Desenvolvido pela Amplitude e publicado pela SEGA, Humankind apresenta-nos uma versão refinada do género histórico que teve o seu apogeu com gigantes como Civilization e Age of Empires. Apesar da sua forte e inegável inspiração nestes clássicos, a Amplitude não se limita ao copy-paste e procura abrir caminho para a inovação, trazendo-nos um regalo refrescante para os olhos. Comprimindo 6 Eras de glória da história da Humanidade, desde a Era do Nomadismo à Revolução Industrial, o jogo desafia-te a conquistares território e a tornares-te num líder mundial transversal a todos os tempos.
Humankind aposta sobretudo num design mais ao estilo de um jogo de tabuleiro, e isso sente-se perfeitamente na sua jogabilidade. Aqui cada jogador terá o seu respectivo turno para fazer todas as acções que bem desejar, enquanto os restantes líderes aguardam a sua vez, e neste ponto, provavelmente vais ter preferência por jogar em single-player, embora seja possível jogares com até 8 jogadores online. Digo isto, especialmente se fores como eu, daqueles jogadores mais casuais neste género que quando pegam nestes jogos gostam de dedicar um dia inteiro a uma boa sessão, mas de não ficar muito tempo só a olhar.
Humankind dá-te a escolher uma entre 10 civilizações por cada Era, totalizando 60 civilizações à tua disposição para comandares. Cada civilização tem as suas especialidades, sendo umas mais focadas na expansão do teu território, outras na guerra, outras no desenvolvimento cientifico, e por aí adiante. As mesmas trazem-te novidades não só a nível de exército com novos guerreiros que podes treinar, mas também instalações que poderás implementar nas tuas cidades.
Dentro destas cidades podes desenvolver diversos tipos de instalações e produzir o teu exército. Nomeadamente em termos de infra-estruturas, cada uma terá o seu foco, na medida em que umas produzem ou recursos industriais, científicos, monetários ou alimentares, mas também outras poderão incrementar a tua influência, estabilidade e religião. No entanto, é de destacar a óbvia importância da estabilidade mas também do nível da tua influência, que não só irá desbloquear o progresso das tuas cidades, para que possas criar ainda mias, como também será medida a sua evolução ao longo de toda a sessão de jogo e será decisiva para atribuir a vitória da partida. Claro é, que não te podes focar de todo numa destas em específico, pois a comida, o dinheiro e a industria é sobretudo o que te permite expandir o teu povo e consequentemente território, e melhores e diferentes instalações.
Personaliza o teu próprio avatar à imagem do líder que te queres tornar, desde o aspecto físico à sua personalidade, e traça a tua estratégia para te guiares através das diversas eras da humanidade. Tanto podes ser um líder mais diplomático e benevolente, como um verdadeiro tirano, no que toca às negociações com os outros líderes em jogo. Aqui é possível propor alianças onde propões trocas comerciais, abertura de fronteiras, partilha de conhecimento e território, mas também é possível fazeres declarações de guerra ou exigências perante transgressões dos impérios co-habitantes.
Devo dizer que nas primeiras sessões que tive com Humankind, procurei sempre o caminho mais diplomático e pacífico, em prol do desenvolvimento cultural e do conhecimento. No entanto reconheço que há uma fase no jogo em que por mais que a minha popularidade estivesse no topo da tabela, e muito boas fossem as minhas relações diplomáticas com os restantes líderes, tudo descambava do dia para a noite, como se o jogo me estivesse a forçar neste certo ponto a optar por uma via mais sanguinária. Os outros líderes de repente pararam de colaborar e mostraram-se completamente descontentes e vingativos por tudo e por nada, e tudo o que tão arduamente tínhamos construído juntos se desmoronara. Experimentei várias vezes ultrapassar esta fase do jogo sem partir para a Guerra, sendo que o jogo ia de vento em popa até esse momento, mas sessão após sessão, era sempre instigada a recorrer ao armamento para evitar perder a partida. Podíamos simplesmente chegar à Idade da Revolução Industrial e terminarmos o jogo sem grandes problemas, mas tal nunca me foi possível.
Já nas minhas últimas sessões optei mesmo por desenvolver um exército forte e sedento por sangue tão cedo quanto o possível, e aí impus-me mesmo contra todos os outros líderes, chegando estes mesmo a temer a personagem que criei, totalmente submissos. Parece que o jogo tem uma certa tendência para favorecer as decisões violentas. O resultado está à vista:
Deixando um pouco agora os povos de parte, a cada turno vais fomentar uma pesquisa por algum conhecimento que tanto a inicio pode ser por exemplo algo tão básico como o desenvolvimento de montadas, para domesticares animais, como um calendário anual. Já mais para o fim do jogo, as pesquisas levam-te ao desenvolvimento de caminhos de ferro e comboios, hangares e aviões, etc… No fundo são vários marcos tecnológicos da história da Humanidade que te permitem desbloquear ainda mais instalações para as tuas cidades e melhoramentos que influenciarão o teu exercito.
Noutro campo a meio dos turnos também serás chamado para intervires em algumas situações onde tens de tomar uma decisão entre diversas escolhas que te são apresentadas. Nomeadamente estas escolhas ajudam a definir o teu perfil como líder, se és mais opressor ou liberal, se és mais a favor da religião ou da ciência, etc… Achei estas situações particularmente interessantes, porque vêm sempre com um pouco de história por traz. Alguém que chega ao teu território oriundo de algures, ou um tesouro encontrado, ou uma rebelião algures.. Faz este mundo sentir-se ainda mais vivo!
Se há algo que te aconselho é no entanto a minimizares logo à partida uns certos alertas que aparecem no canto inferior direito sempre que um cidadão nasce ou morre, entre outras ocorrências que ofuscam muito o UI e tornam a experiência um pouco confusa, irrelevante e francamente aborrece andar a fechar todas estas janelas para ver e clicar decentemente no mapa. Por mais que tenham tentado se comedir e minimizar o lixo visual, até porque há imensos parâmetros que podes ler e ir vigiando a cada turno, as janelas e os avisos chegam a saturar um pouco o jogador, mas felizmente tens como os minimizar.
Em termos de arte visual, o mapa é visualmente belo e limpo , com tons suaves assim como os do UI, deixando espaço para as algo mais caprichadas restantes ilustrações, quer dos povos, edifícios e etc…
Sonoramente sentimos que partilhamos esta aventura com um narrador que é bastante activo e sempre quebra um pouco qualquer monotonia, mas sim, ao fim e ao cabo também vais começar a ignorá-lo pois ele não tem nada de muito interessante para te dizer.
Humankind já está disponível na Steam e Google Stadia para PC.