Embora em 2008 saísse Demon’s Souls, apenas em 2011, com Dark Souls, é que a saga atingiu o furor que hoje conhecemos, gerando uma série de sucessores espirituais, sendo um deles o alvo da análise de hoje: Hellpoint.
Um dos grandes problemas dos sucessores da saga Souls é que, por norma, focam-se somente na dificuldade, desvalorizando o que realmente tornou esta saga em algo memorável, uma história que nos força a procurar mais, um mundo repleto de humanidade, inimigos memoráveis, cada um com uma característica que o defina.
São muitos os que procuram este estatuto, mas poucos os que realmente se dão ao trabalho de explorar o misticismo da saga Souls. Hellpoint apresenta-se, então, como um digno candidato, com um mundo que se diferencia em termos de cenário, inimigos criativos e uma atmosfera mórbida.
Chegamos à estação espacial Irid Novo, sendo que a única localização espacial que temos é a que se encontra perto de um buraco negro. À medida que o tempo passa, a estação vai girando, tal como um planeta, causando as Accretion Storms, que servem maioritariamente como respawn dos inimigos. Um conceito deveras original, que tal como outros neste jogo, fica por explicar.
Assumimos uma forma humana, que é imune ao vírus que infectou todos os seres vivos que se encontram na estação espacial. Somos, então, incumbidos pelo nosso criador (um computador) de descobrir o que se passou, sendo que teremos de procurar activamente pelo que realmente existe da história, dado que a informação não abunda.
Denota-se que a Tinybuild se esforça por seguir a linha espiritual, mas por outro, afasta-se de tal forma que estamos constantemente perdidos. A falta de rumo não se encontra no design dos níveis, mas sim na percepção de quem somos, e os motivos de fazermos o que fazemos. Hellpoint é uma constante procura pelo conhecimento que nunca nos é dado.
A exploração é chave aqui, onde podemos encontrar estações para melhorar tanto as armas como os nossos itens regenerativos. Irão encontrar bastante loot, como armaduras, armas, Axioms (souls), ou itens que irão servir para upgrade do Omnicube. O Omnicube desempenha várias funções, como teletransporte para a última breach (que são os checkpoints do jogo), ou para activar luzes.
Temos ainda um modo cooperativo multijogador, que funciona impecavelmente bem. Quando joguei com o Diogo Lopes, apenas me bastou copiar o código que a sessão dele gerou e instantaneamente estava no mundo dele, prontos a jogar. Nesta vertente, a Tinybuild acertou em cheio.
Podemos não encontrar uma quantidade absurda de informação, mas o combate e a jogabilidade são bastante viciantes, com ênfase em ação rápida e eficaz, tanto do nosso lado como no lado adversário.
Isto leva-nos aos bosses, que conseguem ser tanto brutais como desilusões. Estes existem apenas por existir; não falam, não nos dão indicações do que fazer a seguir, não há drops, são apenas um inimigo com mais vida do que o normal. Não obstante, o design e o moveset de cada um é captivante o suficiente para as batalhas serem divertidas.
É na vertente artística que o orçamento do jogo acaba por se notar, com os gráficos a serem medianos, e o som acabar por desiludir, falhando em criar uma sensação de imersão. Os corredores são quase todos iguais e as áreas acabam por parecer um enorme déjà vu. Hellpoint tem um bom desempenho no geral, tendo sido testado num i3 8350k e uma GTX 1660 SUPER, atingi facilmente os 60 fps mesmo em 4K, pelo que não terão problemas em correr este jogo, independentemente do vosso computador.
