Have a Nice Death, desenvolvido pela Magic Design Studios, é um jogo de plataformas de ação 2D com elementos roguelike. Ultimamente tenho encontrado conforto neste tipo de jogos, dada a sua génese em tentar tornar o jogador melhor, e a sensação de evolução nestes títulos é praticamente ímpar dada a disparidade de técnica e conhecimento com que começamos e acabamos.
Narrativa
A história do jogo é sem dúvida, um dos seus aspetos mais morbidamente encantadores. Encarnamos a Morte, representada como o diretor executivo sobrecarregado de uma empresa de vida após a morte. A narrativa desenrola-se através de interações com personagens e chefes peculiares, cada um acrescentando um sabor distinto à história. A abordagem humorística do conceito de morte e vida após a morte é uma mudança refrescante em relação às típicas representações sombrias, tornando a história do jogo memorável e divertida.
Estes cenários misturam a sátira do local de trabalho com elementos sobrenaturais, e até macabros, trazendo à mesa um enredo caprichoso mas que não deixa de ser cativante.
Jogabilidade
À semelhança dos congéneres, estamos cá todos para o mesmo. Have a Nice Death brilha na sua jogabilidade. O design roguelike garante que nenhuma aventura é igual, sendo que, à velha moda dos roguelikes, encontramos níveis, inimigos e itens gerados de forma aleatória. Esta imprevisibilidade (garanto que não é o facto de morrermos muitas vezes) incentiva à repetição dos jogos e exige-nos pensamento estratégico e adaptabilidade. A movimentação no jogo é suave e reativa, algo que considero crucial para navegarmos pelos níveis. O movimento, embora fluido, requer precisão, sendo essencial para evitarmos armadilhas e perigos.
Encontramos alguns elementos RPG, que permitem a personalização de habilidades e capacidades, acrescentando alguma profundidade à jogabilidade. O equilíbrio entre risco e recompensa encontra-se devidamente ajustado, trazendo não só um modo mais fácil, como um desafio para os que gostam de dominar mecânicas complexas.
O combate é, claro, um dos principais focos , exigindo, à semelhança dos congéneres, habilidade e estratégia. Encontramos um sistema de combate robusto, oferecendo uma gama de armas e habilidades mágicas que podemos conjugar para definir o nosso estilo de jogo. A necessidade de aprender os padrões dos inimigos e de explorar as suas fraquezas acrescenta profundidade ao combate, tornando cada encontro numa experiência de aprendizagem.
Embora a dificuldade do jogo aumente à medida que progredimos, creio que a inicial é demasiado difícil para quem esteja a entrar no mundo dos roguelikes. Existe um modo mais fácil mas depriva a experiência original, e embora a dificuldade seja um ponto crucial dos roguelikes, também deve vir devidamente distribuída.
Mundo
O cenário em Death Incorporated é imaginativo e variado. Viajaremos pelos vários departamentos, cada um com temas e desafios ambientais únicos, desde paisagens geladas a forjas ardentes. Esta diversidade de cenários mantém a exploração fresca e cativante, com cada nova área a introduzir não só novas vertentes na jogabilidade, como também na exploração ambiental.
O principal destaque, e o meu preferido em Have a Nice Death, são os visuais desenhados à mão. O estilo artístico, que conjuga lindamente os elementos caprichosos e macabros, é encantador e adequado ao tema do jogo. O áudio expande a experiência, com efeitos que aumentam a imersão, principalmente em combate. A banda sonora, embora não seja muito elaborada, complementa a atmosfera do jogo com tons divertidos, que aceleram durante o combate.
Breviário
Have a Nice Death oferece uma experiência que se destaca pela narrativa e expressão artística. Não só apela a um género popular, como apresenta uma excelente mistura de ação, estratégia e humor negro. A natureza desafiante dos roguelikes apresenta-se como assustadora para muitos, mas HaND inverte as expectativas e complementa a dificuldade com uma narrativa única e hilariante.