas que, por vezes, são um pouco exagerados e comprometem a credbilidade da série. As tácticas utilizadas pelos protagonistas – chamados de “hienas” – são, definitivamente, questionáveis e pouco realistas se formos explorar a realidade do sistema de justiça sul-coreano (mais regulamentado e ético na prática) mas em nada afectaram a minha satisfação ao ver a série.
É, ainda, de louvar o facto de terem escolhido uma actriz dez anos mais velha que o seu colega masculino, como protagonista e par romântico, algo pouco comum nos títulos coreanos de hoje em dia!
Stranger
Stranger segue Hwang Si-mok (Cho Seung-woo), um procurador insensível e emocionalmente distante, que se junta à detetive Han Yeo-jin (Bae Doona) para resolver um caso de assassinato ligado à corrupção dentro do sistema judicial e corporativo da Coreia do Sul.
Com um roteiro inteligente, atuações marcantes e tensão constante que permeia a narrativa, este kdrama é considerado uma obra-prima do género. Se gostas de te embrenhar em casos de corrupção profunda envoltos numa crítica social perspicaz, com desafios éticos pelo meio, e tão complexos que, por vezes, vais ter dificuldade em segui-los, então Stranger é para ti.
Considerada bastante fiel no que toca a procedimentos legais e na meticulosidade com que eram explorados, acaba por ser um pouco séria demais e complicada para espectadores casuais – mas perfeita para os veteranos!
A química entre os protagonistas e a profundidade das suas personagens é a cereja no topo do bolo, tornando este título num must-watch para qualquer aficionado do género.
Sagrado Divórcio
Shin Sung-han (Cho Seung-woo), um pianista de sucesso que se torna advogado especializado em divórcios, lida com casos emocionais e complexos enquanto navega por sua própria jornada pessoal.
Depois de Stranger, Cho Seung-woo volta a encantar o público neste kdrama que explora casos tocantes e emocionalmente ressonantes, com uma abordagem emocional e humana no que toca a questões familiares e de divórcios. Apesar de alguns casos serem algo cliché e previsíveis, penso que o elenco e a narrativa foram capazes de manter cada episódio
A série apresenta ainda um retrato relativamente autêntico dos desafios legais e emocionais envolvidos nos casos de divórcio na Coreia do Sul, apesar de se focar demasiado nos aspectos emocionais dos casos, em vez dos procedimentos legais detalhados, o que acaba por a tornar acessível ao público em geral (ao contrário de outros títulos mencionados neste guia).
Vincenzo
Vincenzo conta a história de Vincenzo Cassano (Song Joong-ki), um consigliere da máfia italiana que retorna à Coreia do Sul após a morte do seu chefe. Lá, ele envolve-se com a advogada Hong Cha-young (Jeon Yeo-been) e decide enfrentar uma poderosa corporação corrupta, utilizando métodos pouco convencionais e, muitas vezes, violentos.
Com um enredo bastante original e imprevisível, este kdrama conta com um elenco fantástico e cenas que saltitam entre o dramático e a pura comédia, criando um óptimo equilíbrio entre humor e tensão, e tornando uma história algo pesada numa visualização bastante leve – mas não menos emocionante. No entanto, é verdade que o tom é um pouco inconsistente ao longo da série, o que pode desagradar a alguns espectadores.
Vincenzo toma liberdades significativas na representação do sistema jurídico, incorporando elementos de ação e crime que não são típicos dos procedimentos legais reais na Coreia do Sul, pelo que deves manter a mente bastante aberta quando fores mergulhar nesta série!
Não deixes de apreciar as cenas de acção, que são muito bem coreografadas, e as performances verdadeiramente carismáticas de todo o elenco (incluindo as personagens secundárias) que te farão rir e chorar em quantidades iguais. O resto é mais ficção que outra coisa mas, pessoalmente, não me incomodou.